As frequências elevadas dos sinais de TV, na faixa de UHF não trazem só problemas de posicionamento de antenas em relação a obstáculo, como também, para a própria fiação que deve levar estes sinais aos televisores. Cabos compridos são responsáveis por atenuações que em certas situações são inadmissíveis exigindo soluções para as quais o técnico instalador deve estar preparado. Veja neste artigo alguns dos problemas de fiação e como resolvê-los.

Nota: Artigo publicado na Revista Saber Eletrônica 215 de 1990.

A medida que as frequências dos sinais de. TV se tornam mais elevadas, mais crítica se torna sua transmissão através de diferentes materiais. É por este motivo, que um cabo de antena apresenta pequenas perdas na transmissão de um sinal de VHF, para os canais entre 2 e 13, não comprometendo a qualidade de recepção, pode ser impróprio para a transmissão de sinais de UHF, dadas as perdas muito maiores. Um cabo como o CF 5/8" por exemplo, que apresenta perdas de 1,4 dB em 50 MHz (canal 2) terá uma atenuação de 7,0 dB em cada 100 metros para sinais de 900 MHz.

 


 

 

Numa linha de transmissão de sinais curta, onde o comprimento de cabo usado entre a antena o receptor é pequeno, esta atenuação não compromete, mas se pensarmos em termos de um edifício ou ainda de um sistema de antena coletiva onde centenas de metros de cabos podem ser usados o problema pode ser grave, conforme mostra a figura 1.

E, as atenuações podem ser ainda maiores se levarmos em conta a existência de outros tipos de cabos com características diferentes (atenuações maiores) e a existência de elementos de distribuição, passagem etc., que também, provocam a diminuição da intensidade do sinal que chega até um receptor. Um elemento de passagem pode provocar uma atenuação da ordem de 0,4 dB até 2 dB enquanto que a própria tomada pode apresentar uma atenuação também importante. Veja o leitor que os números relativos as atenuações sempre são maiores quando trabalhamos com sinais de frequências mais altas o que significa um cuidado redobrado ao se trabalhar com os sinais da faixa de UHF.

 


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Uma solução muito usada no interior, onde os sinais são recebidos na faixa de UHF consiste em convertê-los para o número original de VHF junto à antena e somente então fazer a distribuição pelo sistema coletivo, conforme mostra a figura 2.

Desta forma, não importa qual seja o sinal de UHF que se use na retransmissão do sinal de uma grande emissora de VHF de cidade distante, este sinal no sistema coletivo é reconvertido para o canal original. Assim, se o canal 5 chega à uma localidade como canal 37, após a recepção por um sistema coletivo como canal 37 em UHF, ele pode ser convertido novamente para o canal 5 e levado pelos cabos, numa frequência mais baixa até cada um dos receptores que o sintonizarão justamente no 5 do mostrador.

Este sistema não tem inconvenientes se a localidade em questão receber todos os canais das grandes cidades para a retransmissão em UHF. No entanto, pode ocorrer que em algumas localidades tenhamos a recepção doméstica tanto em UHF como VHF, vindo da retransmissão e até alguns de recepção direta, conforme mostra a figura 3.

Neste caso, talvez a conversão de algum canal de UHF não possa ser feita

 


 

 

 

O canal 5 que seja recebido nesta frequência e retransmitido em VHF não deverá ocupar o mesmo canal. Se ocupar, por exemplo o canal 11, o canal 11 que seja recebido por um sistema coletivo não pode ser convertido novamente para ocupar o 11, por motivos óbvios, conforme mostra a figura 4.

 


 

 

 

Dependendo da situação, como não devemos ocupar canais adjacentes pois existe o perigo de interferências, problemas para o instalador podem ocorrer. Este problema será muito mais evidente no caso de São Paulo, onde serão recebidos novos canais de UHF e não os mesmos canais de VHF convertidos e eventualmente reconvertidos.

A faixa de VHF já está praticamente ocupada e a conversão de qualquer canal de UHF novo para uma frequência livre de VHF vai significa ocupar um canal adjacente a dois existentes o que pode causar problemas de interferências mútuas, conforme mostra a figura 5.

