Encontrados na maioria das aplicações em que se deseja produzir um som de sinalização de baixa potência, os transdutores piezoelétricos, buzzers ou cápsulas piezoelétricas cerâmicas consistem numa solução eficiente e barata para elas. Veja neste artigo como eles funcionam e como usar.

Os transdutores ou cápsulas piezoelétricas de cerâmica podem ser encontrados numa grande variedade de tamanhos e potências, para as mais diversas aplicações.

Eles podem ser utilizados como simples dispositivos de sinalização até a reprodução de som de baixa potência num fone de ouvido.

Na figura 1 temos alguns tipos comuns de cápsulas.

 

Figura 1 – Transdutores piezoelétricos comuns
Figura 1 – Transdutores piezoelétricos comuns

 

Elas podem ser abertas, apenas com o elemento reprodutor visível ou fechadas em invólucros plásticos para uso externo ou montagem em placas de circuito impresso.

 

Como Funciona

No nosso livro Curso de Eletrônica – Eletrônica Básica tratamos de materiais denominados piezoelétricos, em que a disposição dos átomos é tal que eles passam a apresentar propriedades que se manifestam externamente.

Os materiais piezoelétricos são exemplos, podendo ser dados como exemplos o quartzo e determinados tipos de cerâmicas.

Quando estes materiais são deformados, eles manifestam uma diferença de potencial elétrico entre suas extremidades e, inversamente, quando submetidos a uma tensão eles se deformam, como mostra a figura 2.

 

   Figura 2 – Os materiais piezoelétricos
Figura 2 – Os materiais piezoelétricos

 

No caso do quartzo aproveitamos esta deformação para fazê-lo vibrar numa frequência única que depende do corte.

Na figura 3 temos um exemplo de circuito em que a frequência de operação é determinada por um cristal de quartzo.

 

   Figura 3 – Oscilador controlado por cristal
Figura 3 – Oscilador controlado por cristal

 

No entanto, nas cerâmicas podemos ir além, e ter muito mas aplicações do que simplesmente oscilar numa única frequência.

As cerâmicas de titanato de bário são especialmente utilizadas em muitas aplicações, tanto por serem fácil de obter e baratas como por não apresentarem perigo, pois ela não representa perigo para o meio ambiente e para as pessoas.

Temos então diversas aplicações interessantes que podemos citar como exemplos.

Uma delas consiste no acendedor de fogões a gás do tipo mostrado na figura 4.

 

   Figura 4 – acendedor de gás com cerâmica piezoelétrica
Figura 4 – acendedor de gás com cerâmica piezoelétrica

 

O princípio de funcionamento deste tipo de aparelho é bastante engenhoso.

Nele, temos uma cerâmica piezoelétrica e um gatilho com uma espécie de martelo.

Quando apertamos o gatilho, o martelo dá uma pancada na cerâmica de tal forma que ela produz entre suas extremidades uma tensão que pode ultrapassar 2 000 V.

O resultado é que nos eletrodos colocado na parte frontal do acendedor é produzida uma faísca, suficientemente forte para acender o gás de um fogão.

Outra aplicação, que é a mais comum é nas pequenas pastilhas produtoras de som que encontramos em muitos aparelhos, como a mostrada na figura 5.

 

   Figura 5 – Transdutor comum de som ou buzzer
Figura 5 – Transdutor comum de som ou buzzer

 

Estas pastilhas podem ser encontradas sem invólucro ou ainda dentro de invólucros plásticos com os mais diversos formatos.

Quando aplicamos um sinal a este tipo de transdutor, a cerâmica se deforma, vibrando na mesma frequência.

O resultado é a produção de uma onda sonora.

Nas aplicações práticas é comum tentar fazer com que ela opere na frequência de ressonância, entre 1 000 e 3 000 Hz para os tipos comuns, quando o rendimento é maior e, portanto, o som mais intenso.

Podemos encontrar este tipo de transdutor já com o oscilador incluído produzindo tanto som contínuo como intermitente.

Assim, nestes casos, não precisamos de oscilador externo, bastando alimentar o buzzer com uma tensão contínua.

Na figura 6 temos alguns desses buzzer com oscilador.

 

   Figura 6 – Buzzer com oscilador interno
Figura 6 – Buzzer com oscilador interno

 

O buzzer da figura ou transdutor piezoelétrico com oscilador pode ser encontrado em versões de 3 a 15 V e produz um som de 2 800 Hz.

Veja que o tipo de alimentação para o transdutor sozinho e com oscilador é diferente.

Uma outra aplicação importante, utilizando cerâmicas capazes de operar com potências elevadas é na produção de ultrassons.

Limpadoras ultrassônicas podem então utilizar este tipo de transdutor.

Eles são montados em contato com um recipiente de inox para o qual transmitem os ultrassons gerados por um circuito potente.

Eletricamente os transdutores deste tipo se comportam como um capacitor, conforme mostra a figura 7.

 

    Figura 7 – Equivalente elétrico do buzzer
Figura 7 – Equivalente elétrico do buzzer

 

Eles apresentam então uma elevada impedância, o que significa um consumo muito baixo e uma facilidade de excitação pelos circuitos eletrônicos.

 

Aplicações

Para os transdutores comuns, sem oscilador, temos diversas possibilidade de uso com circuitos excitadores.

Uma configuração simples é mostrada no provador de continuidade da figura 8.

 

   Figura 8 – Provador de continuidade sonoro
Figura 8 – Provador de continuidade sonoro

 

A montagem deste circuito pode ser feita numa pequena matriz de contatos, conforme mostra a figura 9.

 

   Figura 9 – Montagem em matriz de contatos
Figura 9 – Montagem em matriz de contatos

 

Encostando uma ponta de prova na outra deve haver emissão de som.

Os transistores admitem equivalentes e os resistores são de 1/8 W com qualquer tolerância.

Pode-se alterar os capacitores para se modificar o som emitido.

Na figura 10 temos uma sugestão de caixa para a montagem.

 

   Figura 10 – Caixa para a montagem
Figura 10 – Caixa para a montagem

 

A figura 11 mostra um gerador de bips, um pouco mais complexo pois usa um circuito integrado e dois transistores.

 

   Figura 11 – Gerador de bips
Figura 11 – Gerador de bips

 

O intervalo entre os bips é dado por C1 e a frequência pelos outros dois capacitores do circuito.

A montagem numa matriz de contatos é mostrada na figura 12.

 

  Figura 12 – Montagem em matriz de contatos
Figura 12 – Montagem em matriz de contatos

 

Na montagem, observe a posição do circuito integrado e dos transistores.

Os resistores de são de 1/8 W com qualquer tolerância e a alimentação pode ser feita por tensões a partir de 5 V.

 

Conclusão

Estes dois exemplos mostram como podemos utilizar os transdutores cerâmicos na prática.

No site do autor, poderemos encontrar uma grande quantidade de circuitos que excitam estes componentes diretamente.