(42) CAPACITORES DIVERSOS

Capacitores de poliéster, cerâmica e outros não polarizados são encontrados numa grande variedade de aparências e valores nos equipamentos eletrônicos. É importante observar inicialmente que os tipos usados num aparelho dependem da função no circuito e que nem sempre eles são intercambiáveis.

 

Outros tipos de capacitores
Outros tipos de capacitores

 

 

Damos a seguir uma tabela em que os diversos tipos têm suas funções especificadas, e onde podemos usar cada um:

Escolha de Capacitores:

 

a) Circuitos de sintonia até 200 kHz

Tipos recomendados: cerâmicos, styroflex e poliéster

 

b) Sintonia até 30 MHz

Tipos recomendados: cerâmicos ou styroflex

 

c) VHF e UHF

Tipos recomendados: cerâmicos ou mica, preferivelmente prateados

 

d) Filtragem de fontes:

Tipos recomendados: eletrolíticos de alumínio ou tântalo

 

e) Desacoplamento de baixa freqüência:

Tipos recomendados: cerâmicos, poliéster, eletrolíticos de alumínio ou tântalo

 

f) Desacoplamento de alta frequência:

Tipos recomendados: cerâmicos

 

g) Acoplamento de áudio de alta impedância:

Tipos recomendados: cerâmicos e poliéster

 

h) Acoplamento de áudio de baixa impedância:

Tipos recomendados: eletrolíticos de alumínio e tântalo

 

i) Acoplamento de RF:

Tipos recomendados: cerâmicos

 

j) Controles de tom:

Tipos recomendados: cerâmicos e poliéster

 

k) Filtros de alto-falantes:

Tipos recomendados: eletrolíticos de alumínio ou poliéster

 

l) Filtros de interferências e desacoplamento de rede:

Tipos recomendados: cerâmicos ou poliéster

 

m) Circuitos que operam com pulsos:

Tipos recomendados: poliéster

 

Os problemas que podem ocorrer com os capacitores deste item, exceto

os eletrolíticos (veja ítem 41) são os seguintes:

 

* Curto-circuito

* Abertura

* Fuga

* Alteração de valor

 

TESTES:

 

a) Com o multímetro ou provador de continuidade medimos o capacitor havendo então as seguintes possibilidades de indicação:

* Resistência infinita ou falta de continuidade - o capacitor se encontra bom ou ainda aberto. Esta prova não é conclusiva em relação a abertura.

* Resistência na faixa de 100 k ohms a 2 M ohms - o capacitor está com fuga.

* Resistência muito baixa, entre 0 e 10 k ohms - o capacitor se encontra em curto.

 

Para detectar a abertura ou alteração de valor é preciso usar um instrumento apropriado que é o capacímetro.

 

b) Prova por substituição - retire o capacitor suspeito da placa e solde provisoriamente um de mesmo valor e tipo.

Se suspeitar que a alteração seja por abertura ou falta de capacitância pode soldar outro provisoriamente por baixo da placa sem retirar o suspeito até ter uma conclusão sobre seu estado.

 

Valores:

Os valores dos capacitores podem ser expresso de muitas formas, causando alguma confusão para os técnicos e reparadores menos experientes.

 

As unidades usadas são:

O Farad é a unidade básica, abreviada por F. No entanto, como o Farad é muito grande, usamos submúltiplos que são:

 

* Microfarad (uF) que corresponde a 0,000 001 Farad ou à milionésima parte do Farad.

* Picofarad ou micromicrofarad (pF ou uuF) que corresponde à milionésima parte do microfarad (na verdade o uuF não é usado atualmente mas pode ser encontrado em componentes muito antigos).

* Nanofarad (nF) que corresponde à milésima parte do microfarad.

 

Obs:

1 nF = 0,001 uF = 1 000 pF

 

É importante que o leitor saiba fazer conversões de valores de um submúltiplo para outro, principalmente no momento de trocar um capacitor num aparelho com problemas.

 

a) Capacitores de poliéster:

Os tipos antigos com faixas coloridas (zebrinhas) assim como os tipos pin-up ainda podem ser encontrados em muitos aparelhos, se bem que já não sejam mais fabricados.

