(21) ALTO-FALANTES DE FONES
Alto-falantes e fones de ouvido do tipo magnético podem ter dois tipos de problemas, conforme já vimos. Os de natureza mecânica (já analisados) e os de natureza elétrica. Na figura abaixo temos o aspecto desses componentes.
Os problemas de natureza elétrica incluem a interrupção da bobina ou a interrupção dos fios de conexão.
Teste:
Os testes seguintes não se aplicam a fones do tipo piezoelétrico (cristal ou cerâmicos), mas tão somente aos de bobina móvel ou magnéticos (dinâmicos) com impedâncias entre 3 e 200 ohms.
a) Conecte por um instante uma pilha nos terminais do alto-falante usando um pedaço de fio para esta finalidade. Deve haver a produção de um estalido se houver continuidade e o alto-falante estiver bom. A ausência de continuidade indica problemas da própria bobina ou fios de conexão.
b) Meça a continuidade da bobina - deve haver continuidade num alto-falante bom.
c) Aplique o sinal da saída de um amplificador que tenha potência menor que a do alto-falante a ser testado. Deve haver a reprodução do som.
Para o caso de fios soltos nos terminais a sua soldagem resolve o problema de funcionamento.
Ao substituir um alto-falante num aparelho que o tenha ruim, devem ser sempre observados os seguintes pontos:
a) Tamanho e função - o tamanho deve ser de acordo com o espaço disponível na caixa e a função deve ser a mesma que o original. Se for um tweeter devemos usar um tweeter (alto-falante de agudos), por exemplo. Se for um woofer, devemos empregar um alto-falante do mesmo tipo.
b) Impedância - deve ser a mesma que o alto-falante original (4, 8 ohms, etc.).
c) Potência - que deve ser igual ou maior que a do alto-falante original. Na falta de indicação o alto-falante deve ter uma potência compatível com a do canal do amplificador em que ele vai ser usado. Por exemplo, use 15 ou 20 W se o amplificador for de 10 W – deve ser dada uma margem de segurança. Veja também que as especificações (rms e pmpo) devem ser as usadas como referência.
d) No momento da instalação deve ser observada a polarização, ou seja, a marcação (+) ou (-) ou ainda a pinta vermelha dos terminais, principalmente se o sistema for estéreo, para que a reprodução ocorra em fase.
e) No caso de tweeters, verifique também os capacitores do divisor de frequência que podem ser a causa de sua queima. Eles podem estar em curto.
f) No caso de fones, em alguns tipos as cápsulas podem ser substituídas quando queimam. Na verdade, os fones modernos têm um custo tão baixo que, na maioria dos casos, não compensa tentar fazer sua reparação. Compra-se um novo.
(22) JAQUES
Os jaques são usados para conectar microfones, fones e diversos outros dispositivos externos em amplificadores, computadores, rádios, walkmans, etc.
Observe pela figura 46 que existem diversos tipos de jaques e que eles podem ter dois ou três terminais onde são soldados os fios. A posição de soldagem dos fios num jaque é muito importante pois se houver inversão ou troca podem ocorrer problemas graves de funcionamento como:
* Não funcionamento do aparelho
* Entrada em curto de elementos de saída do circuito que acabar por queimar
* Mistura de canais em equipamentos de som
* Perda de potência
* Captação de zumbidos ou ruídos
Os três tipos de jaques, que sempre devem ser substituídos por equivalentes caso ocorram falhas, são:
a) Jaques comuns ou P2 para fones ou microfones monofônicos encontrados em rádios, gravadores, amplificadores, etc. e que possuem dois fios de ligação.
b) Jaque tipo "circuito fechado" - este jaque desliga automaticamente o alto-falante quando o fone de ouvido é conectado - no exemplo temos um jaque monofônico.
c) Jaque estéreo P2 com 3 fios de ligação e que é usado com fones estéreo ou ainda com pequenas caixas de som remotas.
d) Jaque RCA usado com microfones ou para a entrada de sinais de outras fontes como pré-amplificadores, captadores de violão e guitarra, sintetizadores, etc.
e) Jaques de microfone monofônico grande - usado em amplificadores e equipamentos de som profissional (mesas de mixagem, instrumentos musicais, etc.).
f) Jaque de microfone estéreo grande também usado em amplificadores e equipamentos de som profissional - alguns amplificadores usam este tipo de jaque para a saída de fones de ouvido.
