O multímetro é o instrumento indispensável de toda bancada de trabalhos eletrônicos, principalmente do reparador. Com ele não medimos apenas grandezas elétricas, mas podemos fazer muito mais descobrindo características de componentes e circuitos. Neste artigo exploramos um pouco mais sobre o uso do multímetro.

Nos nossos livros ”Os Segredos no Uso do Multímetro”, “Conserte Tudo” e “Como Testar Componentes” descrevemos dezenas de utilidades para o multímetro e como usar o que consideramos o mais importante de todos os instrumentos eletrônicos.

Hoje podemos contar com multímetros com preços extremamente baixos, o que significa que ele não é apenas indispensável como também muito acessível.

Ninguém que pretenda praticar eletrônica de alguma forma deve ficar sem um multímetro, por mais simples que ele seja.

Deste artigo vamos descrever alguns usos importantes e pouco comuns para o multímetro.

Recomendamos que o leitor tenha um multímetro de pelo menos 2 000 ohms/volt de sensibilidade para que os testes descritos possam ser realizados de modo preciso.

 

a) Descobrindo a Impedância de um Alto Falante

Alto-falantes de aparelhos antigos ou mesmo comprados em lojas de componentes podem vir sem a indicação de impedância o que pode impedir seu uso num projeto mais crítico.

O processo que descrevemos a seguir permite descobrir a impedância de um pequeno alto-falante.

Para isso, precisamos de um resistor de 18 ohms ou 22 ohms x 2 W e de um transformador que tenha tensão de secundário de 6 V com 200 a 300 mA de corrente.

Ligando o resistor em série com o alto-falante de impedância desconhecido, aplicamos um sinal de 60Hz (*) ocorrendo a reprodução de um ronco (que já serve para comprovar que ele está bom).

A figura 1 mostra como o resistor e o alto-falante são ligados e como conectamos o multímetro numa escala baixa de CA para fazer as medidas.

 

   Figura 1 – Conexão para medida de impedância
Figura 1 – Conexão para medida de impedância

 

 

O resistor e o alto-falante formam um divisor de tensão em que, de um lado temos a resistência do resistor e do outro lado a impedância, valendo então a fórmula da figura 2 para cálculo.

 

 

   Figura 2 – Calculando a impedância
Figura 2 – Calculando a impedância

 

De um modo geral, podemos dizer que para um alto-falante de 4 ohms a leitura no multímetro será de aproximadamente 5 V e se for de 8 ohms aproximadamente 4,5 V.

Será ter um alto-falante de impedância conhecida para fazer comparação.

(*) Não podemos associar os valores medidos à impedância real, pois ela não é especificada na maioria dos alto-falantes para uma frequência de 60 Hz, no entanto, o procedimento pode ajudar, por comparação.

 

b) Valores de Capacitores Cerâmicos

A mesma ideia de um divisor capacitivo serve para determinar os valores de capacitores, conforme mostra a figura 3.

 

   Figura 3 - Descobrindo o valor de um capacitor.
Figura 3 - Descobrindo o valor de um capacitor.

 

 

O que fazemos então é usar um transformador com secundário de 6 a 12 V e corrente de 100 a 500 mA e o multímetro numa escala baixa de tensões alternadas, conforme mostra a figura 4.

 

 

Figura 4 – Descobrindo o valor de um capacitor
Figura 4 – Descobrindo o valor de um capacitor

 

Utilizamos então a própria resistência interna do multímetro para formar o divisor.

Com um multímetro de analógico de 10 k ohms/volt já teremos uma leitura de tensão neste teste.

Os multímetros digitais, em geral, possuem uma função de teste de capacitores e neste teste não se aplicam, dada sua resistência muito alta de entrada.

Um problema que ocorre com muitos praticantes de eletrônica é confundir um capacitor de 56 pF com um de 56 nF, por exemplo.

As marcações podem ser confusas em alguns casos como 5,6p e 5,6P o que leva a problemas de funcionamento de um circuito que use estes componentes.

Uma maneira de saber qual é o valor é por comparação, tomando como referência um capacitor de valor conhecido, por exemplo, 47 nF.

Conforme mostra a figura 5, a leitura de 56 nF será mais próxima de um de 47 nF do que a de um de 56 pF.

 

 

Figura 5 – Diferenciando capacitores
Figura 5 – Diferenciando capacitores

 

 

Análise de Osciladores

Podemos verificar se um oscilador de alta frequência está oscilando, utilizando uma bobina de captação, conforme mostra a figura 6.

 

   Figura 6 – Análise de osciladores
Figura 6 – Análise de osciladores

 

 

Basta aproximar um bobina feita com fio rígido comum da bobina do oscilador e ligá-la ao multímetro numa escala baixa de correntes alternadas para podermos detectar o sinal do oscilador.

 

c) Prova de FETs

Para o teste de JFETs ou FETs de junção partimos da estrutura deste componente e de seu circuito equivalente com diodos, mostrado na figura 7.

 

Figura 7 – Estrutura e equivalência de um FET de junção
Figura 7 – Estrutura e equivalência de um FET de junção

 

Vemos então que entre o dreno e a fonte temos uma resistência pura relativamente baixa, conforme mostra a figura 6.

 

Figura 8 – Medindo a resistência entre dreno e fonte
Figura 8 – Medindo a resistência entre dreno e fonte

 

Entre a comporta e o dreno ou a comporta e a fonte a resistência é baixa num sentido e alta no sentido oposto.

Na figura 9 mostramos o que ocorre.

 

Figura 9 – Resistência do gate para a fonte e o dreno
Figura 9 – Resistência do gate para a fonte e o dreno

 

 

Conclusão

Existem muitos outros testes de componentes que podem ser feitos com o multímetro e eles são descritos em nossos livros.

Temos também diversos artigos no site que tratam do assunto e que devem ser consultados se o leitor não encontrou neste artigo o procedimento que procurava.