Recursos eletrônicos são importantes, tanto nas pesquisas realizadas pelas ciências convencionais como também pelas não convencionais. E, estas ciências não convencionais, justamente por ainda não se fixarem em bases firmes, são as mais exigentes em matéria de equipamentos, exigindo o desenvolvimento de novas técnicas e de novos conceitos. Dentre as ciências não convencionais que podem ser pesquisadas com nosso aparelho, e que foram até motivo de um congresso em importante universidade, citamos a parapsicologia, a fitobiônica, a ufologia e a acupuntura. Um psico-pesquisador multiuso é 0 que oferecemos, neste artigo, aos leitores interessados. N

Qualquer que seja a ciência, ela deve dispor dos recursos mais modernos para suas pesquisas e assim chegar aos resultados que permitam a sua fixação em bases sólidas.

Entretanto, os equipamentos eletrônicos de pesquisas, por mais simples que sejam, quando do tipo profissional, são praticamente inacessíveis ao pesquisador comum.

Seu custo é elevado e, além disso, não são disponíveis a não ser através de importações, o que em nossos tempos consiste num obstáculo quase que insuperável.

Os mais curiosos, aqueles que desejam iniciar suas próprias pesquisas em escala menor por não disporem de recursos, entretanto, não estão totalmente impedidos disso, por falta de equipamento.

Circuitos simples de montagem artesanal podem perfeitamente ajudar nos primeiros passos e até ser de grande utilidade na comprovação de alguns fenômenos importantes.

O que propomos neste artigo é justamente isso. Um aparelho muito simples, sensível e de muitas utilidades, para ser usado nas pesquisas paranormais, e mesmo no laboratório de biologia.

O nosso psico-pesquisador nada mais é do que uma combinação de conversor analógico-digital com um miIi-voltímetro ou condutímetro sensível

Com este aparelho podemos converter variações de resistência, que pode ser da pele de uma pessoa usada como voluntária, em variações de tonalidade do som emitido por um alto-falante; podemos converter variações da resistência da folha de uma planta em variações sonoras; ou ainda usar diversos tipos de transdutores para converter em som, variações de temperatura, luz, etc. (figura 1)

 

Figura 1 – Aplicação prática
Figura 1 – Aplicação prática

 

Numa segunda função essas pequenas variações podem ser diretamente indicadas num sensível instrumento.

O aparelho é extremamente simples, muito fácil de manejar, e ainda, por ser alimentado por pilhas comuns, é totalmente portátil.

O pesquisador, com facilidade, poderá levá-lo aos mais diversos locais, facilitando principalmente os que realizam pesquisas de campo. (figura 2)

 

Figura 2 – Usando em pesquisa de campo
Figura 2 – Usando em pesquisa de campo

 

Como trata-se de um projeto muito mais dedicado aos que se interessam por pesquisas não convencionais do que praticantes veteranos da eletrônica, descreveremos a montagem de maneira bem simples e pormenorizada, facilitando assim sua execução.

 

COMO FUNCIONA

Na figura 3 temos a estrutura em blocos de nosso aparelho.

 

Figura 3 – Diagrama de blocos do aparelho
Figura 3 – Diagrama de blocos do aparelho

 

O primeiro bloco representa o circuito de entrada e tem por elementos básicos um transistor, um potenciômetro de ajuste e três terminais de entrada onde serão ligados os transdutores, ou os eletrodos de pesquisa.

O comportamento deste bloco dependerá do tipo de “coisa” que se pretende detectar, mas em termos gerais é o seguinte (figura 4):

 

Figura 4 – O circuito de entrada
Figura 4 – O circuito de entrada

 

O transistor funciona como um amplificador capaz de aumentar a intensidade das pequenas correntes que possam aparecer circulando através do terminal B.

Podemos obter esta corrente através de uma resistência externa de grande valor ligada entre A e B. Assim, ajustando-se o potenciômetro de modo a equilibrar o transistor em sua polarização, conseguimos uma corrente mínima na situação inicial.

Um aumento desta corrente inicial será então amplificado pelo transistor, aparecendo no seu emissor.