A leitura do valor deste tipo de capacitor é feita de forma semelhante a dos resistores.

 

Códigos de capacitores de poliéster pin-up
Códigos de capacitores de poliéster pin-up

 

 

Códigos de capacitores de poliéster metalizado
Códigos de capacitores de poliéster metalizado

 

 

A primeira e segunda faixa dão os dois primeiros dígitos do valor da capacitância. Por exemplo: marrom e verde resultam em 15.

A terceira faixa dá o fator de multiplicação ou número de zeros que devem ser acrescentados: amarelo seriam 4 zeros o que nos leva a 15 seguidos de 4 zeros ou 150 000.

Esse valor ‚ dado em picofarads. Para obter em nanofarads basta dividir por 1 000: assim temos 150 000 pF ou 150 nF. Se quisermos o valor em microfarads basta dividir novamente por mil. Temos então 0,15 uF.

A quarta faixa dá a tolerância do componente: preto = 20% e branco = 10%.

A quinta faixa corresponde à tensão de trabalho do capacitor.

Os capacitores de poliéster modernos vêm com a marcação direta de valor, tensão de trabalho no invólucro. Assim, para os capacitores menores que 1 uF a marcação é feita em nanofarads (Ex: 150 nF) e para os valores acima de 1 uF a capacitância é marcada em microfarads (Ex: 22 uF).

Para valores abaixo de 10 nF a marcação pode vir em picofarads (Ex: 2 200 pF).

 

b) Capacitores cerâmicos:

Para os capacitores cerâmicos temos diversos códigos de marcação, como, por exemplo, o formado por 3 dígitos.

Neste código, os dois primeiros números correspondem aos dois primeiros dígitos da capacitância: exemplo 4 e 7 formando 47.

O terceiro dígito corresponde ao número de zeros, por exemplo 4 ou 0000. Temos então que, para um capacitor com a marcação 474 o valor é 470 000 pF. Para obter o valor em nanofarads, basta dividir por 1 000 obtendo-se 470 nF. E, dividindo novamente por mil temos o valor em microfarads ou 0,47 uF.

Para capacitores cerâmicos de pequeno valor a marcação pode vir diretamente em picofarads e uma letra pode substituir a vírgula como, por exemplo, o p.

 

Códigos de capacitores cerâmicos
Códigos de capacitores cerâmicos

 

 

Assim, 4p7 é o mesmo que 4,7 pF.

A letra maiúscula que segue os valores destes capacitores é indicativo da tolerância conforme a seguinte tabela:

 

B = 0,1 pF

C = 0,25 pF

D = 0,5 pF

F = 1 pF

G = 2 pF

 

Estes para valores até 10 pF.

 

H = 2,5 %

J = 5 %

K = 10 %

M = 20 %

Para valores acima de 10 pF.

 

c) Capacitores de styroflex

Estes podem seguir o mesmo código de marcação usado para os capacitores cerâmicos, sendo comum a expressão direta em picofarads. Por exemplo, um capacitor com a marcação 10 000 é de 10 000 pF ou 10 nF. 0,22 ou simplesmente .22 ‚ um capacitor de .22 uF ou 220 nF.

Damos a seguir alguns exemplos de notações usadas para um mesmo capacitor:

1 000 pF - 5 600 pF - 150 nF

1 000 p - 5 600 p - 150 n

1 000 - 5 600 - 0.15

1 n - 5,6 n - .15

0,001 uF - 5n6 - .15 uF

102 - 0,056 uF - 154

.056

562

 

(43) VARISTORES OU VDR

São componentes ligados em paralelo com a rede de alimentação, cuja finalidade é proteger os equipamentos contra variações bruscas de tensão, picos e surtos que ocorrem com a queda de raios, ligação de cargas indutivas, etc. São comuns nos circuitos de entrada de computadores e em tomadas protegidas usadas com computadores.

  

Figura 75 – Símbolos e aspectos dos VDRs (Varistores)
Figura 75 – Símbolos e aspectos dos VDRs (Varistores)

 

 

Sob transientes muito fortes estes componentes podem "queimar" quando então entram em curto causando a queima de fusíveis de proteção. O teste destes componentes é feito simplesmente a partir de uma prova de continuidade. Continuidade ou baixa resistência indicam que o componente está em curto.

