Este artigo é antigo, de a976, mas todos os projetos descritos são ainda viáveis pelos componentes que usam e têm um forte apelo didático. Apesar do AM estar com os dias contados, enquanto existirem as transmissões, estes projetos que descrevemos podem ser interessantes.
Quando conversamos com pessoas não praticantes de eletrônica logo ligam a palavra eletrônica basicamente e um tipo de aparelho: o rádio!
Evidentemente, sabemos que a eletrônica não é simplesmente rádio, mas devemos lembrar que foi praticamente com tal aparelho que ele começou e durante muito tempo se baseou totalmente nele.
Entretanto, como a palavra "rádio" ainda exerce uma atração muito forte sobre muitos não iniciados em eletrônica, a montagem desse tipo de aparelho pode chamar a atenção de muitos.
Veja, por exemplo, que, quando conversa- mos com estudantes de eletrônica ou pessoas que pretendem iniciar-se nessa ciência como ”hobby", percebemos que o primeiro interesse manifestado se refere justamente ã montagem de um receptor de rádio.
Mesmo os veteranos, se perguntarmos qual teria sido sua primeira montagem, na maioria dos casos a resposta será: o rádio a galena, a válvulas, ou qualquer outro.
As publicações técnicas atuais parecem ter esquecido o rádio e, com isso, o principiante. Não encontramos mais com a mesma frequência “planos" de montagem de receptores de rádio.
Levando em conta que montar um receptor transistorizado possa ser desejo de muitos, publicamos neste artigo três projetos, em graus crescentes de dificuldade, de receptores que poderão ser executados mesmo pelos mais inexperientes numa demonstração de que nem tudo que é interessante para o leitor tem de ser necessariamente complicado.
RÁDIOS ANTIGOS E RÁDIOS MODERNOS
O que é um receptor de rádio? A resposta para esta pergunta pode ser dada de diversas maneiras. Podemos, por exemplo, dizer que um rádio consiste num equipamento cuja função é captar ondas eletromagnéticas emitidas por uma estação distante e extrair desta onda a informação que ela transporta, transformando-a em som.
Para o principiante não familiarizado com o principio de funcionamento desse tipo de aparelho, baseando-se apenas nos receptores como ele conhece, tudo isso pode parecer bastante complicado.
Entretanto, devemos lembrar que os receptores de rádio que normalmente vemos são receptores bem elaborados, fruto de diversos anos de desenvolvimento das técnicas eletrônicas com o que se alia eficiência, compacidade e baixo custo num único equipamento.
Mas, para termos simplesmente um rádio, não precisamos de tudo isso. Para recebermos ondas eletromagnéticas e as convertermos em um sinal audível , não precisamos, necessariamente, de todas aquelas “peças'” que o leitor vê no seu "radinho" comum.
Os antigos receptores a galena, não tinham etapas de amplificação, isto é, o sinal da estação emissora já fornecia toda a energia necessária à operação do aparelho e o receptor não necessitava de pilhas ou de qualquer outra espécie de fonte de energia.
É óbvio que isso apresentava um sério inconveniente: para que a maior quantidade de energia possível pudesse ser obtida das estações, a antena deveria ser bastante longa e, mesmo assim, só era obtido som razoável num fone (figura 1) quando a estação captada era relativamente "forte" e estivesse próxima
Com o advento das válvulas foi possível obter-se uma amplificação para o sinal captado, isto é, o som poderia ter sua intensidade aumentada a ponto de poder acionar um alto-falante (figura 2).
Novas técnicas, o uso de diversas válvulas culminou com os receptores a válvula do tipo como conhecemos agora. O transistor começou a substituir a válvula pois podia realizar a mesma amplificação com economia de espaço e de energia, o que possibilitou a construção dos receptores portáteis. (figura 3).
Hoje, os receptores de rádio são do tipo transistorizado, normalmente empregando cinco ou mais transistores, obtendo-se, com isso, boa sensibilidade (capacidade de captar estações mais fracas) e boa seletividade (capacidade de separar estações próximas em frequência).