Veja que esta resistência externa pode ser, por exemplo, a pele de um voluntário que segurará dois eletrodos ou então uma folha de uma planta. Importante notar é que a presença do transistor permite que a corrente que circule por esta resistência externa seja extremamente pequena, da ordem de milionésimos de ampère incapaz, portanto, de causar choque ou qualquer tipo de dano ao ser vivo que estiver sendo analisado, se este for o caso.

Do mesmo modo, podemos ligar sensores como um diodo BA315 ou um LDR, caso em que o aparelho passará a trabalhar com as grandezas que estes transdutores sentem.

No caso do diodo teremos a percepção de variações de temperatura e no caso do LDR a percepção de variações de luz.

Na figura 5 mostramos a ligação do LDR e como “sentir”, no caso, variações de luz refletida num anteparo, para eventual estudo de “projeções mentais" feita em parapsicologia, utilizando-se para focalizar o LDR um pequeno tubo de papelão.

 

Figura 5 – Experimento com o LDR
Figura 5 – Experimento com o LDR

 

As correntes amplificadas pelo primeiro transistor são enviadas à segunda etapa do aparelho, que tem função dupla, dependendo da chave comutadora S1.

Numa função esta chave coloca no circuito, formado por dois transistores, um capacitor e um resistor de realimentação que o fazem funcionar como um oscilador de áudio. A frequência deste oscilador dependerá tanto do valor de C1 como também da corrente que será fornecida pelo primeiro transistor, da etapa anterior. (figura 6)

 

Figura 6 – Funções a chave comutadora
Figura 6 – Funções a chave comutadora

 

Isso significa que variações da corrente deste transistor que são amplificadas convertem-se em variações de frequência. Nesta função a saída é ligada a um alto-falante de modo que estas variações de frequência são ouvidas na forma de variações de som.

Na outra função os dois transistores desta etapa funcionam como amplificadores de corrente contínua e alimentam um medidor a partir do transistor de entrada.

As variações de corrente do transistor de entrada aparecem amplificadas no medidor.

O circuito é muito sensível e tanto pode ser alimentado com tensão de 3 V como de 6 V, ou seja, 2 ou 4 pilhas pequenas, as quais terão grande durabilidade.

 

OS COMPONENTES

Os componentes usados na montagem são todos comuns, sendo encontrados com facilidade a baixo custo nas casas especializadas.

A caixa é a sugerida na figura 7, e pode ser de madeira, plástico, ou metal.

 

Figura 7 – Sugestão de caixa
Figura 7 – Sugestão de caixa

 

O alto-falante determinará basicamente as dimensões da caixa, já que este pode ser, desde o tipo pequeno (5 cm) até o maior (10 cm).

Os transistores são de uso geral. Para Q1 e Q2 podem ser usados os BC548 ou qualquer equivalente como o BC237, BC239, BC547. Para Q3 temos o BC558 ou equivalentes como o BC307, BC308 ou BC557.

Outros podem ser experimentados desde que se observe o tipo e a terminação.

M1 é um VU-meter de 200 µA, comum, do tipo empregado em aparelhos de som.

Escolha um não muito pequeno, e que tenha uma escala, se possível, com marcação linear, ou seja, em que a separação dos números seja uniforme. Isso o ajudará nas anotações de leitura em suas pesquisas.

P1 e P2 são potenciômetros comuns e seus valores são os dados no esquema. Para P1, o leitor pode utilizar como equivalente de melhor desempenho um potenciômetro de 10 M, se bem que seja mais difícil de encontrar.

S1 é uma chave de 1x 2 (1 polo x 2 posições) que também pode ser substituída por uma de 2 x 2 (metade não usada). S2 é um interruptor simples.

Os resistores são de 1/8 W e os capacitores podem ser tanto cerâmicos como de poliéster. As marcações destes capacitores podem ser feitas de diferentes modos, conforme o tipo.

Para os de poliéster teremos as faixas marrom, preta e amarela, a partir do lado oposto aos terminais, e para os cerâmicos a marcação pode vir como 100 n, 0,1 ou 104.