Retirado o VDR em curto de um aparelho o funcionamento volta ao normal, no entanto ele deixa de estar protegido contra novos transientes e surtos. A reposição do tipo original (que deve ter a mesma tensão em volts do original) deve ser feita o mais rapidamente possível.

 

(44) CHAVES DE TENSÃO

Muitos aparelhos que funcionam tanto na rede de 110 (127 V) como 220 V possuem na parte traseira (ou em local apropriado) uma chave que faz a comutação da tensão de entrada. Se o aparelho com a chave na posição de 220 V for ligado numa rede de 110 V, em geral, não teremos problemas maiores do que seu funcionamento anormal ou mesmo inoperância. No entanto, se com a chave na posição de 110 ou 127 V o aparelho for ligado em 220 V pode ocorrer a queima de componentes ou mesmo do fusível de proteção.

 

Uma chave seletora de tensões
Uma chave seletora de tensões

 

 

As chaves são conectadas de dois modos que dependem basicamente do tipo de transformador usado no circuito de entrada. Um transformador com 3 fios usa uma chave de 1 pólo x 2 posições, enquanto que um transformador de 4 fios (dois enrolamentos separados) usa uma chave de 2 pólos x 2 posições.

Na troca desta chave, se tiver problemas de contatos, é muito importante observar a posição exata dos fios, pois uma inversão ou troca pode afetar o funcionamento do aparelho e até causar curto-circuitos perigosos.

O teste das chaves é feito conforme procedimento já visto para interruptores e chaves no item 17.

Lembramos que em alguns aparelhos que funcionam nas duas redes de energia (110 e 220 V) existem circuitos de comutação automática e as chaves são dispensadas. Esses aparelhos recebem a denominação “bivolt”.

 

 

(45) FONOCAPTORES

Os fonocaptores, cápsulas de toca-discos ou também como são conhecidos em alguns lugares "agulhas" ou "cristais" são transdutores que captam os sinais gerados pela sua passagem nos sulcos de um disco quando ele gira.

  

Um fonocaptor e um toca-discos antigo
Um fonocaptor e um toca-discos antigo

 

 

Como os toca-discos já são raros, pois os discos de vinil foram substituídos pelas fitas cassete (que também estão desaparecendo) e os CDs, a presença desses dispositivos está limitada a casa de colecionadores ou pessoas que ainda gostem de equipamentos mais antigos.

Com o desaparecimento dos toca-discos também se torna difícil obter os fonocaptores ou cápsulas que deixaram de ser fabricadas. A consulta a fornecedores na Internet é ainda uma possibilidade a ser analisada para se obter tais componentes.

Os problemas mais comuns com este tipo de componente são:

a) Enfraquecimento para os tipos de cristais piezoelétricos antigos que acabam por perder a sensibilidade, quer seja por absorção de umidade ou por efeito do calor.

b) Perda de sensibilidade pelo desgaste da agulha. Alguns tipos podem ter a agulha trocada enquanto que outros são trocados inteiros, pois formam uma peça única.

c) Inoperância por problemas internos, quando é preciso fazer sua troca.

 

TESTE

O teste mais conveniente consiste em se ligar a saída do toca-discos diretamente a partir do fonocaptor à entrada de um amplificador de prova. O funcionamento anormal indica que o problema é do fonocaptor.

Se houver funcionamento normal então certamente o problema estará nos circuitos eletrônicos com que ele opera.

Problemas de roncos fortes são devidos à blindagem do fio que vai do fonocaptor até o amplificador.

 

(46) SENSORES MAGNÉTICOS (REED SWITCHES)

Alarmes de carros, de residências, alguns aparelhos eletrônicos de uso doméstico usam interruptores magnéticos, interruptores de lâminas ou ainda "reed switches".

Estes componentes são formados por um par de lâminas flexíveis de metal que se mantém separadas dentro de um bulbo de vidro, até o momento em que o campo magnético de um imã ou bobina atua sobre elas. Neste instante as lâminas vergam e encostam uma na outra fechando o circuito.