Perceba o leitor que não precisamos, necessariamente, de cinco transistores para termos um rádio. A sensibilidade do receptor dependerá do número de etapas de amplificação, ou seja, do número de transistores, mas a complexidade do circuito também dependerá disso.
Deste modo, levando em conta a inexperiência do montador, equilibramos sensibilidade com complexidade elaborando três projetos: um receptor mais simples de apenas um transistor e, portanto, apenas uma etapa de amplificação.
Este receptor de menor sensibilidade só pode excitar razoavelmente um fone e necessita de uma boa antena externa. O segundo receptor utiliza dois transistores e possui duas etapas de amplificação, possibilitando escuta num alto-falante das estações mais fortes, isso com uma boa antena externa. O terceiro receptor utiliza três transistores e tem três etapas de amplificação: é o mais sensível de todos permitindo a escuta em alto-falante, mesmo com uma pequena antena interna, das estações mais fortes.
A escolha de qual receptor montar deve ser feita em função do local em que o leitor residir. Por exemplo: se na sua cidade não existirem estações de rádio, o receptor de um transistor não terá sensibilidade para possibilitar a captação de estações distante e nada será ouvido.
Assim, analise as características dos três receptores dadas a seguir, e faça a escolha:
Receptor 1
Número de transistores: 1
Alimentação: 6 Volts (4 pilhas)
Tipo de escuta: Fone de alta impedância
Antena: 5 metros mínimo - externa para estações locais
Este receptor, por contar apenas com um transistor, não possui sensibilidade suficiente para captar estações distantes ou fracas. Assim, sua montagem só será indicada se em sua cidade houver alguma estação operando, ou ainda se você residir nas vizinhanças de alguma cidade como estações "fortes" (São Paulo, Rio, etc.).
Com isso, com uma antena externa de uns 5 metros de comprimento, no mínimo, uma boa recepção pode ser obtida. Para estações um .pouco “fracas", ou distantes, a antena deve ser mais longa para a obtenção de resultados satisfatórios.
Receptor 2
Número de transistores: 2
Alimentação: 6 Volts (4 pilhas)
Tipo de escuta: .em fone ou alto-falante
Antena externa ou interna com um comprimento mínimo de 5 metros.
Este receptor possui duas etapas de amplificação e com isso pode excitar convenientemente um alto-falante comum no caso das estações mais ”fortes" e mais próximas.
Para isso, deve ser usada uma boa antena externa e uma boa ligação à terra. Para as estações mais "fracas", a escuta só será possível num fone. Se você residir em cidades que tenham estações muito ”fortes" (São Paulo ou Rio),até mesmo com uma antena interna de 2 ou 3 metros, resultados satisfatórios podem ser obtidos.
Receptor 3
Número de transistores: 3
Alimentação : 6 Volts (4 pilhas)
Tipo de escuta:.Alto falante de 8 ohms
Antena: interna ou externa de 5 metros no mínimo.
A utilização de três transistores amplificadores permite a obtenção de boa sensibilidade com um sinal de intensidade suficiente para excitar bem um alto-falante comum, com as estações mais ”fortes".
Com isso, com uma boa antena externa, as estações mais "fracas" poderão ser ouvidas razoavelmente bem e as mais “fortes", até mesmo sem o uso de antena mas tão somente um pedaço de fio de uns 3 ou 4 metros esticado.
Este receptor é o mais sensível dos três sendo o tipo recomendado se o leitor residir em zona rural ou se na sua cidade não existirem estações de rádio, mas tão somente em alguma cidade vizinha.
Se a estação mais próxima estiver muito longe uma boa antena externa deve ser usada.