O leitor precisará ainda de suporte para 2 ou 4 pilhas, botões para os potenciômetros, placa de circuito impresso ou ponte de terminais, 3 bornes de cores diferentes para as entradas e fios.

 

MONTAGEM

Os montadores com mais recursos podem optar pela versão em placa de circuito impresso, enquanto que os dotados de menos recursos podem optar pela versão em ponte, já que as pontes podem ser adquiridas prontas em pedaços de tamanhos diversos.

As ferramentas empregadas são as de sempre: soldador de pequena potência, alicate de ponta, alicate de corte, chaves de fendas, etc.

Na figura 8 mostramos o circuito completo do psico-pesquisador.

 

Figura 8 – Circuito completo do aparelho
Figura 8 – Circuito completo do aparelho

 

Na figura 9 temos a versão em ponte de terminais, Observe que os terminais dos componentes, como de R3 e Q2, C2 e C3, que são sem isolamento, não podem encostar uns nos outros, a não ser nos pontos de solda.

 

Figura 9 - Montagem em ponte de terminais
Figura 9 - Montagem em ponte de terminais

 

Na figura 10 temos a versão em placa de circuito impresso.

 

Figura 10 – Placa de circuito impresso
Figura 10 – Placa de circuito impresso

 

Para a versão em ponte, damos uma sequência de cuidados que devem ser observados, garantindo assim o sucesso da montagem:

a) Solde em primeiro lugar os três transistores, observando que a parte achatada fica voltada para cima. Veja também que Q3 é diferente de Q1 e Q2, pois são de tipos diferentes. A soldagem deve ser feita rapidamente, pois estes componentes são sensíveis ao calor.

b) Depois solde os capacitores C1 e C2, observando bem os terminais da ponte em que são ligados. Cuidado para que o terminal de C2 não encoste nos terminais de Q3. Levante-o um pouco se for necessário. Seja rápido nesta operação, pois os capacitores também são sensíveis ao calor.

c) Agora o montador soldará os resistores, menos R5. Veja que a marcação de valor destes componentes é feita pelas faixas coloridas. Siga a lista de materiais, se tiver dúvidas.

d) Faça a ligação do fio (1) que interliga os dois pontos indicados no desenho. Não use fio muito comprido.

e) Soldaremos agora os componentes fora da ponte, começando por R5 no potenciômetro P2. Corte os terminais de R5 para que se ajustem em posição e depois proceda à soldagem. Ligue depois um fio de P2 até a ponte de terminais e outro até o medidor M1. No medidor M1 o fio ligado deve ir ao terminal marcado (-). Se não existir esta marcação, ligue em qualquer um dos terminais, porque depois, se for preciso, faremos a inversão, conforme o funcionamento.

f) Ligue agora o interruptor S1 ao medidor M1 e também à ponte de terminais. Depois, faça a ligação do alto-falante com dois fios, indo um ao interruptor S1 e o outro à ponte, na junção de Q2 com C2. Veja que será conveniente antes o leitor verificar exatamente como vai fixar todas estas peças na caixa, e com isso determinar os comprimentos ideais dos fios destas ligações.

g) Ligaremos agora o suporte das pilhas, com a soldagem do fio (-), normalmente de cor preta, à ponte de terminais. O fio vermelho vai ao interruptor S2. De S2 sai um segundo fio que vai à ponte de terminais, no emissor de Q3.

h) Para ligar P1 são usados 3 fios. Um extremo vai à junção do fio (1) com O1. O outro fio, do meio, vai ao resistor R1, e finalmente o extremo inferior vai ao ponto de junção de Q2 com C2.

Completamos a montagem com a ligação dos três bornes (A), (B) e (C) nos pontos indicados nos desenhos.

Depois de tudo isso, o leitor deve conferir cuidadosamente sua montagem e, se tudo estiver em ordem, poderá fazer uma prova de funcionamento.

 

PROVA E USO

Coloque as pilhas no suporte, observando a sua polaridade. Use pilhas novas. Ligue o aparelho, acionando S2.

Depois, coloque inicialmente a chave S1 na posição que liga o alto-falante, ou seja, na posição de conversor analógico/digital.

Ajustando P1, você deverá ouvir um apito se a chave estiver na posição certa.