Como os defeitos dos jaques são normalmente devido aos contatos que podem sujar, oxidar ou ainda quebrar a inspeção é feita visualmente.
A prova de contato pode ser feita da seguinte maneira:
Prova:
Pegue o fone de ouvido, microfone ou outro dispositivo que usa o jaque e conecte ao jaque, se de baixa impedância, e meça depois sua continuidade pelos terminais do jaque.
O aparelho deve estar desligado para este tipo de prova. A continuidade medida deve ser a esperada para o fone ou microfone usado.
Veja que estes dispositivos são normalmente de baixa impedância e que a resistência medida nada tem a ver com a impedância em ohms. A resistência medida é sempre um valor bem mais baixo do que a impedância.
Em alguns casos a reparação pode ser feita com a simples recolocação em posição das lâminas que tendem a ceder com o uso deixando de fazer um contacto perfeito com o plugue.
Ao trocar um jaque ‚ sempre importante anotar a posição dos fios para que eles sejam religados corretamente.
(23) PLUGUES
Os plugues fazem a conexão de aparelhos ou dispositivos externos (fones, pré-amplificadores, microfones, etc.) a outros aparelhos ou dispositivos externos.
Existem diversos tipos de plugues, de acordo com os jaques (ver jaques). Os fios usados com os plugues podem ser blindados ou não dependendo dos sinais com que se trabalha.
Os problemas principais são as interrupções dos fios, escape dos terminais ou ainda quebra dos terminais.
Estes problemas, em geral, podem ser encontrados facilmente pela simples observação ou ainda através de provas de continuidade.
Observe que os cabos com malhas que servem de blindagem, exigem um certo cuidado na conexão aos jaques. A malha não deve encostar no cabo central que será soldado no terminal correspondente.
O mesmo é válido para os cabos estéreo que possuem dois condutores internos.
Na substituição é muito importante marcar o ponto de soldagem de cada fio, pois se houver trocas ou inversões, diversos tipos problemas podem ocorrer, como no caso dos jaques.
(24) CONECTORES DE ANTENA, TV A CABO E DE VÍDEO
Aparelhos de TV, videocassete, videogames, computadores são dotados de conectores especiais para operarem tanto com sinais de áudio como de vídeo e mesmo sinais digitais.
Estes conectores são bastante delicados e às vezes o uso de um tipo incorreto pode causar problemas de imagem ou qualidade geral de funcionamento de um aparelho. Nos aparelhos de vídeo, por exemplo, perdas causadas por conectores de má qualidade ou impróprios, ou ainda a colocação incorreta do cabo pode determinar a perda de contraste das imagens, aparecimento de fantasmas (reflexões ou imagens duplas) e até mesmo a reprodução deficiente de cores.
Na figura anterior mostramos alguns desses conectores com o modo de se fazer a ligação dos cabos. Observe que os tipos dourados ou prateados são os melhores para os sinais de vídeo dada a baixa resistência que apresentam no contato e a melhor resposta às altas frequências.
Os problemas que estes conectores podem apresentar são principalmente os relativos ao escape dos fios, deformações que afetem os contatos ou ainda curtos quando o cabo externo (malha) tem fiapos que encostam onde não devem, como por exemplo, no próprio condutor interno.
(25) TECLADOS
Calculadoras, computadores, controles remotos, instrumentos musicais são dotados de teclados que também podem ser fonte de problemas para o funcionamento de um aparelho.
Diversos são os tipos de contatos usados nas teclas dos teclados mais comuns, conforme mostra a própria figura acima.
