Existem diversos tipos de transformadores que podem ser usados em montagens eletrônicas. Como muitos destes componentes são aproveitados de equipamentos fora de uso, e não possuem qualquer tipo de marcação, os montadores precisam saber como fazer testes de identificação e de estado. Analisamos neste artigo alguns testes que podem ser efetuados em transformadores com auxílio de um simples multímetro.
Basicamente são os seguintes os tipos de transformadores que usamos com maior frequência em nossas montagens:
a) saída de áudio
b) driver
c) alimentação ou força
Estes tipos diferem tanto pela relação entre as espiras dos enrolamentos como também pela própria especificação e modo de ligação. Analisemos separadamente cada um.
a) Saída de áudio
Os transformadores de saída de áudio são empregados na saída de amplificadores, para ligação nos alto-falantes. Normalmente eles servem para adaptar a alta impedância de saída da etapa de amplificação à baixa impedância do alto-falante, normalmente 4 ou 8 ohms.
Assim sendo especificados por duas impedâncias: um valor alto em ohms (entre 200 e 10 000) que vai ligado ao amplificador, e um valor baixo (4 a 8 ohms) que vai ligado ao alto-falante.
Na figura 1 temos dois transformadores deste tipo. O maior é utilizado em aparelhos valvulados e normalmente apresenta impedâncias de primário entre 2000 e 10 000 ohms. E especificado de acordo com a válvula do circuito em que funciona, como 6AQ5, 6L6 etc, ou pela impedância do enrolamento primário.
Os menores são utilizados em rádios transistorizados e apresentam impedâncias de primário entre 100 e 2000 ohms. Observe que estes possuem uma tomada central no enrolamento primário, pois são usados nas denominadas saídas em "push-pull" com dois transistores, para maior potência. Para testar um transformador deste tipo podemos utilizar diversos procedimentos:
Com o multímetro
Se você tem um multímetro pode verificar a continuidade dos enrolamentos do transformador, saber se estão bons e até mesmo identificar o primário de alta impedância e o secundário de baixa. Para isso, coloque o multímetro numa escala baixa de resistências (ohms x 10, por exemplo) e proceda como mostra a figura 2.
O enrolamento primário apresenta resistência maior que o secundário, mas o valor medido não é a impedância!
Se for medida uma resistência infinita é porque o transformador está "aberto", ou seja, as espiras estão interrompidas. Se a resistência for anormalmente baixa é porque existe curto-circuito e o componente não pode ser aproveitado. A prova de curto pode ser comprovada com o teste de isolamento, conforme mostra a figura 3. Se a resistência medida for baixa, existem problemas de curto-circuito ou contato entre os enrolamentos. Se a resistência for infinita, o transformador se encontra em bom estado.
A identificação dos enrolamentos é feita em função da resistência medida: o enrolamento primário (de maior impedância) apresenta urna resistência mais alta que o secundário.
Com um provador de continuidade
Um provador pode ser feito com ajuda de duas pilhas, um resistor de 47 ohms e um LED vermelho, conforme mostra a figura 4.
Os testes realizados são os mesmos do multímetro, com a diferença apenas na indicação, que deve ser interpretada da seguinte maneira:
• Led aceso — baixa resistência ou continuidade no enrolamento
• Led aceso mais fraco — resistência encontrada mais alta
• Led apagado — espiras abertas (interrompidas) ou isolamento em boas condições.
b) Driver
O transformador driver tem o mesmo aspecto dos de saída, tanto para válvulas como transistores, mas tem características elétricas diferentes. Um não pode ser usado em lugar do outro.
Os drivers são usados entre etapas de amplificação de rádios ou mesmo amplificadores de áudio. Como o aspecto externo do transformador driver é o mesmo do de saída, sua identificação não é fácil.
A primeira possibilidade é saber de onde ele foi retirado; nos circuitos de amplificadores ele fica antes do transformador de saída. Outra possibilidade é a medida das resistências dos enrolamentos; nos drivers a resistência de cada enrolamento é quase da mesma ordem, ou seja, não há uma resistência muito baixa e outra muito alta, como nos de saída.
c) Alimentação ou força
Os transformadores de alimentação ou força são usados nas entradas dos aparelhos alimentados pela rede de energia, para aumentar ou diminuir (ou ambas as coisas) a tensão.
Na figura 5 temos um transformador de força do tipo usado em aparelhos a válvulas, que tem enrolamentos de altas e de baixas tensões. Os enrolamentos de alta tensão podem fornecer de 125 a 450 volts com correntes de 0,02 a 0,1 ampères (20 a 100mA). Já os enrolamentos de baixa trabalham com 6,3 ou 5 volts e correntes que podem chegar a alguns ampères.
Os enrolamentos de entrada podem ter diversas tomadas, para se adaptar à tensão local da rede. A prova básica para este tipo de transformador consiste em se verificar se os enrolamentos apresentam continuidade. Isso pode ser feito do mesmo modo que na prova de transformadores de saída, com o multímetro ou com o provador de continuidade.
Os enrolamentos de tensões mais altas (entrada e alta tensão) terão resistências mais altas do que os de baixa tensão (6,3 e 5 volts).
Você poderá ligar o enrolamento de entrada deste tipo de transformador na rede de energia, através de um plugue, fazendo sua conexão nos pinos de acordo com a tensão (0 e 110 para 110 ou 0 e 220V para 220V). Na saída teremos as tensões correspondentes aos valores assinalados, lembrando apenas que elas são alternadas.
Na figura 6 temos um tipo de transformador menor, que tem um enrolamento de entrada (primário) que pode ser de 110V ou 220V (ou os dois) e um enrolamento de saída (secundário) de menor tensão, com tomada central. Esta tensão menor pode ser 5, 6, 9 ou 12 volts com correntes entre 20mA e 1A. Tanto mais grosso o fio deste enrolamento, maior sua corrente.
Para ligação na tomada, temos duas opções, conforme mostra a mesma figura. São usados os fios preto e vermelho se a rede for de 220V e preto e marrom se a rede for de 110V.
A prova deste transformador é semelhante aos demais: verificamos a continuidade do enrolamento. Para identificar o primário e secundário também é simples: o primário de 220V tem resistência maior que o de 110V, e ambos têm resistência maior que o secundário. (Figura 7). No caso de transformadores com secundários de 5 a 12 volts e correntes de 250mA a resistência medida será próxima de zero.