Ajuste P1 até o ponto imediatamente abaixo daquele em que o apito desaparece.

Agora, colocando os dedos, um no terminal A e outro em B, deve haver a emissão de som. A tonalidade dependerá da pressão feita com os dedos ao segurar estes bornes. (figura 11)

 

Figura 11 – Testando o aparelho
Figura 11 – Testando o aparelho

 

Solte os bornes e passe a chave S1 para a posição que liga o medidor.

Segurando do mesmo modo os bornes A e B, deve haver movimentação da agulha do instrumento. Ajuste P2 para que este movimento não'ultrapasse o final da escala.

Se o ponteiro tender a movimentar-se em sentido contrário ao normal, ou seja, para esquerda, inverta os seus fios de ligação.

 

Possíveis problemas:

a) Não há oscilação quando tocamos nos bornes. Ligue momentaneamente o coletor e o emissor de Q1. Se o som ocorrer, o problema estará em Q1 ou então em P1. Se nada acontecer, verifique Q2 e 03 e suas ligações.

b) O instrumento permanece constantemente em seu máximo. Desligue o resistor R3 momentaneamente. Se nada acontecer com o medidor, é sinal que Q2 ou Q3 se encontra com problemas. Se o ponteiro cair a zero, é sinal que o problema está em C1.

Comprovado o funcionamento, o leitor poderá usá-lo.

Diversas são as possibilidades de uso para o psico-pesquisador. Na maioria delas o leitor precisará de eletrodos que serão ligados aos bornes através de pinos, conforme mostra a figura 12.

 

Figura 12 – Ligação de sensores
Figura 12 – Ligação de sensores

 

Nesta mesma figura mostramos o uso como um “psico-galvanômetro", ou detector de mentiras, para detecção de pequenas variações da resistência da pele do indivíduo em prova.

Na figura 13 mostramos a ligação do aparelho numa folha de planta para detecção de sua possível atividade biológica com variações de resistências (fitobiônica).

 

Figura 13 – Experimento com plantas
Figura 13 – Experimento com plantas

 

Para usar com sensores como um diodo BA315 (temperatura) ou um LDR (luz), temos a ligação na figura 14.

 

Figura 14 – Trabalhando com luz e calor
Figura 14 – Trabalhando com luz e calor

 

No caso do diodo é importante observar sua polaridade e também sua prontidão, ou seja, ele tem certa inércia que impede que as respostas sejam imediatas.

 

CONCLUSÃO

O tipo de pesquisa a ser realizada, a interpretação dos dados colhidos e também o modo de utilizar o aparelho dependerão muito do preparo do leitor na área visada.

Veja que não será eventualmente na primeira experiência que já poderão ser obtidos dados concretos. O leitor deverá antes estudar a maneira de usar o aparelho, eliminando as possíveis fontes de informações interferentes, para depois programar as experiências e finalmente chegar às suas conclusões.

Nem mesmo com os aparelhos profissionais a coisa é tão simples e direta, quanto mais com um que não pretende ser mais do que uma montagem artesanal para iniciação.

 

Q1, Q2 - BC548 ou equivalente – transistores NPN

Q3 - BC558 ou equivalente – transistor PNP

MI – VU de 200 µA

FTE - alto falante de 8 Ω

P1 - 4M7 ou 10 M - potenciômetro

P2 - 47 k - potenciômetro

C1, C2 -100 nF - capacitores cerâmicos ou de poliéster

S1 - chave de 1 x 2

S2 - interruptor simples

R1 - 1M5 - resistor (marrom, verde, verde)

R2 – 10 k - resistor (marrom, preto, laranja)

R3 - 47k - resistor (amarelo, violeta, laranja)

R4 - 1k2 - resistor (marrom, vermelho, vermelho)

R5 – 10 k - resistor (marrom, preto, laranja)

B1 - 3 ou 6 V - 2 ou 4 pilhas pequenas

Diversos: placa de circuito impresso ou ponte de terminais caixa para montagem, botões para os potenciômetros, suporte para as pilhas, bornes isolados de cores diferentes, fios, solda, etc.

 

 

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