 

Figura 78 – Funcionamento e tipos de reed switches
Figura 78 – Funcionamento e tipos de reed switches

 

 

TESTE

A continuidade não deve existir quando não houver a ação de um campo magnético (resistência infinita). Aproximando-se um imã do sensor ou interruptor de lâminas a continuidade deve ocorrer e a resistência apresentada deve ser nula.

Lembramos que existem interruptores deste tipo que funcionam "ao contrário" ou seja, abrem ou comutam com a presença do imã.

O principal problema que pode ocorrer com estes sensores é o "travamento" por excesso de corrente (os contatos "grudam") ou então a queima dos contatos pelo mesmo motivo. O interruptor ou sensor deve ser trocado em tais casos.

 

(47) VÁLVULAS

Válvulas termiônicas, válvulas ou "tubos" podem ser encontrados ainda em aparelhos antigos como rádios e televisores. Estas válvulas são constituídas por um bulbo de vidro (nos aparelhos muito antigos existem válvulas metálicas) no interior do qual existe o vácuo e uma série de elementos metálicos que são aquecidos por um filamento.

 

Estrutura, símbolo e aspecto de uma válvula
Estrutura, símbolo e aspecto de uma válvula

 

 

Essas válvulas como muitos outros componentes antigos tendem a desaparecer ficando cada vez mais difícil encontrar tipos para reposição ou recuperação de um equipamento antigo. No entanto, existem fornecedores que possuem sites na Internet que ainda vende esses componentes.

O problema básico que ocorre com uma válvula é a queima do filamento quando então ela deixa de funcionar. O teste do filamento é simples: basta identificar os terminais que correspondem ao filamento e medir a continuidade. Se houver continuidade pelo menos o filamento se encontra em boas condições.

Para as válvulas de vidro a inspeção pode ser visual: ligando o aparelho a válvula deve "acender". Mas, cuidado: existem aparelhos em que os filamentos de todas as válvulas são ligados em série o que quer dizer que, se uma delas queimar todas as outras também não acendem. O teste visual só vale para o caso do aparelho ter as válvulas aquecidas a partir de um transformador, com os filamentos ligados em paralelo.

Os testes de enfraquecimento e curto não são simples de se fazer exigindo aparelhos apropriados.

Na troca de uma válvula deve ser observada sua marcação como PL86, ECC81, 6AQ5, 35W4, etc.

 

(48) SOQUETES

Circuitos integrados, válvulas, relés, memórias, módulos híbridos e outros componentes podem ser montados em soquetes ou suportes.

 

 

Soquetes de válvulas
Soquetes de válvulas

 

 

Os principais problemas que ocorrem com os soquetes são de ordem mecânica como, por exemplo, a quebra dos pinos ou encaixes ou ainda o escape desses terminais ou contatos. Em muitos equipamentos é comum que ao se desencaixar e reencaixar os componentes depois de troca ou limpeza, eles possam ter os terminais entortados não entrando de modo apropriado nos soquetes.

A melhor prova para os soquetes consiste em se medir a continuidade entre cada ponto de encaixe e o pino correspondente, soldado na placa de circuito impresso, depois de se fazer uma verificação visual.

A troca de um soquete é uma tarefa trabalhosa e que nem sempre compensa, pois em alguns casos a distância muito pequena entre os pinos exige o uso de ferramentas especiais.

Em alguns casos uma improvisação com a introdução de um pedacinho de fio rígido no encaixe danificado pode ser a solução para o problema.

Outro ponto importante na utilização do soquete é garantir que todos os pinos do componente fiquem em contato com o circuito. O encaixe errado de um circuito integrado que tenha um pino dobrado indevidamente pode ser a causa do problema de funcionamento do aparelho.

 

(49) TRANSISTORES

Os transistores bipolares ou simplesmente transistores são os elementos ativos mais comuns dos aparelhos eletrônicos. Eles podem ter diversos formatos e tamanhos de acordo com as funções, mas caracterizam-se por possuírem três terminais e serem do tipo NPN ou PNP. Observamos que existem transistores de 4 terminais, mas o quarto é a blindagem sendo ligado em uma carcaça metálica.