O QUE É NECESSÁRIO PARA A MONTAGEM
A obtenção dos componentes não é difícil já que todos se encontram em casas de material eletrônico, podendo, inclusive, haver aproveitamento de "peças" de velhos rádios, mesmo a válvula, caso do capacitor variável e do alto-falante, (figura 4)
Para a montagem, desenhos e instruções bastante pormenorizadas serão fornecidos de modo que, mesmo sem prática, bastará seguir o texto à risca e o receptor funcionará.
Como se trata de receptor especialmente projetado para o principiante, nenhum tipo de ajuste é necessário. Assim, se tudo estiver certo, completada a montagem, é só instalar a antena e fazer a ligação à terra que o aparelho deve funcionar imediatamente.
Com relação, às ferramentas para a montagem, podemos dividi-las em dois grupos: as ferramentas para o trabalho de fixação mecânica dos componentes e as ferramentas para os trabalhos de conexão.
Para o primeiro caso, como no protótipo optamos por uma base de acrílico (que pode ser adquirido em retalhos em casas de plásticos) usamos uma serra fina para cortá-la no tamanho apropriado e os furos foram feitos com uma furadeira elétrica comum.
As pontes de terminais foram fixadas com parafusos de 1/8" enquanto que para o capacitor variável usamos o próprio parafuso original de componente.
Deste modo, uma broca 9/64" é a mais recomendada para a furação. Para os fios de enlaçamento da bobina que a prenderão nas base, usamos uma broca mais fina: 5/64".
Para a parte de conexões, o soldador usado foi do tipo elétrico de pequena potência, não sendo recomendada a utilização de soldadores de mais de 30 Watts, pois o calor excessivo poderá danificar os componentes, especificamente o diodo semicondutor e os transistores.
Um alicate de corte lateral e um de ponta completarão o jogo de ferramentas juntamente com chaves de fendas.
A solda usada nas conexões deve ser do tipo normalmente empregado em serviços eletrônicos (60/40) podendo ser encontrada em casas de materiais eletrônico. Um metro será suficiente para a montagem de qualquer um dos três receptores (figura 5).
O fio usado para a interligação dos componentes é do tipo rígido com capa plástica. Para a antena e terra, assim como o enrolamento da bobina, optamos pelo fio flexível fino, normalmente usado nos trabalhos com transistores;
A BOBINA DE ANTENA E SINTONIA PARA OS TRÉS RECEPTORES
Um ponto comum às três montagens é a bobina de antena e de sintonia que são enroladas na mesma forma. A maneira como essa bobina e enrolada determinará a faixa de frequência das estações captadas. Como todos os três receptores são para a faixa de ondas médias (550 a 1600 kHz) a mesma bobina e utilizada para os três rádios.
Deste modo, antes mesmo de se decidir por qual receptor montar, o leitor já pode providenciar o enrolamento dessa bobina.
Um pormenor deve ser observado neste artigo: normalmente, no enrolamento de bobinas deste tipo, o fio mais recomendado é o de cobre esmaltado, por diversas razões técnicas, como, digamos, a baixa resistência que implica em melhor seletividade.
Entretanto, como não é fácil obter-se o fio esmaltado, já que só pode ser encontrado em casas de enrolamentos de motores (que na maioria) das vezes se recusam a vender os 5 ou 10 metros que necessitamos para a bobina) optamos pelo fio comum de capa plástica que pode ser encontrado em qualquer casa de material elétrico.
Como nossa montagem visa o principiante, preferimos sacrificar um pouco a seletividade em função de fácil obtenção de todo o material para a montagem. Uns 10 metros de cabinho para transistores é mais do que suficiente para a bobina. (ou fio telefônico cinza).
Essa bobina de antena deve ser enrolada num bastão de ferrite de 0,8 a 1,2 cm de diâmetro com um comprimento de 10 a 22 cm.
O número de espiras a ser enroladas e a posição em que tomada deve ser feita dependerá de fatores que discutiremos a seguir
SELETIVIDADE E SENSIBILIDADE
Em primeiro lugar, o número total de espiras de bobina, ou seja, de "voltas" de fio que devem ser dadas, dependerá de valor do capacitor variável que o leitor tenha adquirido. No comércio existem normalmente capacitores de 285 a 410 pF.