 


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Como resolver este problema?

Se os sinais que devem ser levados do sistema de antenas até o televisor não vão ser irradiado mas vai ficar confinado a um sistema de cabos, nada impede que frequências que originalmente não sejam destinadas à televisão sejam ocupadas.

Desta forma, para utilização exclusiva em sistemas por cabo (sistemas coletivos, por assinatura, etc) liberou-se as chamadas Mid-Banda, Superbanda e Hiperbanda também conhecida por muitos pelo nome popular de "Canais de Letra".

O que se faz é converter os sinais recebidos em UHF para frequências mais baixas que inclusive podem cair na própria faixa de FM e VHF para a transmissão via cabo até o televisor. Como estes sinais são confinados ao sistema, não há a perigo de interferirem nos rádios de FM Ou mesmo em sistema de comunicações em VHF que ocupam as mesmas frequências, conforme mostra a figura 6.

 


 

 

 

Na tabela 1, temos as frequências destes canais, que devem ser usados exclusivamente na transmissão via cabo, pois se forem irradiados devem interferir nas emissões que normalmente ocupam estas faixas, o que é proibido. Estes canais recebem para a designação letras do alfabeto, daí a denominação de "Canal de Letra". Novos televisores já estão sendo fabricados com a capacidade de sintonizar estes canais, sendo por isso ideais para sistemas coletivos que possuam recursos para a conversão e desejem acrescentar todos os novos canais de UHF, sem problemas de atenuações que sejam causadas por cabos muito compridos.

Desta forma, não precisaremos nos preocupar em ocupar um canal adjacente a dois ocupados na faixa de VHF para tentar "encaixar" os novos canais de UHF na conversão, para não ter problemas de atenuação, mas por outro lado termos problemas de interferência. O que fazemos é converter os novos canais de UHF para os canais de letra e indicar que os moradores se equipem com os novos televisores.

Assim, além dos canais de VHF 2,4, 5,7,9,11 e 13 em São Paulo, poderemos converter para o canal A-2 da Mid-Banda o canal 16 da Jovem Pan, para o canal B da mesma faixa o canal 32 da TV Abril e também para o canal D o canal 58 da TV Metropolitana canal 58.

Com um bom sistema de antenas, o transporte dos sinais a partir de um bom conversor até os televisores numa frequência mais baixa não produzirá perdas comprometedores na qualidade do sinal que poderá chegar aos mesmos padrões de todos os canais de VHF.

 

 

OS CONVERSORES

 

Não são todos os fabricantes de televisores, que já possuem em suas linhas, modelos equipados com sistemas para a recepção dos canais de letra. Da mesma forma, não são todos os fabricantes de acessórios e equipamentos para sistemas de antenas coletivas que possuem conversores para estas faixas. Um dos poucos equipamentos que encontramos é o Modulador da Thevear que é projetado para acoplar sinais de antenas parabólicas em vídeo cassetes ou câmeras ao sistema de antena coletiva e que tem o Modelo 866 - E/L, mas este tem apenas entradas separadas de sinais de áudio e vídeo.

Acreditamos que, dada a entrada no ar dos novos canais de UHF e dos próprios televisores que sintonizem os canais de letra, os fabricantes de equipamentos para sistemas coletivos de antenas deverão acompanhar as necessidades do mercado lançado estes novos produtos. (*)

 


 

 

 

Na próxima edição mais informações sobre a recepção de UHF.

(*) Uma solução alternativa consiste no uso de booster (amplificadores de antena) para UHF, que devem ser instalados junto às antenas, fornecendo assim uma amplificação inicial que compense as eventuais perdas nos cabos. No entanto, é preciso ter muito cuidado com a qualidade de tais equipamentos para que não ocorram problemas, conforme mostra a figura 7.

 


 

 

 

Evidentemente, um booster é um elemento que possui componentes ativos e que precisa de fontes de alimentação e alguns recursos adicionais para os quais o técnico deve ter conhecimento de como proceder na instalação.

 

 

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