 

Figura 81 – Um transistor de 4 terminais
Figura 81 – Um transistor de 4 terminais

 

 

Também existem componentes de aspecto semelhante, com três ou mais terminais mas que não são transistores. O leitor que tenha dúvidas deve estar de posse do diagrama para saber exatamente que tipo de componente é.

Além de precisarmos saber se um transistor é NPN ou PNP para fazer seu teste de funcionamento ou substituição, na compra de outro para a troca, precisamos também saber seu tipo que é dado por números e letras como: BC548, 2SB75, BD135, 2N3055, TIP31, etc.

Existe a possibilidade de se colocar tipos "equivalentes" quando um determinado transistor não é encontrado, mas para fazer a troca por um equivalente é preciso muito cuidado, pois nem sempre um transistor que substitui outro numa aplicação servirá para a mesma substituição em outra aplicação. Manuais de “equivalências de transistores” são disponíveis no mercado de publicações técnicas e em muitas lojas podemos fazer sua consulta para comprar um outro componente na falta do original.

Os transistores possuem terminais chamados de emissor (E), coletor (C) e base (B) que ocupam posições certas e que precisamos conhecer para fazer a reposição no circuito. Às vezes um equivalente pode ter a disposição de terminais diferente do original o que pode complicar sua colocação no circuito.

Os testes de um transistor podem ser feitos com este componente no circuito ou fora do circuito.

 

TESTES

a) Fora do circuito - pegando os terminais dois a dois medimos a continuidade duas vezes: uma com as pontas de prova numa posição e depois invertendo-as. devemos anotar os casos em que temos continuidade (há som, baixa resistência ou o LED acende) e nos casos em que isso não ocorre (não há som, alta resistência ou o LED não acende). Para um transistor em bom estado temos então os seguintes resultados:

 

* Entre o coletor e o emissor: as duas medidas devem indicar falta de continuidade, ou seja, não deve haver som, o LED não deve acender e o multímetro deve marcar uma resistência bem maior que 1 M ohms.

* Entre a base e o emissor: devemos ter uma medida de baixa resistência ou continuidade e outra de alta resistência, ou seja, sem continuidade.

* Entre a base e o coletor devemos ter uma medida de baixa resistência e outra de alta resistência, ou seja, sem continuidade.

 

Se tivermos pelo menos UMA medida com continuidade onde deveria não haver continuidade, então certamente o transistor estará em CURTO não devendo ser usado.

Se tivermos pelo menos UMA medida sem continuidade onde deveria haver continuidade então o transistor estará ABERTO.

Nos dois casos, o transistor não pode ser usado.

É importante observar que existem transistores unijunção e transistores de efeito de campo (FETs) e mesmo circuitos integrados reguladores de tensão que têm a mesma aparência dos transistores comuns, mas que são testados de forma completamente diferente. O leitor não deve confundi-los.

Estes mesmos procedimentos também servem para ajudar na identificação dos terminais de um transistor desconhecido.

Veja que na prova em que obtemos a continuidade num transistor NPN resulta numa indicação "invertida", ou seja, de alta resistência, quando testamos um transistor PNP, pois as correntes circulam de modos diferentes nestes dois tipos de componentes.

 

b) Prova no circuito - neste caso, a melhor prova é a que fazemos com o aparelho ligado e usando o multímetro, medimos as tensões nos três elementos do transistor, ou seja, no emissor, coletor e base.

A tensão do coletor deve ser bem maior que a tensão de emissor num transistor NPN e bem menor no coletor em relação ao emissor num transistor PNP já que eles operam com polaridades opostas.

 

Figura 82 – Medindo tensões num circuito transistorizado
Figura 82 – Medindo tensões num circuito transistorizado

 

 

No entanto, a tensão de base deve ser de 0,2 a 0,6 volts maior que a de emissor num transistor NPN e de 0,2 a 0,6 V menor num transistor PNP. Outros tipos de indicação ocorrem quando o transistor apresenta problemas.

Alguns transistores podem vir montados em radiadores de calor, exigindo cuidados na substituição (ver radiadores).