(a) Lâminas de metal - estas lâminas podem deformar, acumular sujeira ou ainda oxidar. Quando isso ocorre temos problemas de contato com a falha de teclas ou comandos. Uma limpeza com um solvente apropriado, lixa fina ou ainda um estilete pode ser feita, tomando-se o máximo cuidado na desmontagem, pois existem molas que podem saltar e perder-se, e também para que não ocorram deformações.
(b) Esponja Condutora - este é um tipo de contato muito comum em controles remotos, calculadoras e alguns brinquedos, além de computadores. Uma esponja é pressionada de modo a fazer contato com duas regiões cobreadas, separadas por uma placa de circuito impresso. A corrente pode então passar "ligando" a função correspondente.
A sujeira acumulada na placa de contato pode afetar o contato assim como a entrada de líquidos. A limpeza da região com um cotonete com um bom solvente é uma solução. Cuidado ao desmontar o teclado pois as teclas são apenas encaixadas podendo cair durante esta operação. Use álcool ou benzina ou outro solvente comum para a limpeza.
(c) Toque - neste caso é a própria resistência da pele que aciona o circuito - a sujeira acumulada também pode afetar a passagem da corrente e a limpeza com um bom solvente (álcool, por exemplo) é a solução.
Os teclados podem ser ligados ao aparelho através de fitas ou cabos flexíveis. O movimento constante destes cabos ou fitas pode causar a interrupção de condutores internos. Quando isso ocorre o funcionamento do circuito pode ser afetado.
Para identificar se o problema é de cabo, da tecla ou de outros elementos do circuito, pois às vezes é o próprio circuito que está com a função inoperante, fazemos provas de continuidade.
Identificamos a tecla (ou teclas) que não respondem e fazemos uma prova de continuidade do ponto em que a tecla está ligada até a entrada do circuito, normalmente na placa de circuito impresso principal.
Se a tecla for de esponja ou lâmina podemos aproveitar e também fazer a prova de continuidade.
Em alguns aparelhos, se apenas um fio estiver interrompido e houver espaço, podemos simplesmente desativá-lo e colocar um fio único "por fora" de modo a oferecer um novo percurso para o sinal. Se muitos fios estiverem com problemas, devemos fazer a substituição total do cabo.
(26) PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO
As placas de circuito impresso possuem duas funções: sustentar os principais componentes em posição de funcionamento e oferecer, através de trilhas de cobre, as ligações elétricas entre esses componentes.
Os principais problemas que podem ocorrer com uma placa de circuito impresso são os seguintes:
a) Rompimento de trilhas - tombos, esforços ou batidas podem causar o rompimento de trilhas da placa de circuito impresso. Estes rompimentos podem ser observados visualmente, ou então com provas de continuidade. Faça provas em trilhas longas sempre tocando com as pontas de prova nas "ilhas" onde a trilha não é protegida com substâncias isolantes (camada de verniz, normalmente verde) que impedem a passagem da corrente.
O aparelho em teste deve estar desligado. Encontrando uma interrupção a reparação é feita colocando-se uma "ponte" que consiste em um pedacinho de fio soldado no local (ver figura). Para fazer esta ponte raspe bem o local para remover o verniz isolante, antes de fazer a soldagem.
b) Pontes - um defeito que pode afetar o funcionamento de um aparelho é a presença de fiapos condutores (esponja de aço - bombril, por exemplo) curtocircuitando trilhas ou mesmo um espalhamento
indevido de solda. Isso pode ser detectado visualmente ou ainda por
meio de provas de continuidade. Elimine a "ponte" com o soldador (se for de solda) ou ainda com uma escova ou lâmina afiada.
c) Maus contatos - os componentes que não estejam bem soldados também podem causar problemas que geralmente são de funcionamento intermitente. O terminal do componente fica solto e não faz contato elétrico com a placa. Refaça sua soldagem. Esta é a solução para o problema. Raspe eventualmente o terminal antes de refazer a soldagem, pois a causa também pode ser a não aderência da solda.
d) Maus contatos em conectores - veja conectores - item (16).
e) Corrosão - o ataque das substâncias de pilhas, sal, etc. pode causar o rompimento de trilhas. Podemos tentar corrigir o problema em questão com "pontes" feitas de fios, usando para isso o mesmo procedimento descrito no item (a).
