Existem circuitos de áudio relativamente simples que, no entanto, têm grande utilidade quando se pretende implementar sistemas de som a partir de equipamentos comerciais separados. Neste artigo descrevemos alguns desses circuitos que podem ser de grande utilidade para os profissionais de som e também para os leitores que gostam de incrementar seus próprios equipamentos.
O que fazer quando temos um amplificador com uma entrada de alta impedância e pequena sensibilidade e precisamos excitá-lo com um microfone de baixa impedância? O que fazer se precisamos misturar o sinal de duas fontes, mas não queremos utilizar uma mesa de som profissional para esta finalidade? O que fazer se aquela fonte de sinal sempre aparece com um ronco de fundo (60 Hz) que afeta a sua qualidade?
As respostas e soluções para estas questões podem estar nos três circuitos que apresentamos a seguir.
a) PRÉ-AMPLIFICADOR DE BAIXA IMPEDÂNCIA
O primeiro circuito que apresentamos é ideal para casar a baixa impedância de transdutores, tais como microfones ou mesmo captadores telefônicos com a alta impedância de entrada de um amplificador ou mesmo de uma mesa de som comum.
Na figura 1 temos o circuito completo deste pré-amplificador, que pode ser alimentado com uma bateria de 9 V ou a partir de 4 pilhas pequenas.
Como o consumo de corrente é muito baixo, uma bateria terá enorme durabilidade quando alimentando este circuito.
O que temos é uma etapa amplificadora na configuração de base comum. Conforme se sabe, esta configuração tem uma impedância de entrada muito baixa e uma impedância de saída alta. O ganho de corrente é baixo, mas o ganho de tensão é elevado.
Usamos um transistor de alto ganho e baixo nível de ruído para proporcionar melhores resultados. O leitor poderá usar este circuito adaptador com fontes de sinal de impedância de até uns 600 Ω. O resistor R3 pode ter valores entre 22 Ω e 470 Ω conforme a impedância da fonte de sinal.
Na figura 2 damos uma sugestão de placa de circuito impresso para este pré-amplificador.
Os jaques de entrada e saída devem ser de acordo com a fonte de sinal e o cabo usado na interligação com o amplificador. Uma sugestão é usar jaques RCA.
Semicondutores:
Q1 - BC549 ou equivalente - transistor NPN de baixo ruído
Resistores: (1/8 W, 5%)
R1 - 1 M Ω
R2 - 10 k Ω
R3 - 470 Ω - ver texto
Capacitores:
C1, C4 - 47 µF/ 12 V - eletrolítico
C2, C3 - 10 µF/12 V - eletrolítico
Diversos:
J1, J2 - jaques de entrada e saída (RCA)
S1 - Interruptor simples
B1 - 6 ou 9 V - pilhas ou bateria
Placa de circuito impresso, suporte de pilhas ou conector de bateria, caixa para montagem, fios, solda, etc.
b) MIXER
O mixer de dois canais apresentado na figura 3 consiste na solução ideal para os casos em que precisamos de uma configuração econômica e eficiente.
Aqui temos apenas dois canais de entrada, mas nada impede que a configuração seja expandida com a repetição das etapas de entrada (C1, P1 e R1).
O circuito tem uma impedância elevada de entrada e um bom ganho graças ao uso de um transistor de efeito de campo de junção.
A impedância de saída é baixa com um sinal de boa amplitude capaz de excitar a maioria dos amplificadores de áudio comum e outros equipamentos tais como transmissores, etc.
Os jaques de entrada podem ser do tipo RCA, assim como o de saída.
Na figura 4 temos a placa de circuito impresso para este mixer.
Para maior facilidade de uso recomenda-se o emprego de potenciômetros deslizantes e para melhor desempenho os cabos de sinal devem ser curtos e blindados. O uso de uma caixa metálica ajuda a evitar a captação de zumbidos.
A alimentação pode ser feita por uma bateria de 9 V comum que terá grande durabilidade graças ao baixo consumo do mixer.
