Este transmissor emite um ruído que cobre a faixa de 1 MHz até mais de 200 MHz, preenchendo assim todo o espectro onde possa operar um transmissor espião. Ligado num escritório, num local de conversações sigilosas ele impede que um transmissor de escuta opere satisfatoriamente, pois interfere justamente no receptor. O alcance é da mesma ordem que o transmissor, dependendo apenas de sua antena, que neste caso não tem limitações de espaço.
Se a eletrônica tem muitos dispositivos de espionagem que podem causar problemas a quem tem algum tipo de segredo, ela também pode ajudar na neutralização destes dispositivos.
Assim, para o caso mais comum que é o da escuta de conversas por meio de transmissores que normalmente operam na faixa de FM (VHF) e nas suas vizinhanças existe a contra-medida que é o transmissor de ruídos.
Este aparelho produz um forte ruído que cobre as transmissões nesta faixa, evitando assim que um receptor próximo tenha sucesso em captar os sinais de um transmissor espião.
Evidentemente, o sinal deste transmissor não pode ir muito além do que se espera para a localização de um receptor espião, e muito menos interferir nos receptores comuns das vizinhanças.
Assim, suspeitando da existência de um transmissor espião, basta ligar no local o transmissor de ruído ou anti-espião que ele se encarregará de produzir um sinal que poderá neutralizar a ação do inimigo.
Um forte chiado vai cobrir toda a faixa de recepção entre 1 e 200 MHz aproximadamente, evitando assim a ação do sistema inimigo de escuta.
Características:
* Tensão de alimentação: 12 a 15 V
* Corrente consumida: 30 mA (tip)
* Faixa de frequências coberta: 1 a 200 MHz (aprox.)
* Alcance: 50 a 100 metros (dependendo da antena)
COMO FUNCIONA
Quando um diodo é polarizado no sentido inverso circula uma corrente que de fuga que depende de sua temperatura. Como o diodo está acima do zero absoluto, a agitação térmica dos átomos do material semicondutor libera portadores de carga que são responsáveis por esta corrente.
Ocorre, entretanto que esta liberação é totalmente irregular, resultando assim numa corrente que não é absolutamente contínua mas sim um ruído que preenche todo o espectro eletromagnético.
Desta forma, um diodo comum de silício como D1 polarizado no sentido inverso é um verdadeiro gerador de ruído, com boa intensidade.
O que fazemos então é aplicar este sinal de cobre todo o espectro inicialmente à base de um transistor amplificador de baixa potência Q1, onde ele sofre uma primeira amplificação.
Retirado do coletor deste transistor, o sinal é levado à base de um segundo transistor onde sofre nova amplificação.
De modo a fazer com o circuito amplificador não opere com a mesma tensão elevada de alimentação temos a redução por meio do resistor R2 e dos 4 diodos (D4 a D7) que polarizados no sentido direto funcionam como um zener.
Veja que o circuito amplificador deve ser totalmente aperiódico, ou seja, não deve ser sintonizado, para que o sinal gerado cubra todo o espectro.
Evidentemente, este "espalhamento" do sinal também significa uma distribuição da potência do aparelho que precisa de uma antena algo grande para poder ter efeito. Esta antena é um fio esticado de 2 a 5 metros de comprimento.
MONTAGEM
Na figura 1 temos o diagrama completo do transmissor.
A disposição dos componentes numa pequena placa de circuito impresso é mostrada na figura 2.
Os transistores e os diodos admitem equivalentes. Para os transistores podemos usar qualquer NPN de RF como os BF495, BF254, etc. enquanto que para os diodos qualquer tipo de silício de uso geral como o 1N914 serve.
Os resistores são de 1/8W e todos os capacitores devem ser cerâmicos.
O choque de RF é um micro-choque comum e seu valor não é crítico podendo ficar entre 47 uH e 470 uH sem problemas. O leitor também pode enrolar este choque. Ele será formado de aproximadamente 80 voltas de fio esmaltado bem fino sobre um resistor de 100 k? x 1/2 watt.
Como o consumo de corrente é muito baixo, o aparelho pode ser alimentado por pilhas. No caso devem ser usadas 8 pilhas pequenas em série. Dois suportes de 4 pilhas ligados em série servem para esta finalidade.
O conjunto cabe facilmente numa caixinha plástica de pequenas dimensões. A antena ficará enrolada nesta caixa e esticada apenas no momento em que o aparelho for usado.
PROVA E USO
Ligue nas proximidades do transmissor um rádio de FM sintonizado numa estação fraca ou fora de estação. Ligue o transmissor de ruído nas proximidades. O nível de chiado deve cobrir apenas as estações fracas, já que as mais fortes possuem potência para vencer o sinal do transmissor.
Ajuste P1 para obter o maior nível de chiado.
A uma distância de uns 10 metros do transmissor, o sinal deve ser suficiente para tampar a emissão de um pequeno transmissor de escuta.
Para maior potência de emissão troque os 4 diodos em série (D4 a D7) por um zener de 6 ou 9V e reduza R2 para 470 ?. O resistor R8 deve ser aumentado para 100 ? neste caso.
Comprovado o funcionamento, para usar o aparelho basta instalá-lo no local em que se pretende conversar, esticando a antena de modo que o sinal possa se propagar por certa distância em torno do local. Se houver um transmissor pequeno operando neste local, seu sinal será "tampado" pelo transmissor de ruído.
LISTA DE MATERIAL
Semicondutores:
Q1, Q2 - BF494 ou equivalente - transistores de RF
D1 a D7 - 1N4148 ou equivalente - diodos de silício de uso geral
Resistores: (1/8W, 5%)
R1 - 1 k ?
R2 - 820 ? x 1/2W
R3 - 100 k ?
R4 - 470 ?
R5 - 270 ?
R6 - 47 k ?
R8 - 47 ?
P1 - 47 k ? - trimpot
Capacitores:
C1 - 100 nF - cerâmico
C2 - 470 nF - cerâmico
C3 - 220 pF - cerâmico
Diversos:
XRF - 100 µF - microchoque
A - antena - ver texto
Placa de circuito impresso, caixa para montagem, material para fonte de alimentação ou suporte de pilhas, fios, solda, etc.