Observamos que existem placas de circuito impresso que possuem trilhas de cobre de um lado só (face simples) e dos dois lados (dupla face). O leitor deve estar atento a isso.
Existem também placas de múltiplas faces como em computadores, em que as trilhas podem estar em sanduíches entre duas lâminas isolantes de fibra. Se uma dessas trilhas se romper não temos acesso possível para reparação. A placa deve ser trocada.
(27) BOBINAS
São componentes formados por determinado número de voltas de fios esmaltados com forma, sem forma ou ainda com um núcleo de ferro ou ferrite. Na figura seguinte temos alguns tipos de bobinas encontradas em aparelhos eletrônicos comuns.
As bobinas são componentes, mas em diversos outros tipos de componentes existem também bobinas internas que não podemos ver como, por exemplo, nos fones de ouvido, alto-falantes, relés, solenóides, motores, etc.
Desta forma, a prova de uma bobina como componente isolado também é válida para estes componentes que tem por base uma bobina.
As bobinas podem apresentar os seguintes tipos de problemas:
a) Interrupção do fio do enrolamento que normalmente não é visível dependendo do tipo. Se a interrupção for superficial podemos localizá-la com alguma facilidade e a emenda com solda se torna possível, com a recuperação do componente. Devemos raspar a capa de esmalte que recobre o fio antes de fazer sua emenda por soldagem.
b) Curto-circuito quando as espiras de uma mesma bobina perdem seu isolamento e encostam uma na outra. Observe que, mesmo parecendo de fio descascado, os fios das bobinas são cobertos por uma fina camada de esmalte isolante. Dependendo do tipo de bobina a entrada em curto pode ser acompanhada de sua queima, o que será caracterizado pelo cheiro forte do componente e o enegrecimento dos fios.
c) Problemas mecânicos - se as espiras de uma bobina escaparem da forma ou ainda formarem laços indevidos, isso pode alterar suas características elétricas, ou seja, a indutância, e com isso o funcionamento do aparelho em que se encontram. A recolocação no lugar e fixação com cola pode resolver o problema em alguns casos.
PROVA
a) Continuidade - uma bobina boa deve apresentar continuidade com uma resistência que pode variar tipicamente entre 0 e 5 000 ohms para os componentes mais comuns. A falta de continuidade (resistência infinita ou muito alta) indica a interrupção do enrolamento. A prova de continuidade não revela a presença de espiras em curto.
b) Medida de indutância - para esta prova que revela também eventuais curtos é preciso contar com um medidor de indutâncias. Alguns instrumentos deste tipo digitais podem ser encontrados a preço razoável.
Especificações:
As bobinas são especificadas pela sua indutância em microhenry (uH), milihenry (mH) e henry (H). Na substituição de um tipo em que haja esta indicação, deve ser usada uma bobina com a mesma indutância.
Também ser observado se a bobina tem ou não um núcleo ajustável.
(28) CURTO-CIRCUITO
Dizemos que há um curto-circuito quando a corrente de uma fonte de energia ou de um circuito encontra um percurso de muito baixa resistência para sua circulação e assim sua intensidade se eleva de tal forma que ocorrem danos devidos ao desenvolvimento excessivo de calor como, por exemplo, queima de componentes, etc.
Os tipos mais comuns de curto-circuitos são os que ocorrem nos cabos de alimentação (plugues para a rede e suporte de pilhas ou ainda conectores de baterias) quando o fio positivo encosta no negativo em algum ponto.
