Sensores ou detectores de passagem são empregados em máquinas industriais, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, alarmes e muitas outras aplicações. Como funcionam estes detetores e quais são as configuração mais comuns são assuntos importantes para o profissional da eletrônica e da automação. Neste artigo falaremos destes sensores dando uma coletânea de circuitos práticos.

 

Sensores ou detetores de passagem são circuitos que detetam a passagem de pessoas ou objetos pelo corte de um feixe de luz visível ou de infravermelho, conforme mostra a figura 1.

 

Sensor de passagem usado numa linha de produção.
Sensor de passagem usado numa linha de produção.

 

Com o corte de luz por um instante, um sinal de comando é produzido servindo para acionar os mais diversos tipos de dispositivos como contadores, automatismos, sistemas de aviso ou alarme, etc.

Podemos encontrar dispositivos em linhas de montagem onde a passagem do objeto que está sendo produzido faz o acionamento de algum tipo de dispositivos como os citados no parágrafo anterior.

Outra aplicação é em alarmes onde a passagem de uma pessoa entre o sensor e a fonte de luz provoca o disparo.

Finalmente temos o mesmo tipo de dispositivo em uma infinidade de eletroeletrônicos tais como para detectar a introdução de um CD num driver, de uma fita num videocassete ou quando chega o seu final e em muitas outras aplicações.

O tipo de configuração e de sensores que se usa para se fazer um detetor de passagem depende de diversos fatores tais como:

 

1. distância

O tipo de fonte de luz e de sensor depende em primeiro lugar da sua separação.

Para pequenas distância, como por exemplo num acoplador óptico ou numa linha de montagem ou dentro de uma máquina em que ela não supera alguns centímetros podemos usar LEDs como fontes de luz e sensores como foto-diodos, foto-transistores ou LDRs, conforme mostra a figura 2.

 

Sensores e fontes de luz.
Sensores e fontes de luz.

 

Para distâncias maiores a fonte de luz precisa ser intensa, o sensor pode ser qualquer um dos anteriores, mas eventualmente devem ser usados recursos ópticos, como lentes, para se obter maior sensibilidade e maior diretividade também.

 

 

Velocidade

A velocidade com que o objeto a ser detetado passa diante do sensor é outro fator a ser considerado.

Se o sensor for lento e o objeto passar rapidamente, a detecção não ocorre.

Os LDRs são sensores relativamente lentos servindo para aplicações em que não temos uma frequência de passagem maior do que alguns quilohertz.

Já, os foto-diodos e foto-transistores podem detetar passagens em velocidades superiores a 10 MHz dependendo do tipo.

 

 

Tipo de radiação usada

Para se evitar a interferência da luz ambiente ou ainda para se obter maior alcance e maior diretividade pode-se usar uma fonte de luz modulada.

Desta forma, o sensor deve ser capaz de responder à frequência da modulação caso em que as aplicações exigem o uso de foto-diodos e foto-transistores, já que os LDRs são lentos para esta aplicação.

Na prática, a montagem do sistema consiste numa fonte de luz que aponta para um sensor deixando espaço livre para que o objeto a ser detectado passe entre ambos, conforme mostra a figura 3.

 

Arranjo típico para um detetor de passagem.
Arranjo típico para um detetor de passagem.

 

 

 Esta montagem pode incluir recursos ópticos e ser de dois dispositivos isolados como mostra a figura.

No entanto, para montagens industriais em que uma engrenagem ou um disco perfurado ou ainda chanfrado deve ser o agente de controle do circuito, pode-se usar uma chave óptica como a mostrada na figura 4.

 

Usando uma chave optica.
Usando uma chave optica.

 

 Chaves ópticas que já incorporam internamente tanto o emissor de luz infravermelha como circuitos sensores que vão desde foto-transistores comuns até foto-Darlingtons e Foto-Disparadores Lógicos como os mostrados na figura 5, podem ser encontradas no comércio especializado.

 

Tipos de chaves (ou acopladores) ópticos.
Tipos de chaves (ou acopladores) ópticos.

