Este é mais um artigo que disponibilizamos em nosso site e que trata do funcionamento do Triac. Outros artigos podem ser encontrados com abordagens ligeiramente diferentes. A diferença está na época em que foram feitos e também no tipo de público a ser atingido. Este é parte de nosso livro Curso de Eletrônica – Eletrônica de Potência
ART1028S
Estrutura do Triac
O Triac, outro membro da família dos tiristores, pode ser considerado como um componente obtido pela ligação de dois SCRs em oposição, tendo em comum um eletrodo de disparo (gate), conforme o leitor na figura 1.
É claro que, no processo de fabricação, os dois dispositivos são obtidos de uma única pastilha de silício, conforme mostra a figura 2.
Cada um dos “SCRs” que formam o Triac já tem o seu funcionamento conhecido, de modo que podemos imaginar este componente como alguma coisa como uma “chave bilateral”, que conduz a corrente nos dois sentidos, portanto, e que pode ser disparada por um sinal aplicado ao seu elemento de comporta.
Observe que o Triac tem dois terminais principais: MT1 e MT2 e um terminal de comporta.
A curva característica do triac é mostrada na figura 3. Observe que ela equivale a dois SCRs em oposição com a característica do primeiro quadrante ”rebatida” para o terceiro.
O significado das diversas tensões e correntes que aparecem neste gráfico será explicado no item “especificações”.
O TRIAC é usado em circuitos de corrente alternada (apenas) ligado em série com a carga, conforme será possível ver na figura 4.
Para dispará-lo devemos aplicar uma tensão positiva ou negativa em sua comporta, o que permite fazer seu disparo nos circuitos de corrente alternada em qualquer dos semiciclos.
A tensão de disparo para este componente é da ordem de 2 V, e correntes típicas na faixa dos 10 mA aos 200 mA são encontradas, dependendo da potência do componente.
Os Triacs podem ser disparados de 4 modos diferentes, o que deve ser observados nas suas aplicações:
Modo I+: nesta modalidade o terminal MT2 estará positivo em relação a MT1, e a corrente de comporta tem sentido tal, que entra no componente, ou seja, Gate positiva.
Modo I-: nesta modalidade o terminal MT2 é positivo em relação a MT1, e a corrente de gate sai do componente, ou seja, temos uma comporta polarizada negativamente.
Modo III+: nesta modalidade o terminal MT2 está negativo em relação a MT1 e a comporta positiva, ou seja, com a corrente entrando no componente.
Modo III-: nesta modalidade em que temos o terminal MT2 negativo em relação ao MT1 e aplicamos um pulso negativo ao terminal de disparo.
Na figura 5 temos os modos de disparo do Triac.
Nas modalidades I+ e III- obtemos maior sensibilidade ao disparo para o Triac do que nas outras modalidades.
Invólucros
Os Triacs são obtidos nos mesmos invólucros dos SCRs, transistores de potência e MOSFETs. Em alguns casos fica difícil saber do que se trata, se é mesmo um Triac somente observando os códigos.
A Texas Instruments, por exemplo, tem uma série de SCRs e Triacs que recebem a denominação “TIP” e têm todos os mesmos invólucros. O ideal é consultar o datasheet.
Na figura 6 temos invólucros comuns para Triacs.
Como esses dispositivos são utilizados em controles de potência que operam com correntes elevadas, todos são dotados de recursos para montagem em dissipadores de calor.
Especificações do Triac
Da mesma maneira que no caso dos SCRs, precisamos conhecer as principais especificações dos Triacs para poder usá-los convenientemente.
Os limites devem ser respeitados para que o componente não venha a queimar-se.
As principais especificações que devemos observar para os Triacs são:
- Tensão máxima de trabalho (VDRM)
Esta característica refere-se à máxima tensão que pode aparecer entre os terminais de um TRIAC quando ele se encontra desligado. Para os tipos comuns ela pode variar entre 50 ou 100 V até mais de 1 000 V.
Podemos especificar esta tensão também em termos de pico, para pulsos de curta duração, de modo que nos manuais aparecem as condições em que o valor é válido.
Para a maioria dos casos, entretanto, o valor refere-se ao pico de uma tensão senoidal, já que a principal aplicação do componente é justamente em circuitos ligado à rede local.
- Corrente máxima IT(RMS)
Veja que o valor indicado já tem a especificação de que se trata de uma corrente rms, ou seja, o valor eficaz da corrente alternada, já que o componente normalmente operará em circuitos de corrente alternada.
- Corrente de disparo IGT
Temos aqui a indicação da sensibilidade do comportamento ao disparo, sendo esta corrente especificada em termos de miliampères.
É importante também saber a intensidade máxima da corrente que podemos aplicar na comporta (gate) do TRIAC sem perigo de estragá-lo, já que em muitas aplicações são usados dispositivos especiais para esta finalidade.