Qualquer tipo entre esses valores pode ser usado, bastante para isso que as diferenças de valores sejam compensadas pelo número de espiras da bobina.
O leitor não precisa se preocupar muito com isso, pois em caso de engano, o máximo que pode ocorrer é o deslocamento da faixa de sintonia, ou seja, as estações dos extremos da faixa poderão ser "podadas".
Para um capacitor variável de 410 pF a bobina deverá ter um número de espirais compreendido entre 60 e 80, enquanto que para um capacitor de 285 ou 365, o número de espiras deverá estar entre 80 e 100.
Com relação ao ponto em que deve ser feita a derivação, ou seja, em que o fio deve ser dotado de uma tomada (ver figura 7) dependerá de um fator bastante importante que é o equilíbrio entre a sensibilidade e a seletividade.
Antes de escolhermos o local de derivação devemos analisar o problema.: deslocando-se a tornada neste sentido reduz-se a seletividade e ou.aumenta-se a sensibilidade
a) Se na sua cidade houver apenas uma ou duas estações ”fracas", separadas de boa distância no ”mostrador", ou seja, tiverem frequências bastante diferentes, você deve preocupar-se em aumentar a sensibilidade do receptor mas não precisará- se preocupar com a seletividade, ou seja, o receptor deve ser sensível aos sinais fracos mas não precisa ter uma capacidade muito grande de separação das estações.
Neste caso, a tomada pode ser feita no meio ou a 2/5 do número de espiras da bobina. Se a bobina tiver 100 espiras faça a tomada entre a 40ª e a 50º .
Se a bobina tiver 80 espiras faça a tomada entre a 30ª e a 40ª (figura 8).
Observe o leitor que, deslocando a tomada para o lado do extremo superior, a sensibilidade aumenta mas, em compensação, a seletividade diminui.
O ponto de equilíbrio deve ser função das condições locais de recepção.
b) Se na sua cidade operarem estações “fortes", de frequências próximas, a seletividade será o requisito principal do receptor.
Se o leitor residir numa cidade como São Paulo ou Rio, que está, neste caso, esta é a bobina que deve ser enrolada.
Faça a tomada entre 1/5 e 2/5 das espiras. Se a sua bobina tiver 100 espiras faça a tomada entre a 20ª e 30ª espiras e se a sua bobina tiver 80 espiras entre a 15ª e a 20ª espira, conforme mostra a figura 9.
c) Se na sua cidade existir uma única estação "fraca" e toda sensibilidade for necessária para sua captação, a tomada deve ser feita a partir da metade do enrolamento. Entre 1/2 e 3/4 do enrolamento é o recomendado.
A bobina de antena enrolada sobre esta de sintonia consiste em 10 ou 15 espiras do mesmo fio enrolada numa camada superior (figura 10).
MONTAGEM NOS TRÉS RECEPTORES
RECEPTOR 1
Conforme mostra a figura 11, foi usada uma base de acrílico de 11 x 13 cm, com 4 pés plásticos fixados por meio de parafusos comuns.
Nesta base se encontram todos os componentes, exceto o suporte de pilhas e o fone de ouvido. Esses componentes são os seguintes:
a) capacitor variável (2 orifícios);
b) ponte de 8 terminais para o. transistor e demais componentes (2 furos);
c) ponte para soldagem dos terminais da bobina (2 furos);
d) ponte de terminais para a ligação da fonte de alimentação (1 furo);
e) ponte de terminais com parafusos para o fone (2 furos);
f) bobina de sintonia (4 furos);
Comece por fixar as pontes de terminais e o capacitor variável. Em seguida, solde o transistor, o capacitor C1 e o resistor R1 na ponte de terminais conforme mostra a figura 11.