 

  O tipo de sensor a ser escolhido, conforme já explicamos, depende de diversos fatores.

 

 

CIRCUITOS PRÁTICOS

Damos a seguir uma coletânea de circuitos práticos que usam desde LDRs de baixa velocidade e acionam relés, até circuitos de alta velocidade e que fazem uso de fontes de luz modulada.

Também daremos alguns circuitos acessórios como detetores de tom e moduladores que podem ser usados em projetos práticos.

Lembramos que os valores dos componentes usados devem ser eventualmente alterados em função da aplicação específica para se otimizar o desempenho e que os transistores marcados com (*) são equivalentes indicados a partir da fonte original que sugere o circuito e que faz uso de componentes que não mais podem ser encontrados facilmente no nosso mercado.

Eventualmente, em função do uso de equivalentes, a alteração de valores de resistores de polarização pode ser necessária para se obter o melhor desempenho do circuito.

 

 

1. Sensor de Passagem com LDR (I)

Este primeiro circuito é bastante simples e se o LDR for montado num tubo opaco com lente, sua sensibilidade permite uma separação de até mais de 1 metro entre o sensor e a fonte.

A fonte de luz é uma lâmpada de 5 a 12 V com pelo menos 100 mA de corrente dependendo da distância de separação.

Uma lâmpada incandescente de 5 a 40 W também pode ser usada, para conexão na rede de energia.

A sensibilidade é ajustada no trimpot de 1 M Ω e o relé deve ter uma corrente máxima de bobina (acionamento) de 50 mA, com tensão de acordo com a alimentação usada. O circuito é mostrado na figura 6.

 

Sensor de passagem com LDR (I).
Sensor de passagem com LDR (I).

 

 Lembramos que, com a passagem de um objeto diante do relé, ele fechará por um breve instante seus contactos enviando assim um pulso de controle ao circuito externo.

Trata-se portanto de um circuito de ação momentânea e não monoestável ou biestável.

Podemos usar os contactos do relé para acionar um monoestável com o circuito integrado 555, por exemplo, se assim a aplicação o exigir.

 

 

2. Sensor de Passagem com LDR (II)

Este circuito é mais sensível do que o anterior no sentido de que podemos usar fontes de luz mais fracas e mais distantes.

O sensor deve ser montado em tubo opaco com lente que focalize a fonte distante.

Distâncias de até mais de 5 metros podem ser cobertas com esta configuração.

O ajuste é feito no trimpot de 4,7 M Ω, e o relé deve ter uma bobina de acordo com a tensão de alimentação e corrente máxima de 50 mA.

O circuito também é de ação lenta produzindo um breve fechamento dos contactos do relé quando acionado.

Recomenda-se este circuito para detecção de objetos extensos e lentos.

A fonte de luz pode ter as mesmas características do circuito anterior. A configuração é mostrada na figura 7.

 

Sensor de passagem com LDR(III).
Sensor de passagem com LDR(III).

 

 

 

3. Detetor Monoestável (I)

A ação monoestável pode ser um fator importante em muitos projetos.

Entende-se por ação monoestável a produção de um pulso de saída de duração constante que independe da velocidade ou extensão do objeto detetado, ou seja, do tempo de interrupção do feixe de luz.

Esta ação pode ser obtida facilmente com a ajuda de um circuito integrado 555 na configuração monoestável.

O tempo de duração do pulso de saída depende de R e de C no circuito da figura 8. A constante de tempo é dada por:

 

T = 1,1 x R x C

 

O ajuste do ponto de disparo do circuito depende da intensidade da fonte de luz de pode ser feito por um trimpot de 100 k Ω no pino 2.

Para fontes fracas este potenciômetro pode ser aumentado para 1 M Ω.

Lembramos que o circuito integrado 555 pode excitar diretamente uma etapa com um relé ou ainda etapas de circuitos lógicos de tecnologia TTL ou CMOS.

As fontes de luz dependem da sensibilidade desejada. O circuito completo deste detetor é mostrado na figura 8.

 

Detector monoestável (I).
Detector monoestável (I).