Nestas condições ‚ produzido um forte aquecimento que acaba por romper o fusível ou derreter os isolamentos dos fios. Analisemos os casos com sintomas:
a) Curtos em pilhas e baterias - existem curtos num aparelho alimentado por pilhas ou baterias quando a sua colocação num aparelho faz com que eles se esgotem rapidamente e até apresentem sinais de aquecimento. Analise o circuito verificando se os fios que levam a energia do suporte ao aparelho ou então das pilhas ou bateria não estão encostando uns nos outros ou em partes metálicas do aparelho. Verifique se o isolamento dos fios não escapou de sua posição normal ou se não existem cortes ou pontos descascados dos fios. Refaça os isolamentos.
b) Aparelhos alimentados pela rede - um cabo com sinais de aquecimento ou mesmo queima são indicativos de que existem curtos. O curto-circuito pode ser no cabo. Com o interruptor geral desligado e o plugue fora da tomada meça a continuidade entre os dois pinos. Deve haver alta resistência ou falta de continuidade. Se assim for o cabo está bom e eventualmente o curto-circuito‚ no aparelho.
Se a continuidade existir (baixa resistência) então o problema é no cabo ou no plugue. Examine o plugue. Se estiver bom então troque o cabo. A continuidade deve existir quando o interruptor geral é acionado (ligado).
c) Se o cabo estiver bom, mas o fusível queimar tão logo o coloquemos no aparelho ou houver sinais de superaquecimento quando fizermos a conexão à tomada então pode haver curto-circuito no próprio aparelho. Devemos fazer uma análise interna. Desligue-o imediatamente se constatar este problema.
d) Curtos em cabos de microfones, alto-falantes e outros também podem ocorrer. No caso dos microfones teremos interrupções do som quando movimentamos os fios. A prova de continuidade somente no cabo deve ser feita. Se a resistência cair quando mexermos no cabo ou na prova então existem curtos.
Nos fios dos alto-falantes ou caixas de som, o curto-circuito (quando um fio encosta no outro) pode sobrecarregar o circuito de saída do amplificador com a queima de componentes ou do fusível de proteção.
Se o fusível queimar com frequência e a impedância dos alto-falantes estiver correta, verifique os fios de ligação. Um curto que pode ocorrer em conexões de alto-falantes e mesmo de outros tipos é o causado pelos fiapos de fios múltiplos (cabinhos) que encostam uns nos outros conforme mostra a figura abaixo.
e) Se o curto for dentro de uma tomada do tipo removível, então podemos simplesmente refazer a ligação do cabo no ponto em que o problema ocorre. Veja que o curto tende a gerar muito calor e com isso causar a queima ou deformação de fios e contatos. Verifique se os danos permitem o reaproveitamento das peças antes de refazer as ligações. Pode ser necessário fazer a troca da peça.
Para ligações ou emendas é sempre conveniente usar conectores. Se tiver de fazer a emenda simples é importante que ela seja perfeita e isolada com fita apropriada.
Um fio que encosta num chassi de metal pode, por exemplo, provocar curto-circuitos de gravidade que depende do aparelho considerado e da corrente circulante. Os fusíveis protegem contra curtos, mas nem sempre podem atuar quando o curto for antes deles.
(29) MOTORES
Pequenos motores de corrente contínua são usados em diversos aparelhos eletrônicos tais como toca-fitas, toca-discos, brinquedos e muitos outros.
Esses motores são formados basicamente por uma bobina que recebe energia elétrica através de contatos móveis. Os motores são especificados para operar tipicamente com tensões entre 3 e 12 volts e muitos são dotados de circuitos eletrônicos reguladores de velocidade.
Os problemas principais que podem ocorrer com os motores de corrente contínua são os seguintes:
a) Problemas de natureza mecânica, que envolvem o travamento das partes móveis ou ainda sua queima. Estes problemas nem sempre podem ser resolvidos com facilidade. Às vezes, um pouco de óleo nas partes móveis pode ajudar a resolver o problema se o travamento for por ferrugem ou falta de uso.
b) Interrupção da bobina - um teste de continuidade revelar se o problema é este ou não. As bobinas dos motores devem apresentar baixa resistência, ou seja, continuidade. Uma bobina aberta dificilmente pode ser reparada, no entanto se o problema for dos contatos móveis ou uma interrupção externa ele pode ser resolvido.
c) Contatos com escovas gastas - às vezes a limpeza, ajuste ou ainda a troca das escovas (quando possível) que não encostam nos contatos móveis pode resolver um problema de funcionamento.
d) Bobina queimada - neste caso, as espiras estarão em curto e o fio esmaltado enegrecido com forte cheiro. A recuperação do motor é muito difícil.
