Neste artigo iremos mostrar como a rotina do profissional de reparação mudou bastante ao longo dos anos, ressaltando a importância de nos mantermos sempre atualizados com os avanços tecnológicos para que permaneçamos no mercado de trabalho.

 

Os constantes avanços tecnológicos, que se apresentam cada vez mais rápidos, transformou-se em um desafio para todo o técnico em manutenção. Manter-se atualizado tornou-se obrigatório. Com melhor acesso às informações, devido à internet, o profissional que trabalha com consertos e reparação de aparelhos eletrônicos está buscando cada vez mais conhecimentos sobre novos equipamentos, novas configurações de circuitos, esquemas elétricos de equipamentos modernos, datasheet de novos componentes, etc.

Para mostrar que a atividade do profissional em manutenção sofreu mudanças bruscas ao longo do tempo, selecionamos algumas rotinas muito comuns dos técnicos do passado (décadas de 80 e 90 principalmente) e comparar com o dia a dia nas oficinas de reparação dos técnicos em reparação atualmente.

 

Um pouco da rotina do técnico reparador do passado

a) Transcodificação de equipamentos importados:

Nas décadas de 80 e 90, aparelhos eletrônicos oriundos do exterior que trabalham com sinais de vídeo (televisores, videocassete, câmeras de vídeo, videogames, etc.), normalmente possuíam o sistema de cor NTSC, sendo necessário a montagem de um pequeno circuito para transcodificar (converter) para PAL-M, padrão adotado no Brasil, pois caso contrário, a imagem ficaria apenas em preto e branco. O profissional em manutenção deveria estar preparado para adaptar este circuito (uma plaquinha de circuito impresso) nos equipamentos importados, fazendo desta tarefa uma fonte de renda. Na figura 1, temos o diagrama em bloco de um circuito básico de um transcodificador de sinais NTSC para PAL-M.

 

Figura 1
Figura 1

 

 

b) Cordões de Rádio:

Muitos rádios antigos, sintonizadores e alguns outros aparelhos possuíam um cordão que movimentava o ponteiro na escala de frequências. Este cordão geralmente fazia um percurso determinado por polias de diversos tamanhos e mantinham uma certa tensão com o auxílio de uma ou mais molas.

O rompimento deste cordão ou seu escape de uma das polias era um problema que o técnico tinha de solucionar. Como para cada tipo de equipamento existia uma disposição diferente para o cordão, o percurso original deveria ser analisado cuidadosamente pelo técnico que, muitas vezes, necessitaria de uma boa dose de paciência ou ter sensibilidade para percebê-la, pois o aparelho muitas vezes não trazia essas informações no seu esquema elétrico.

Na figura 2 temos uma instalação muito comum de cordão de mostrador de rádio.

 

Figura 2
Figura 2

 

 

c) Burlar o tubo de raios catódicos:

Uma prática comum entre os técnicos consistia em desativar a proteção que muitos televisores de tubo de raios catódicos utilizavam para desligar de forma automática todo o aparelho no caso de uma pequena alteração no circuito RGB. Se os níveis de RGB não estiverem balanceados em alguns segundos após ser acionada a alimentação, este erro era detectado pelo microprocessador, acionando a proteção e desligando o televisor.

O procedimento era realizado desligando o fio na placa do tubo que leva a informação BLK IN (que vem do micro), depois soldando três diodos 1N4148 com cada anodo nos pinos RGB e os catodos todos unidos e ligados ao fio que leva a informação BLK IN. A figura 3 mostra o recurso técnico utilizado.  A modificação evitava a troca do tubo de imagem.

 

Figura 3: acréscimo de três diodos 1N4148 (em destaque) para inibir a atuação da proteção do televisor.
Figura 3: acréscimo de três diodos 1N4148 (em destaque) para inibir a atuação da proteção do televisor.

 

 

d) Outras práticas do passado:

- Desbloqueio de videogame;

- Alinhamento da parte mecânica dos videocassetes;

- Reativar (rejuvenescer) cinescópios;

- Enrolar manualmente transformadores.

 

 

Um pouco da rotina do técnico atualmente

a) Atualização de software:

Muitos problemas nos aparelhos atuais podem ser resolvidos apenas com a atualização de software. Realizar a atualização é um procedimento simples e importante para ficar em dia com as últimas correções de eventuais falhas (bugs) no equipamento. As atualizações normalmente são feitas copiando para um pen drive os arquivos disponibilizados nos sites dos fabricantes dos aparelhos e transferindo-os para o equipamento com problema. Após alguns minutos do carregamento dos dados, o defeito normalmente é solucionado.

Nos equipamentos Smart, o carregamento dos dados é realizado via internet, dispensando o uso do pen drive e tornando o procedimento mais prático.

 

b) Reflow:

Reflow é uma técnica onde os circuitos integrados que possuem encapsulamento BGA (Ball Grid Array) são aquecidos (através de uma estação de ar quente) ao ponto de fusão das esferas (soldas). Com isso, muitas vezes, as soldas voltam a fixar contato entre o componente e a placa, solucionando o problema.

O procedimento do reflow só deve ser realizado com autorização do cliente. É uma técnica que tem o objetivo de recondicionar as soldas (esferas de chumbo), podendo apresentar os mesmos problemas depois de um certo tempo de uso.

 

c) Trocar das barras de LEDs dos televisores:

Como sabemos, os televisores de tubo de raios catódicos foram substituídos atualmente pelos televisores de LEDs (Smart TV). Com isso, uma prática muito comum na rotina do técnico reparador consiste em substituir as barras de LEDs dos televisores modernos que, com o tempo, apresentam problemas.

 

d) Outras prática do presente:

- Gravar dados nas memórias Eprom;

- Uso frequente do osciloscópio;

- Utilização da estação de ar quente;

- Realização de reparos em aparelhos que usam componentes SMD com o auxílio do microscópio eletrônico.