O máximo de cuidado deve ser tomado com a soldagem do diodo, já que se trata de componente bastante sensível ao calor. Ao soldar o transistor observe a disposição de seus terminais.
Completada a fixação dos componentes, prenda a bobina por meio de dois elásticos ou dois pedaços de fio rígido, conforme mostra a figura 12.
Cuidado ao enrolar o fio rígido, para que não haja contacto elétrico entre seus extremos. Completada a fixação de todos os componentes proceda à soldagem dos terminais; em primeiro lugar da bobina e depois faça a conexão dos terminais do capacitor variável com fio rígido.
Em seguida, faça a interligação de todos os componentes com fio rígido, conforme mostra o desenho. Acompanhe o diagrama, se tiver dúvidas. (figura 13).
Depois faça a conexão dos fios correspondentes a antena e à terra, que devem ter, no mínimo, uns 3 metros de comprimento cada um e faca a conexão dos terminais do suporte de pilhas, atentando para a polaridade correta.
A antena poderá ser interna (se as estações locais forem ”fortes") ou externa (para melhor recepção), devendo ser construída cem fio rígido nu e isolada por duas castanhas de cerâmica nos extremos (figura 14).
Completada a montagem, ligue um fone magnético de alta impedância da ponte de terminais correspondente (não serve fone.de rádios portáteis, pois estes, normalmente, são de baixa impedância - se não tiver a mão este componente, veja mais adiante como fazer um), ligue a bateria colocando as pilhas no suporte.
Em seguida faça a conexão a antena e à terra. Essa ligação à terra pode ser feita de duas maneiras:
a) descasque uns 20 cm da ponta do fio e enrole numa torneira ou no encanamento de água no ponto em que ele penetra na terra ou ainda numa barra de metal enterrada pelo menos uns 40 cm no solo (figura 15).
b) Ligue, por meio de um capacitor de 0,005 uF (cerâmico ou poliéster) o fio ao polo negativo da tomada, aproveitando, portanto, o neutro da rede de alimentação.
Coloque o fone nos ouvidos e gire o variável até sintonizar alguma estação. A intensidade do som e o número de estações captadas dependerão de diversos fatores tais como:
a) tamanho da antena;
b) potência das estações e distância a que se encontram;
o) eficiência da ligação à terra;
d) montagem feita;
e) qualidade dos fones;
f) uso de componentes corretos.
Se o receptor não funcionar corretamente, verifique a possibilidade de algumas exigências dos itens anteriores não terem sido satisfeitas.
RELAÇÃO DOS COMPONENTES
Q1 - transistor BC548 ou equivalente
D1 - Diodo semicondutor 1N60 ou equivalente
C1 - 0,033 uF (33nF) poliéster
C2 - Capacitor variável (ver texto)
R1 - Resistor de carvão de 1M
L1 - Bobina de antena e sintonia (ver texto)
F1 - Fone magnético de alta impedância (2 000 a 10 000 Ohms)
B1 - Bateria de 6 Volts (4 pilhas ligadas em Série)
Diversos: pontes de terminais, suporte de pilhas, base de montagem, fios, parafusos, solda, antena, etc.
RECEPTOR 2
Também para este receptor, a exemplo do primeiro, utilizamos uma base de acrílico de 11 x 16 cm (o leitor poderá usar madeira compensada se tiver dificuldade em obter acrílico).
Nesta base são ”fixados os seguintes componentes (fig 16).
a) capacitor variável (2 furos);
b) ponte de 10 terminais para os componentes soldados (2 furos);
c) ponte de 7 terminais para a bobina (2 furos)
d) ponte de 3 terminais para a fonte de alimentação (1 furo);
e) bobina de antena (4 furos);
f) alto falante (optativo).
Fora da placa, no protótipo, foram instalados o alto falante e a fonte de alimentação que consiste num suporte de 4 pilhas pequenas.