Na substituição de um motor devemos observar o tipo, corrente (dada pelo tamanho do motor em muitos casos) e a tensão de funcionamento (dada em volts).
Veja, entretanto que trocar um motor é algo problemático em muitos casos, pois existem os que dificilmente podem ser obtidos no mercado especializado e a custo que não compensa. Dependendo do aparelho em que ocorre a queima de um motor, se não houver possibilidade de reparo, e melhor comprar um aparelho novo. A consulta a fornecedores (Internet) ou oficinas autorizadas pode ajudar a obter um motor do mesmo tipo.
TESTE
a) Meça a continuidade inicialmente nos terminais externos. Se houver continuidade e o motor não girar, então o problema pode ser de natureza mecânica ou ainda curto-circuito nas espiras.
b) Se não houver continuidade, abra com cuidado o motor e verifique as lâminas dos contatos móveis fazendo eventuais ajustes e limpeza. Verifique se não existem fios soltos que podem ser ressoldados. Se a interrupção for interna (na bobina) o motor dificilmente poder ser recuperado.
c) Excesso de consumo de pilhas - podem ser causados por curtos ou ainda pelo próprio tipo de aplicação que exige muita energia.
d) teste dinâmico: ligando um conjunto de pilhas ou fonte que forneça a tensão nominal do motor ele deve girar. Este teste deve ser feito com o motor fora do aparelho, caracterizando que talvez o problema seja do regulador de tensão ou de outros componentes associados à alimentação do motor.
(30) TRANSFORMADORES
Existem muitos tipos de transformadores, que são encontrados em todos os tipos de aparelhos eletrônicos. Transformadores também podem apresentar problemas de diversos tipos.
Um transformador é formado por dois ou mais enrolamentos ou bobinas de fios esmaltados de espessuras variáveis e que são (ou não) isolados entre si. Os enrolamentos podem ser feitos sobre uma forma com um núcleo de ferro comum laminado ou ainda ferrite, conforme mostra a figura abaixo.
Os principais problemas que podem ocorrer com um transformador são os seguintes:
a) Interrupção de um dos enrolamentos causada por corrosão, sobrecarga, curto-circuito ou outro motivo.
b) Queima, causada por sobrecarga ou curto-circuito.
c) Perda de isolamento dos enrolamentos que passam a ter contato entre si ou com a carcaça do componente causada por penetração de umidade, corpos estranhos ou outro motivo.
d) Vibração excessiva causada pelo escape das lâminas ou partes do núcleo.
Testes:
Os testes dados a seguir são válidos para transformadores comuns de fontes de alimentação, saída, drivers de áudio, moduladores, etc. Não são válidos para alguns tipos de autotransformadores.
a - Continuidade dos enrolamentos - os enrolamentos de um transformador devem apresentar baixa resistência quando bons - deve haver uma continuidade na prova de cada enrolamento. A falta de continuidade indica um enrolamento interrompido. Se a interrupção for logo no início do enrolamento e é visível podemos fazer a reparação pela emenda por solda.
Também pode ocorrer que a extremidade do fio do enrolamento escapa do fio terminal caso em que o problema pode ser facilmente resolvido com uma soldagem. Esta prova não revela quando o enrolamento está em curto. Sabemos que houve curto-circuito quando o transformador se encontra enegrecido ou com sinais de forte aquecimento (cheiro forte). Neste caso ele deve ser substituído.
Transformadores de custo elevado como os de fontes de alimentação de amplificadores potentes (acima de 100 watts) podem ser recuperados em casas especializadas. No entanto, estas casas são cada vez mais difíceis de serem encontradas, preferindo-se a troca do componente que pode até sair mais barato. Se o leitor tiver a sorte de saber de alguém que enrola transformadores na sua localidade a solução pode ser esta. Também sugerimos consultar casas especializadas que anunciam na Internet.
b - Teste de isolamento - entre os terminais de um enrolamento e de outro de um transformador não deve haver continuidade - a resistência deve ser muito alta, exceto nos chamados autotransformadores que possuem enrolamentos comuns para o primário e secundário.
