Este é mais um artigo que disponibilizamos em nosso site e que trata do funcionamento do Triac. Outros artigos podem ser encontrados com abordagens ligeiramente diferentes. A diferença está na época em que foram feitos e também no tipo de público a ser atingido. Este é parte de nosso livro Curso de Eletrônica – Eletrônica de Potência
ART1028S
Estrutura do Triac
O Triac, outro membro da família dos tiristores, pode ser considerado como um componente obtido pela ligação de dois SCRs em oposição, tendo em comum um eletrodo de disparo (gate), conforme o leitor na figura 1.
![Figura 1 – Dois SCRs em oposição podem ter suas funções reunidas num dispositivo único, o triac
Figura 1 – Dois SCRs em oposição podem ter suas funções reunidas num dispositivo único, o triac](/images/stories/artigos2018/art3977_0001.gif)
É claro que, no processo de fabricação, os dois dispositivos são obtidos de uma única pastilha de silício, conforme mostra a figura 2.
![Figura 2 – Estrutura do Triac
Figura 2 – Estrutura do Triac](/images/stories/artigos2018/art3977_0002.gif)
Cada um dos “SCRs” que formam o Triac já tem o seu funcionamento conhecido, de modo que podemos imaginar este componente como alguma coisa como uma “chave bilateral”, que conduz a corrente nos dois sentidos, portanto, e que pode ser disparada por um sinal aplicado ao seu elemento de comporta.
Observe que o Triac tem dois terminais principais: MT1 e MT2 e um terminal de comporta.
A curva característica do triac é mostrada na figura 3. Observe que ela equivale a dois SCRs em oposição com a característica do primeiro quadrante ”rebatida” para o terceiro.
![Figura 3 –Curva característica do triac
Figura 3 –Curva característica do triac](/images/stories/artigos2018/art3977_0003.png)
O significado das diversas tensões e correntes que aparecem neste gráfico será explicado no item “especificações”.
O TRIAC é usado em circuitos de corrente alternada (apenas) ligado em série com a carga, conforme será possível ver na figura 4.
![Figura 4 – O Triac no controle de uma carga alimentada pela rede de energia
Figura 4 – O Triac no controle de uma carga alimentada pela rede de energia](/images/stories/artigos2018/art3977_0004.png)
Para dispará-lo devemos aplicar uma tensão positiva ou negativa em sua comporta, o que permite fazer seu disparo nos circuitos de corrente alternada em qualquer dos semiciclos.
A tensão de disparo para este componente é da ordem de 2 V, e correntes típicas na faixa dos 10 mA aos 200 mA são encontradas, dependendo da potência do componente.
Os Triacs podem ser disparados de 4 modos diferentes, o que deve ser observados nas suas aplicações:
Modo I+: nesta modalidade o terminal MT2 estará positivo em relação a MT1, e a corrente de comporta tem sentido tal, que entra no componente, ou seja, Gate positiva.
Modo I-: nesta modalidade o terminal MT2 é positivo em relação a MT1, e a corrente de gate sai do componente, ou seja, temos uma comporta polarizada negativamente.
Modo III+: nesta modalidade o terminal MT2 está negativo em relação a MT1 e a comporta positiva, ou seja, com a corrente entrando no componente.
Modo III-: nesta modalidade em que temos o terminal MT2 negativo em relação ao MT1 e aplicamos um pulso negativo ao terminal de disparo.
Na figura 5 temos os modos de disparo do Triac.
![Figura 5 – Modos de disparo do triac
Figura 5 – Modos de disparo do triac](/images/stories/artigos2018/art3977_0005.png)
Nas modalidades I+ e III- obtemos maior sensibilidade ao disparo para o Triac do que nas outras modalidades.
Invólucros
Os Triacs são obtidos nos mesmos invólucros dos SCRs, transistores de potência e MOSFETs. Em alguns casos fica difícil saber do que se trata, se é mesmo um Triac somente observando os códigos.
A Texas Instruments, por exemplo, tem uma série de SCRs e Triacs que recebem a denominação “TIP” e têm todos os mesmos invólucros. O ideal é consultar o datasheet.
Na figura 6 temos invólucros comuns para Triacs.
![Figura 6 – Triacs comuns
Figura 6 – Triacs comuns](/images/stories/artigos2018/art3977_0006.gif)
Como esses dispositivos são utilizados em controles de potência que operam com correntes elevadas, todos são dotados de recursos para montagem em dissipadores de calor.
![Figura 7 – Montagem de um triac num dissipador de calor
Figura 7 – Montagem de um triac num dissipador de calor](/images/stories/artigos2018/art3977_0007.png)
Especificações do Triac
Da mesma maneira que no caso dos SCRs, precisamos conhecer as principais especificações dos Triacs para poder usá-los convenientemente.
Os limites devem ser respeitados para que o componente não venha a queimar-se.
As principais especificações que devemos observar para os Triacs são:
- Tensão máxima de trabalho (VDRM)
Esta característica refere-se à máxima tensão que pode aparecer entre os terminais de um TRIAC quando ele se encontra desligado. Para os tipos comuns ela pode variar entre 50 ou 100 V até mais de 1 000 V.
Podemos especificar esta tensão também em termos de pico, para pulsos de curta duração, de modo que nos manuais aparecem as condições em que o valor é válido.
Para a maioria dos casos, entretanto, o valor refere-se ao pico de uma tensão senoidal, já que a principal aplicação do componente é justamente em circuitos ligado à rede local.
- Corrente máxima IT(RMS)
Veja que o valor indicado já tem a especificação de que se trata de uma corrente rms, ou seja, o valor eficaz da corrente alternada, já que o componente normalmente operará em circuitos de corrente alternada.
- Corrente de disparo IGT
Temos aqui a indicação da sensibilidade do comportamento ao disparo, sendo esta corrente especificada em termos de miliampères.
É importante também saber a intensidade máxima da corrente que podemos aplicar na comporta (gate) do TRIAC sem perigo de estragá-lo, já que em muitas aplicações são usados dispositivos especiais para esta finalidade.