 

 

 

4. Detetor Monoestável (II)

Trata-se de uma versão equivalente à anterior mas com um tipo de ação diferente e maior sensibilidade.

Este circuito contém recursos para que o pulso de disparo do 555 sejade duração constante evitando problemas de repiques com objetos que tenham fendas ou ainda formatos irregulares.

Ao mesmo tempo, a adição do transistor aumenta a sensibilidade do circuito que pode cobrir distâncias maiores.

Da mesma forma que o anterior temos um comportamento monoestável em que o tempo em que a saída permanece no nível alto depende de R e de C conforme fórmula já dada.

O circuito, que pode ser alimentado com tensões de 5 a 15 V excita tanto etapas com relés ou outras cargas como é compatível com tecnologia TTL e CMOS.

O circuito completo para este detetor é mostrado na figura 9.

 

Detector Monoestável (II).
Detector Monoestável (II).

 

 

 5. Detetor com Foto-Transistor

Um primeiro circuito que faz uso de um foto-transistor como detetor é que é indicado para a cobertura de pequenas distâncias – até 10 mm - (pode ser usada uma chave óptica) é o mostrado na figura 10.

Este circuito aciona um relé quando o feixe de luz que incide no foto-transistor é cortado.

Para distâncias bem pequenas a fonte de luz pode ser um diodo emissor de luz visível ou infravermelha.

O relé tem bobina de no máximo 50 mA e tensão de acordo com a usada para a alimentação da etapa.

Lembramos que este circuito produz um pulso apenas durante o tempo em que o objeto corta o feixe de luz e que portanto não tem ação monostável.

O circuito completo é mostrado na figura 10.

 

Detector com fototransistor.
Detector com fototransistor.

 

 

 

6. Detetor Sensível Com Foto-Transistor

Este circuito faz uso de dois transistores numa configuração de acoplamento direto e aciona diretamente um relé cujas características dependem da tensão de alimentação usada.

A corrente de acionamento do relé deve ser no máximo de 50 mA, devendo ser consioderada a queda de tensão no resistor de realimentação de 10 Ω.

A fonte de luz é uma pequena lâmpada de baixa tensão que tem sua luz focalizada no foto-transistor a uma distância de até 3 cm.

Fontes mais potentes e recursos ópticos podem aumentar esta distância.

O resistor de 1 k eventualmente pode ser alterado conforme as características de acionamento desejadas para o circuito. Na figura 11 temos o diagrama completo deste detector de passagem.

 

Detector sensível com fototransistor.
Detector sensível com fototransistor.

 

 

 7. Detetor Lógico (I)

O circuito apresentado na figura 12 aciona diretamente uma porta lógica TTL exigindo pois alimentação de 5 V.

O resistor R1 determina a sensibilidade do circuito. O nível lógico de saída depende do fato da luz no sensor ser cortada ou incidir no mesmo, lembrando que a porta TTL atua como um inversor.

Outras funções inversoras-disparadoras (Schmitt) podem ser usadas na mesma configuração.

 

Detector lógico (I).
Detector lógico (I).

 

 

 8. Detetor Lógico Sensível (II)

Esta segunda configuração usando uma porta lógica com saída compativel TTL faz uso de um transistor amplificador para se obter maior sensibilidade.

O capacitor atua como um filtro evitando a ação de espúrios que possam aparecer ao se cortar a luz incidente no sensor.

O resistor de 15 k Ω na base do transistor determina a sensibilidade e eventualmente pode ser alterado na faixa de 4k7 a 47k, conforme a aplicação.

O circuito é mostrado na figura 13 e qualquer foto-transistor comum pode ser usado como sensor.

 

Detector lógico sensível (II).
Detector lógico sensível (II).

 

 

 

9. Detetor de Luz Modulada

Um recurso para se evitar a influência da luz ambiente ou ainda a ação de fontes de luz externas no circuito detetor é o uso de luz modulada.

O sinal resultante de um circuito sensor como o mostrado na figura 6 é um tom de frequência igual à usada na modulação e pode ser aplicado a um PLL para detecção ou ainda a um circuito reconhecedor de outro tipo, incluindo os que fazem uso de DSPs.

