Mata-moscas de alta tensão podem ser vistos em açougues e outros estabelecimentos onde os insistentes insetos costumam se reunir, dada a presença de alimentos. Neste artigo mostramos como o leitor pode construir seu próprio mata-moscas, se na sua região ou casa, a frequência dos insetos está acima do normal, perturbando seu bem estar. O circuito tem consumo relativamente baixo e simplesmente "fulmina" as moscas e outros insetos que são atraídos por uma lâmpada fluorescente especial.
Os mata-moscas de alta tensão têm um princípio de funcionamento bastante simples de entender: uma lâmpada fluorescente de cor apropriada atrai os insetos que ao tentarem atingi-la se deparam com uma grade de metal onde existe alta tensão.
Tendo de passar pelos espaços entre as grades a presença do inseto causa a descara que o fulmina instantaneamente, conforme mostra a figura 1.
Ao passar entre as barras, ocorre a descarga de alta tensão
Sob a armadilha é colocado um recipiente onde os insetos mortos são recolhidos.
Evidentemente, esta mesma armadilha pode ser usada no campo para atrair pragas que devastam as lavouras como, por exemplo, as que se propagam na forma alada e podem ser atraídas por lâmpadas fluorescentes ou outras fontes de luz.
O circuito que descrevemos neste artigo é simples. Consiste numa fonte de alta tensão (entre 2 000 e 7 000 volts) sob regime de baixa corrente e de baixo consumo e uma lâmpada fluorescente comum de cor apropriada para atrair os insetos.
COMO FUNCIONA
O gerador de alta tensão consiste basicamente num oscilador de relaxação com SCR.
O diodo retifica a tensão da rede e o resistor R1 limita a corrente no circuito. Esta tensão retificada carrega um capacitor de valor relativamente alto, o valor de pico da tensão da rede que se aproxima de 150 V na rede de 110 V e se aproxima de 300 V na rede de 220 V.
Em paralelo com o capacitor é ligado um SCR formando um oscilador de relaxação que tem por carga o enrolamento primário de um transformador de alta tensão.
Assim, ao mesmo tempo em que o capacitor maior se carrega, um capacitor menor (C2) também o faz através de R2 e de P2 até ser atingida a tensão de disparo de uma lâmpada neon, da ordem de 80 volts.
Quando isso ocorre a lâmpada ioniza conduzindo a corrente e provocando a descarga de C2 pela comporta do SCR que então dispara.
Com o disparo do SCR o capacitor C1 se descarrega pelo enrolamento primário do transformador de alta tensão gerando um pulso de 2 000 a 7 000 volts. Esta alta tensão é aplicada na grade que rodeia a lâmpada fluorescente na armadilha.
Com a descarga dos dois capacitores, o SCR desliga e o recomeça o processo.
Podemos ajustar P1 para que a frequência dos pulsos seja de alguns hertz de modo a não haver tempo sem carga na grade e que possibilite a passagem de algum inseto sem problemas.
O circuito da lâmpada fluorescente é bastante simples, já que se trata de configuração tradicional usando um reator e um starter.
MONTAGEM
Na figura 2 temos o diagrama completo do mata-moscas eletrônico.
Diagrama completo do mata-mosca
A disposição dos componentes numa placa de circuito impresso é mostrada na figura 3.
Placa de circuito impresso para mata-mosca
O resistor de fio R1 deve ser montado um pouco afastado da placa de circuito impresso de modo a se facilitar sua ventilação. O capacitor C1 deve ser do tipo de poliéster de 1 à 4,7 uF com uma tensão de trabalho que depende da tensão da rede de energia. Para redes de 110 V este capacitor deve ter uma tensão de trabalho de pelo menos 200 V. Para redes de 220 V este capacitor deve ser de pelo menos 400 V.
Também podem ser usados eletrolíticos com as mesmas tensões mínimas de trabalho e valores na faixa de 1 à 10 uF.
A lâmpada neon é comum NE-2H ou equivalente.
O SCR deve ser sufixo B ou D se a rede de energia for de 110, 117 ou 127 volts. Deve ser usado um SCR com sufixo D se a rede for de 220 volts. Este componente não precisa de radiador de calor já que opera com pulsos de curta duração e a corrente média é muito baixa.