A troca é feita dessoldando-se os terminais e puxando-se o componente da placa de circuito impresso ou do local de ligação.

Marque muito bem sua posição para que o substituto seja colocado da mesma forma.

Para que não haja possibilidade de inversões os transistores possuem invólucros com marcas como partes chatas, pintas, ressaltos, etc. que servem de guia no posicionamento.

 

Invólucros comuns de transistores
Invólucros comuns de transistores

 

 

c) Fuga - os transistores também podem apresentar fugas que prejudicam seu funcionamento. A principal é a fuga entre o emissor e o coletor. A prova de continuidade entre estes dois elementos pode resultar em uma resistência entre 100 k ohms e 2 M ohms. Se isso ocorrer, o transistor ainda pode funcionar, mas dependendo da aplicação podem ocorrer anormalidades pois trata-se de uma "fuga".

Nos amplificadores, fugas de transistores podem ser causa de distorções, sobreaquecimento de componentes como por exemplo os transistores de saída.

 

(50) CIRCUITOS INTEGRADOS

Os circuitos integrados são dispositivos que funcionam como um conjunto de componentes tais como transistores, diodos, resistores, etc. já interligados de determinada forma e exercendo determinada função.

Isso significa que cada circuito integrado é um sistema completo e único com função definida, havendo pois milhares de tipos diferentes, com finalidades diferentes. Não é possível, desta forma, indicar um procedimento único para teste e que sirva para qualquer circuito integrado, ou ainda substituir um integrado por qualquer outro.

Cada circuito integrado deve ser substituído por um do mesmo tipo e, para cada tipo, temos um procedimento de teste específico que consiste justamente em se elaborar um circuito em que ele possa funcionar, e assim fazendo nos permite saber se está bom ou não.

Evidentemente, isso é válido apenas para os circuitos relativamente simples.

Na próxima figura temos diversos tipos de circuitos integrados com a maneira de identificarmos os seus terminais.

 

Diversos tipos de invólucros de circuitos integrados
Diversos tipos de invólucros de circuitos integrados

 

 

Se um elemento qualquer do circuito integrado "queima" ou sofre alteração de características não é possível fazer sua troca, pois todos os componentes são montados numa diminuta pastilha única da ordem de 1 a 5 mm (de silício). A única maneira ‚ trocar o circuito integrado inteiro por outro de mesmo tipo.

As marcações dos circuitos integrados são feitas com letras, números e eventualmente outros símbolos (gregos, sinais, etc.). Exemplo: CA3140, uA710, TDA 1022, etc.

 

TESTE

a) A melhor maneira de se testar um circuito integrado é no próprio circuito, dispondo-se do diagrama do aparelho em que ele está e que contenha as tensões que devem ser encontradas em cada pino.

 

Medindo tensão no pino de um circuito integrado
Medindo tensão no pino de um circuito integrado

 

 

Medimos então essas tensões com o multímetro. Se encontrarmos valores anormais, antes de desconfiar do circuito integrado verificamos se a alteração não é devida a componentes que estejam ligados naquele pino tais como capacitores e diodos que podem entrar em curto, resistores abertos, etc.

Se todos os componentes estiverem bons e as tensões nos demais pinos normais então podemos desconfiar do circuito integrado.

Para trocá-lo devemos dessoldar todos os seus pinos, liberando-o da placa. Podemos usar para esta finalidade uma ferramenta especial ou então o sugador de soldas ou malha absorvente, conforme mostra a figura 86.

 

Figura 86 – Extraindo um circuito integrado
Figura 86 – Extraindo um circuito integrado

 

 

Na colocação do circuito integrado substituto é muito importante observar sua posição.

 

(51) SCRs

São componentes semicondutores que encontramos em fontes chaveadas de computadores ou televisores e monitores de vídeo, ignições eletrônicas, flashes de máquinas fotográficas, controles de velocidade de motores e muitos outros aparelhos.

 

Estrutura e símbolo de um SCR
Estrutura e símbolo de um SCR

 

 

Estes componentes, cujos invólucros são semelhantes aos usados pelos transistores e por isso podem ser confundidos, normalmente operam com correntes elevadas e podem estar montados em radiadores de calor.