No circuito indicado, o resistor de 22 k Ω em série com o sensor pode ser alterado em fuinção da sensibilidade desejada.

O foto-transistor usado deve ser de tipo escolhido de acordo com a aplicação, mas em geral os tipos comuns como o TIL78 admitem operação com sinais modulados em até algumas centenas de quilohertz.

O circuito completo para esta aplicação está na figura 14.

 

Detector de Luz Modulada.
Detector de Luz Modulada.

 

 

 10. Receptor de Luz Modulada de Alta Velocidade

Sinais modulados em até alguns megahertz podem ser detetados com o circuito mostrado na figura 15 que faz uso de um foto-diodo como sensor e um transistor de efeito de campo de baixa potência como elemento amplificador.

A sensibilidade depende do resistor de 100 k Ω em série com o foto-diodo, o qual pode ser alterado conforme a aplicação.

O capacitor C tem seu valor escolhido na faixa de 1 nF a 100 nF conforme a frequência de modulação do sinal recebido.

A alimentação pode ficar entre 5 V e 15 V tipicamente. O sensor pode ser qualquer foto-diodo ou mesmo uma junção PN de um foto-transistor.

 

Receptor de Luz Modulada de Alta Velocidade.
Receptor de Luz Modulada de Alta Velocidade.

 

 

 11. Monostável Para Linha de Montagem

O circuito da figura 16 é sugerido pela Texas Instruments em seu manual de optoeletrônica e consiste num sensor de passagem para objetos numa esteira de linha de montagem.

Este circuito usa um foto-transistor para detetar a passagem do objeto o qual gera uma transição lógica numa porta disparadora do tipo 7414.

Esta transição é usada para disparar um monoestável TTL que gera um pulso de contagem ou controle de duração constante no pino 6 de saída.

O tempo de duração deste pulso depende do resistor de 15 k e do capacitor de 10 nF componentes estes que podem ser alterados em função da aplicação desejada.

 Recursos ópticos junto à fonte de luz e ao sensor podem ser usada para se aumentar a sensibilidade e alcance.

 

Monoestável para linha de montagem.
Monoestável para linha de montagem.

 

 

 

12. Sensor de Bóia

Este circuito, mostrado na figuera 17, também é sugerido pela Texas Instruments e mostra como pode-se controlar o nível de um reservatório de água (ou outro líquido transparente utilizando-se sensores de passagem).

O que temos são dois sensores que são posicionados em níveis diferentes do reservatório sendo focalizados em fontes de luz que no caso são LEDs.

O corte do feixe de luz por uma bóia faz com que os circuitos sensores atuem sobre um flip-flop TTL montado com portas de um 7402 mudando-o de estado.

Assim, temos a produção de sinais no nível A e B que servem tanto para ligar uma bomba para encher o reservatório no nível B como para desligá-la quando a bóia atingir o nível A.

O circuito deve ser alimentado com 5 V e a sensibilidade elevada exige que os focos de luz dos LEDs sejam rigorosamente apontados para os sensores que não podem receber luz de outras fontes.

 

Sensor de bóia.
Sensor de bóia.

 

 

 

CIRCUITOS COMPLEMENTARES

Para operar com os circuitos indicados podem ser necessários alguns circuitos complementares. Alguns deles são dados a seguir:

 

 

1. Etapas de Potência

Na figura 18 damos alguns circuitos simples de etapas de potência que podem ser alimentadas por saídas TTL diretamente acionando relés e outras cargas.

 

Etapas de potência.
Etapas de potência.

 

 

 

 2. Detetor de Tom

Um circuito que deteta quando um tom de baixa frequência (100 Hz a 500 kHz) está ausente, podendo ser usado nos sensores que fazem uso de luz modulada é o mostrado na figura 19.

Este circuito faz uso de um PLL NE567 que é sintonizado no trimpot. Quando o tom de entrada deixa de ser reconhecido o relé ligado na saída é acionado.

 

O relé desatraca quando o sinal sintonizado desaparece.
O relé desatraca quando o sinal sintonizado desaparece.