Para o transformador de alta tensão temos duas opções. A primeira consiste em se usar uma bobina de ignição comum de carro que fornece um bom desempenho nesta aplicação. A outra possibilidade consiste em se usar um transformador de saída horizontal (flyback) que pode ser aproveitado de um velho televisor fora de uso.
Neste caso precisaremos enrolar o primário que vai consistir de 8 a 10 voltas de fio comum no núcleo de ferrite, conforme mostra a figura 4.
Fly-back
Os pontos de conexão aos eletrodos serão obtidos experimentalmente no caso do flyback. No caso da bobina ignição como temos um terminal comum aos dois enrolamentos as ligações devem ser feitas conforme mostra a figura 5.
Usando uma bobina de ignição autêntica
Para a grade por onde devem passar os insetos podemos usar barras de cobre ou outro metal que devem ser montadas como mostra a figura 6.
Montando a grade
Podemos usar duas tampas de plástico como suporte e fazer furos separados de 0,5 cm. Nestes furos serão encaixados e colados os fios ou barras de cobre que formam a grade. Depois soldamos alternadamente os fios que vão ser ligados ao circuito de tal forma que barras adjacentes fiquem sob potenciais diferentes.
As barras podem ter seu tamanho calculado de modo que a lâmpada também possa ser instalada presa às tampas.
Para conexão do circuito à armadilha deve ser usado fio bem isolado e não muito comprido, dada a alta tensão existente.
Também é importante notar que o sistema deve ser posicionado longe da possibilidade de alguém tocar nas grades, pois além de haver uma tensão muito alta presente não há isolamento da rede de energia no caso do uso da bobina de ignição.
Para a lâmpada fluorescente podem ser usados fios comuns de alimentação que serão ligados na rede de energia.
Procure uma cor de lâmpada que atraia insetos. Os tipos violeta ou próximos desta cor são os mais eficientes para atrair insetos.
AJUSTES E USO
Ligando o setor de alta tensão na rede de energia deveremos ouvir um leve chiado no transformador T1 indicando que ele está oscilando. A lâmpada neon deve acender ou piscar rapidamente.
Devemos então ajustar P1 para o ponto máximo próximo daquele em que ocorrem faíscas entre as barras. Talvez nos dias úmidos estas faíscas passem a ocorrer, exigindo neste caso uma redução da tensão do circuito.
Se os pulsos tiverem pequena intensidade pode ser necessário aumentar o valor de C1 ou ainda de C2. Faça experiências no sentido de obter os valores ideais que casem com as características dos demais componentes, principalmente do transformador T1.´
Uma vez feito o ajuste, verifique se a lâmpada acende normalmente.
Depois é só fazer a instalação definitiva da armadilha.
Uma idéia interessante consiste em se adaptar o gerador para se ter armadilha para outros tipos de insetos.
Para o caso de baratas, por exemplo, damos na figura 7 uma sugestão.
O circuito mata-baratas
Neste caso, entretanto, pode ser usado algum tipo de alimento doce para atrair os insetos para a armadilha.
LISTA DE MATERIAL
Semicondutores:
SCR - TIC106-B para a rede de 110V ou TIC106-D se a rede for de 220V - diodo controlado de silício
D1 - 1N4004 para a rede de 110V ou 1N4007 para a rede de 220V - diodo de silício
Resistores:
R1 - 1,5 k ? x 10 W - fio, para a rede de 110V ou 2,2 k ? x 10 W - fio, para a rede de 220V
R2 - 10 k ? x 1/8W
P1 - 1 M ? - trimpot
Capacitores:
C1 - 1 à 4,7 uF - poliéster ou eletrolítico - ver texto para as tensões de trabalho
C2 - 47 nF - poliéster para 100 V ou mais
Diversos:
F1 - 1 A - fusível
T1 - Transformador de saída horizontal ou bobina de ignição de carro, ver texto
NE-1 - lâmpada neon NE-2H ou equivalente
X1 - Armadilha de grade - ver texto
X2 - Reator de acordo com a lâmpada fluorescente e tensão da rede de energia
X3 - Starter de acordo com a lâmpada fluorescente
X4 - Lâmpada fluorescente de 15 a 40 watts - ver texto
Placa de circuito impresso, caixa para montagem, cabo de força, material para a armadilha, soquetes para a lâmpada fluorescente, fios, solda, suporte para o fusível, etc.