Se for notada certa continuidade entre os dois enrolamentos isso pode ser sinal de curto ou fugas causadas por umidade ou penetração de substâncias estranhas. Admite-se uma resistência de até 100 k ohms nesta prova. Abaixo disso é sinal de problema.
c) Teste de isolamento da carcaça - a carcaça de metal dos transformadores não deve apresentar continuidade com qualquer um dos terminais dos enrolamentos. Se houver continuidade isso pode indicar a ocorrência de um curto-circuito perigoso. Uma resistência na faixa de 50 k ohms a 500 k ohms indica problemas de fugas, que podem ser perigosas dependendo da aplicação dada ao componente.
d) Teste dinâmico I - consiste em se verificar se existe tensão no enrolamento secundário de um transformador de alimentação quando seu enrolamento primário recebe energia da rede local. Para isso podemos usar um multímetro na escala apropriada de tensões alternada (AC volts) ligado no secundário do transformador.
A falta de tensão indica interrupção de um dos enrolamentos. O excesso de vibração do transformador e a tendência ao aquecimento indica a existência de curto-circuitos nos enrolamentos.
e) Teste dinâmico II - para transformadores de áudio (encontrado em rádios transistorizados antigos e gravadores cassete) podemos verificar se existem sinais de áudio no secundário quando da aplicação de um sinal no enrolamento primário, usando para esta finalidade um seguidor de sinais.
A não passagem do sinal da forma esperada indica a existência de problemas de interrupção de um dos enrolamentos ou então de curto-circuitos.
Substituição:
A troca de um transformador sempre deve ser feita com a utilização de outro que tenha as mesmas características do tipo original que vai ser substituído.
Temos então as seguintes possibilidades:
a) Transformadores de força ou alimentação - usados em fontes - observamos a tensão do enrolamento primário (que pode ser 110 V ou 220 V ou ainda as duas, conforme a rede) e a tensão do secundário(s) (volts) assim como a corrente do secundário(s) dada em miliampères ou ampères.
As tensões devem ser rigorosamente iguais às do transformador original mas a corrente (dependendo da aplicação) pode ser igual ou maior que a do original.
Assim, na falta de um transformador de 110 V x 12 V x 250 mA podemos perfeitamente usar um de 110 V x 12 V x 350 mA. A única dificuldade que pode ocorrer neste caso ‚ que o transformador de maior corrente é um pouco maior no tamanho. No entanto, se houver espaço disponível para sua colocação, nada impede sua utilização.
Para o caso dos enrolamentos primários podem ocorrer diferenças quanto ao modo de ligação. temos então transformadores com 3 fios e com 4 fios no primário. Os modos de ligação na rede de 110 V e 220 V e com as chaves comutadoras de tensão são mostrados na próxima figura.
Veja então que, se a tensão for fixa, ou seja, não houver a chavinha, tanto faz usar um tipo como outro num aparelho, bastando seguir a ligação correspondente à tensão encontrada. No entanto, se houver a chavinha, na hora de passarmos de um tipo para outro será preciso também trocar a chavinha, pois enquanto uma é de 1 polo x 2 posições a outra é de 2 polos x 2 posições. Veja que a troca só é necessária num caso, pois a de 2 x 2 funciona como uma de 1 x 2 bastando aproveitar apenas "metade" de seus pinos.
b) Saídas e drivers - estes transformadores são especificados pela impedância em ohms do enrolamento primário e do secundário e eventualmente pela potência. Na falta de indicação da potência, o tamanho do componente serve de orientação para a troca, se bem que se trata de componente de pouco uso atualmente. Estes transformadores, por serem usados em rádios e outros aparelhos algo antigos, gravadores, brinquedos, etc. dificilmente podem ser encontrados para reposição, mas sempre existe a possibilidade de serem aproveitados de algum aparelho fora de uso. Consulte também eventuais fornecedores na Internet.
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