Os problemas que ocorrem com estes componentes são a queima, abertura, perda de sensibilidade, etc.

Para testar um SCR precisamos, em primeiro lugar, identificar seus terminais e evidentemente saber se é realmente um SCR. Para isso é importante ter o diagrama do aparelho.

 

TESTE

a) Continuidade - podemos usar o multímetro ou o provador de continuidade para este teste. Entre o anodo (A) e o catodo (C ou k) devemos num sentido e outro (invertendo as pontas de prova) encontrar alta resistência ou falta de continuidade num SCR em bom estado.

Entre a comporta (G) e o anodo (A) devemos, num sentido e noutro, encontrar altas resistências ou falta de continuidade.

Entre a comporta (G) e o catodo (C ou k) devemos num sentido encontrar continuidade e noutro não, para um SCR em bom estado.

Qualquer resultado diferente dos indicados ocorrem quando um SCR está com problemas como:

* Todas as provas dão alta resistência ou falta de continuidade - o SCR está aberto.

* Pelo menos uma prova em que deveria haver falta de continuidade mede-se baixa resistência ou continuidade - o SCR está em curto.

 

b) Prova de disparo - para isso podemos usar o circuito da figura 88 que se adapta a SCRs comuns de boa sensibilidade com correntes de até uns 20 ampères. Para SCRs de mais de 5 A, troque o resistor de 1k por um de 100 ohms e use uma lâmpada de pelo menos 200 mA.

 

Circuito simples de teste de SCRs
Circuito simples de teste de SCRs

 

 

A lâmpada deve acender somente no momento em que pressionamos o interruptor de pressão S1 e assim permanecer mesmo depois de soltarmos esse interruptor. A lâmpada deve apagar somente quando pressionarmos o interruptor S2.

 

Se isso não ocorrer, então o SCR estará com problemas como:

* A lâmpada acende antes de pressionar S1 - SCR em curto.

* A lâmpada não acende pressionando S1 - o SCR est  aberto.

 

Na aquisição do SCR para reposição deve ser observado seu tipo e é muito importante que a sigla final, que indica a tensão de trabalho, seja a mesma do original. Por exemplo, o TIC106-B ‚ para 200 V enquanto que o TIC106-D ‚ para 400 V. o TIC106-D pode ser usado no lugar do TIC106-B mas não ao contrário.

 

(52) OUTROS COMPONENTES

Triacs, transistores unijunção, transistores de efeito de campo são alguns componentes que encontramos em aparelhos eletrônicos além dos vistos. No entanto, para testar estes componentes é preciso ter algum conhecimento do seu princípio de funcionamento e em alguns casos a disponibilidade de instrumentos ou circuitos apropriados.

Como este trabalho visa antes uma preparação básica para os que desejam fazer reparações com seus próprios meios sem muitos conhecimentos de eletrônica, não recomendamos tentar mexer com estes componentes.

Para estes componentes recomendamos que os leitores interessados em um conhecimento maior, ou que desejam profissionalizar-se nesta área, que procurem obras especializadas ou façam cursos técnicos.

Em especial recomendamos o Curso Básico de Eletrônica e Curso de Eletrônica Analógica do mesmo autor que ensina o princípio de funcionamento de todos os componentes, interpretação de circuitos e mesmo alguns cálculos além do Curso de Instrumentação e Como Testar Componentes.

Sugerimos que o leitor se cadastre para receber informações sobre a disponibilidade desses livros e de outros quando forem publicados.

O conhecimento específico dos princípios de funcionamento de cada um desses componentes ajudará na localização de falhas e nos procedimentos para troca ou aquisição.

Se o componente for barato, entretanto, não custa nada tentar sua troca quando todos os demais procedimentos não derem resultados.

 

 

Índice

Curso Básico de Reparação - Introdução

Curso Básico de Reparação – 1

Curso Básico de Reparação – 2

Curso Básico de Reparação – 3

Curso Básico de Reparação – 4

Curso Básico de Reparação – 5

Curso Básico de Reparação – 6

Curso Básico de Reparação – 7

Curso Básico de Reparação – 8