Inicie por fazer a furação da base de montagem e fixar, em seguida, as pontes de terminais, o capacitor variável e a bobina. Utilize para as pontes, parafusos de 1/8" x 1/2" e para o variável, os parafusos indicados para esse componente.
A bobina é fixada por meio de elásticos enlaçados ou fio rígido, conforme o receptor número 1. Em seguida, solde os transistores e demais componentes na ponte de terminais. Observe cuidadosamente a polaridade do diodo e dos transistores.
O transformador é do tipo comumente usado como saída de receptores transistorizados, com terminais rígidos que são soldados na ponte sustentando o próprio componente.
Os que oferecerão melhores resultados serão os que apresentarem uma impedância de primário da ordem de 1 k. O terminal central encontrado num dos enrolamentos (o primário) não é ligado, podendo ser cortado se assim o leitor preferir.
Depois de soldados todos os componentes na ponte, faça a interligação com os demais, usando para isso fio rígido com capa plástica. São feitas 6 ligações, conforme se pode observar na figura 16.
Finalmente, complete a montagem realizando as conexões externas correspondentes ao alto falante, a ligação da antena, da terra e da bateria (que é o suporte das 4 pilhas).
Completada a montagem, ligue um dos fios a uma antena de, pelo menos, 5 metros (interna ou externa, conforme o receptor anterior) e o outro fio a uma boa terra (conforme o receptor anterior também), e coloque as pilhas no suporte ligando a unidade com isso. Gire o capacitor variável até sintonizar alguma estação.
O número de estações captadas e a intensidade do seu som dependerão dos seguintes fatores (figura 17 diagrama):
a) eficiência da antena;
b) potência das estações e distância em que se encontram;
o) eficiência da ligação à terra;
d) montagem bem feita;
e) qualidade do alto falante;
f) utilização de componentes conforme as especificações.
Observamos que, para desligar o receptor, bastará retirar as pilhas do suporte.
Por medida de economia foi suprimido o controle de volume e o interruptor da fonte de alimentação.
Com relação à sensibilidade do receptor podemos dizer que o protótipo, montado em São Paulo, usando como antena um pedaço de fio de uns 5 metros esticado ao ar livre, captamos 4 estações mais ”fortes" com bom volume para o alto falante.
Outras puderam ser ouvidas, mas com intensidade apenas para excitar um fone. Com uma antena maior, estas também poderiam excitar o alto falante.
RELAÇÃO DE COMPONENTES
Q1, Q2 - transistores BC548 ou equivalentes
D1 - diodo de germânio 1N60 ou equivalente
C1 - Capacitor variável (ver texto)
C2 - Capacitor de poliéster de 15 a 33 nF
R1 - Resistor de 4,7 M
T1 - Transformador de saída para transistores (ver texto)
L1 - Bobina de antena e sintonia – ver texto
FTE- Alto falante de 8 ou 16 Ohms (10 centímetros ou menor)
Diversos: suporte para 4 pilhas, base de madeira, pontes de terminais, fios, solda, knob para o variável, etc.
Receptor 3
A base para a montagem deste receptor é de acrílico (ou madeira) de 15 x 15 cm com todos os componentes, exceto o suporte de pilhas, montados em cima.
São os seguintes esses componentes:,
a) capacitor variável (2 furos);
b) alto-falante quadrado de 10 cm (2 furos);
c) bobina de antena e sintonia (4 furos)
d) ponte de 2 terminais para ligação da antena e terra (2 furos);
e) ponte de 17 terminais para os componentes (2 furos);
f) ponte de 11 terminais para a bobina e outras ligações (2 furos).
Comece a montagem fixando na base todos os componentes, exceto o alto falante que é o último. Para isso use parafusos de acordo com o componente a ser fixado e elásticos para a bobina.
O alto-falante é preso na posição vertical depois de toda a montagem ser feita, por meio de ”L" de metal com dois furos (figura 18).