Semicondutores:
Q1 - BF245 - transistor de efeito de campo de junção
Q2 - BC548 ou equivalente - transistor NPN de uso geral
Resistores: (1/8 W, 5%0
R1, R2 - 100 k Ω
R3 - 4,7 k Ω
R4 - 10 k Ω
R5 - 1 k Ω
Capacitores:
C1, C2 - 470 nF - cerâmico ou poliéster
C3, C4 - 100 µF/12 V - eletrolítico
C5 - 47 µF/ 12 V - eletrolítico
Diversos:
P1, P2 - 100 k Ω - potenciômetros lineares
S1 - Interruptor simples
J1, J2, J3 - jaques RCA
B1 - 9 V - bateria
Placa de circuito impresso, conector de bateria, caixa para montagem, botões plásticos para os potenciômetros, fios, solda, etc.
c) FILTRO DE RONCO
O Ronco de 60 Hz ou ruído da rede de energia (hum, em inglês) é um dos maiores inimigos dos operadores e instaladores de sistemas de som.
Fios, cabos longos e mesmos equipamentos mal blindados captam o sinal irradiado pela fiação da rede de energia, amplificando-o. O resultado é o ronco desagradável reproduzido pelos alto-falantes.
O circuito que apresentamos é um eliminador ou filtro de 60 Hz (que também pode ser modificado para rejeitar outras frequências que eventualmente possam perturbar um circuito).
Este filtro é intercalado entre a fonte de ronco (por exemplo, um cabo longo de microfone) e o pré-amplificador, mesa de som ou amplificador.
Na figura 5 temos o diagrama completo de nosso filtro de ronco.
Este filtro consiste numa etapa amplificadora com um transistor com forte realimentação negativa na frequência determinada pela ressonância do duplo T.
Este duplo T pode ter um ajuste fino em P1 de modo a se encontrar o ponto exato de rejeição em função das tolerâncias normais dos componentes usados.
Isso significa que, para as frequências fora do ajuste, o circuito atua como um pré-amplificador, mas não amplifica o sinal na frequência ajustada.
A impedância de entrada do circuito é dada por R1 e permite seu uso com fontes de alta impedância, tais como microfones ou a saída de pré-amplificadores comuns.
Na figura 6 temos a placa de circuito impresso para a montagem deste circuito.
A montagem deve ser feita em caixa metálica que serve de blindagem para evitar que novamente o ronco de 60 Hz seja captado depois do filtro.
Os cabos de entrada e saída devem ser curtos e blindados.
A alimentação é feita por uma bateria de 9 V, que terá excelente autonomia graças à baixa corrente drenada pelo conjunto.
O ajuste ideal para a rejeição deve ser feito com a ajuda de um osciloscópio, se bem que "de ouvido" seja possível encontrar o ponto certo na maioria dos casos.
Se não for conseguido o ajuste, altere os valores dos capacitores do duplo T (C2, C3, C4) sempre mantendo a proporção de valores. C3 e C4 devem ser iguais e ter aproximadamente a metade do valor de C2.
Semicondutores:
Q1 - BC548 ou equivalente - transistor NPN de uso geral
Resistores: (1/8 W, 5%)
R1 - 82 k Ω
R2 - 22 k Ω
R3 - 10 k Ω
R4 - 22 k Ω
R5 - 15 k Ω
R6, R7 - 470 k Ω
R8 - 27 k Ω
Capacitores:
C1 - 4,7 µF/12 V - eletrolítico
C2 - 150 nF - cerâmico ou poliéster
C3, C4 - 82 nF - cerâmico ou poliéster
C5 - 100 µF/12 V - eletrolítico
C6 - 10 µF/12 V - eletrolítico
Diversos:
P1 - 47 k Ω - potenciômetro
J1, J2 - jaques RCA
S1 - Interruptor simples
B1 - 9 V - bateria
Placa de circuito impresso, conector de bateria, botão para o potenciômetro, caixa para montagem, cabos blindados, fios, solda, etc.