Fixados os componentes proceda a sua soldagem, começando pelos transistores e pelo diodo semicondutor. Atente para a sua posição já que se houver qualquer inversão o receptor não funcionará.
Em seguida solde os terminais da bobina, os capacitores eletrolíticos e os demais componentes. Observe a polaridade dos capacitores eletrolíticos. Com relação aos resistores, o código de cores é dado juntamente com a lista de material.
Completada esta fase, faça a interligação dos diversos componentes usando fio rígido e ligue o suporte de pilhas observando a polaridade. O diagrama do receptor é dado na figura 19 para maior orientação do leitor.
Para a antena e terra são feitas conexões semelhantes aos receptores anteriores.
Completada a montagem ligue a unidade colocando pilhas no suporte. Ligue os terminais correspondentes a uma antena conforme seu caso e também à terra. Gire o variável até sintonizar alguma estação.
Neste caso também, a recepção dependerá de diversos fatores:
a) potência das estações locais;
b) eficiência da antena e da ligação à terra;
c) perfeição da montagem;
d) qualidade dos componentes que devem estar de acordo com as especificações;
e) boa qualidade do alto-falante.
Observamos que, tanto neste receptor como no anterior, fones de ouvido do tipo normalmente usado em rádios portáteis podem ser usados no lugar do alto-falante sem nenhuma alteração no circuito.
A título de orientação, podemos dizer que, em São Paulo, usando como antena um pedaço de fio de 4 metros estendido sobre os móveis vizinhos à bancada e como terra o neutro da tomada, captamos cerca de 5 ou 6 estações com sinal suficiente para excitar o alto-falante e outras com sinais mais ”fracos", para escuta em fone.
Com uma antena externa de maiores dimensões, mais estações poderiam ser ouvidas.
RELAÇÃO DE COMPONENTES
Q1,Q2, Q3 - Transistores BC548 ou equivalentes
D1 - Diodo de germânio 1N60 ou equivalente
C1- Capacitor variável (Ver texto)
C2 – Capacitor de poliéster de 33 nF
C3 - Capacitor eletrolítico de 5 uF 6 V
C4 - Capacitor eletrolítico de 100 uF x 6 V
R1 - Resistor de 4,7M (amarelo, violeta, verde)
R2 - Resistor de 10 k (marrom, preto, laranja)
R3 - Resistor de 2,2 M (vermelho, vermelho, verde)
FTE - Alto falante de 8 Ohms - 10 cm (4 polegadas)
Diversos: 4 pilhas, suporte para 4 pilhas, base de montagem, fios, pontes de terminais,.knob para o variável, etc.
CONSTRUINDO UM FONE MAGNÉTICO DE ALTA IMPEDÂNCIA
Um fone magnético pode ser improvisado utilizando para esta finalidade um alto-falante comum do tipo miniatura para receptores transistorizados com 8 ohms de impedância e um transformador de saída do tipo normalmente empregado em' receptores a válvula.
O desenho e o diagrama (figura 20) ilustram bem como isso deve ser feito.
O alto-falante é instalado numa caixa de plástico ou outro material, tendo uma série de furos para saída do som e neste lado será apoiado nos ouvidos.
O transformador de saída, pelo seu tamanho, é fixado numa base de madeira com terminais para a ligação dos fios. A impedância que este fone apresentará dependerá da impedância de primário do transformador de saída.
Recomendamos transformadores de saída para circuitos com válvulas que apresentem de 2 500 a 10 000 Ohms de impedância (transformador de saída para a válvula 6AQ5) serve perfeitamente.
FONTE DE ALIMENTAÇÃO PARA OS RECEPTORES
Se o leitor não quiser usar pilhas, mas desejar alimentar os receptores a partir da rede de alimentação, poderá montar a fonte ilustrada na figura 21.
O transformador tem um primário para 110 ou 220 Volts e um secundário para 6 Volts 150 mA. O diodo usado é do tipo 1N4001.
Artigo publicado originalmente em 1976