Transistores retirados de equipamentos fora de uso podem ser úteis em montagens tanto com finalidade prática como didática. O circuito que descrevemos pode ser usado para testes de componentes ou mesmo para aulas de eletricidade em cursos médios e fundamentais testando materiais para verificar se são condutores ou isolantes.
Diversos tipos de aparelhos fora de uso como rádios, amplificadores, televisores, computadores, telefones e muitos outros possuem componentes eletrônicos em bom estado que podem ser aproveitados em projetos interessantes.
No entanto, na maioria dos casos, a falta de conhecimento das características dos componentes impede sua utilização em projetos comuns.
Neste artigo descrevemos um provador de componentes e de continuidade que funciona praticamente com qualquer tipo de transistor comum, o que significa que, basta que o transistor esteja bom, para que ele possa ser usado com sucesso.
O único problema para seu uso é que precisamos antes descobrir se ele é do tipo NPN ou PNP, mas é justamente isso que ensinaremos neste artigo: como o leitor deve fazer para descobrir.
O projeto apresentado consiste num provador de continuidade, ou seja, um dispositivo que verifica se a corrente pode passar ou não por um circuito ou componente em prova.
A partir do que acontece com a corrente podemos saber se o circuito ou componente estão em bom estado ou ainda se o material testado é condutor ou isolante.
O circuito é alimentado por pilhas comuns e a indicação de estado é feita por um LED de qualquer cor.
COMO FUNCIONA
Um transistor amplifica correntes quando devidamente polarizado, ou seja, quando aplicamos tensões de forma determinada em seus terminais.
Para que um transistor funcione como amplificador devemos ligar um circuito indicador entre a fonte e o coletor e polarizar sua base de modo que possa circular uma pequena corrente.
Esta corrente, ao ser amplificada, alimentará o dispositivo utilizado como indicador.
No nosso caso a corrente circula pela base do transistor quando a ponta de prova PP1 encosta na ponta de prova PP2.
Um resistor (R1) é ligado entre estes dois elementos e a base do transistor para limitar a corrente.
Mesmo que entre as pontas de prova PP1 e PP2 tenhamos uma resistência algo elevada, da ordem de algumas dezenas de milhares de Ω, como de um material que não seja bom condutor, ainda assim a corrente que passa é suficiente para polarizar o transistor e fazer acender o LED,
Somente se houver uma resistência muito alta entre as pontas de prova ou ainda a corrente não puder passar é que não haverá polarização suficiente do transistor e o LED não será aceso.
Teremos então a condição que denominamos “alta resistência” ou “circuito aberto”.
Veja que as polaridades para o LED, fonte de alimentação (pilhas) diferem quando usamos transistores do tipo NPN e PNP, mas o princípio de funcionamento é o mesmo.
Para que o circuito funcione com pequenas correntes o transistor deve ser do tipo que denominamos de “baixa potência” ou “uso geral”.
Tanto transistores modernos de silício, como os muito antigos de germânio podem ser usados.
ESCOLHENDO O TRANSISTOR
Não é fácil identificar os transistores obtidos em muitos equipamentos eletrônicos, principalmente os mais antigos.
Muitos fabricantes usam códigos próprios de fábrica e outros até apagam as marcações dos transistores, ou simplesmente não usam.
Assim, para transistores que não possam ser identificados, o melhor é fazer um teste que leva em conta a marca no invólucro (uma pinta, triângulo, lado chato ou letra) que normalmente serve de referência para indicar o terminal de coletor, conforme mostra a figura 1.
O problema é que nem sempre este critério funciona, mas serve de referência inicial.
Assim, partindo deste fato, ligamos este ponto no circuito com transistor PNP (os PNPs são mais comuns nos rádios antigos do tipo com invólucro metálico) e o do meio como base e o que sobra como emissor.
Ao ligar S1, o LED indicador deve permanecer apagado e quando encostarmos uma ponta de prova na outra, o LED deve acender.
Se isso não acontecer, então teremos três possibilidades:
a) Os terminais não estão na disposição que esperávamos. Tente inicialmente tocar o emissor pela base e depois o coletor pelo emissor.
b) O transistor não é PNP mas sim NPN. Faça o circuito para transistores NPN dado neste mesmo artigo.
c) O transistor está queimado e portanto não pode ser aproveitado neste projeto.
Conseguindo a posição certa do transistor então é só partir para a montagem definitiva.
MONTAGEM
Na figura 2 temos o circuito para o caso de ser usado um transistor NPN.
Se o leitor não quiser perder tempo procurando um transistor e tiver facilidade em comprar componentes, gaste um ou dois reais para adquirir um BC547 que serve neste circuito.
Na figura 3 temos o circuito para o caso de um transistor PNP.
Neste caso, se o leitor também quiser comprar um transistor, opte pelo o BC557.
A disposição dos componentes numa pequena ponte de terminais para as duas versões é mostrada na figura 4.
O LED pode ser do tipo vermelho ou de outra cor comum e devemos observar cuidadosamente a sua polaridade ou posição na ligação.
Esta posição é dada em função do lado chato ou terminal mais curto e depende do transistor que está sendo usado.
Para a alimentação podemos usar tanto 2 como 4 pilhas pequenas que devem ser instaladas num suporte apropriado.
Os resistores são comuns e até podem ser aproveitados do aparelho de onde o transistor foi retirado.
Observe seus valores pelas cores das faixas.
As pontas de prova podem ser improvisadas com dois pregos ou mesmo dois pedaços de fios grossos com as pontas desencapadas.
O conjunto cabe numa caixa plástica ou saboneteira.
USO
A prova de funcionamento já foi explicada: encostando uma ponta de prova na outra o LED deve acender.
Ao fazer a prova de resistores até 47 k Ω, o LED deve acender, se bem que com os valores maiores, com brilho menor.
Se o LED não acender teremos um resistor de valor muito alto (maior do que 100 k Ω) ou ainda um resistor aberto.
Para provar o enrolamento de um motor, um transformador ou outro componente semelhante basta encostar as pontas de prova nos seus terminais.
O LED deve acender com brilho normal, pois normalmente a resistência destes componentes é baixa.
Na prova de diodos devemos ter o LED aceso numa posição e quando invertermos o diodo o LED deve permanecer apagado.
Se o LED acender nas duas posições o diodo está em curto e se permanece apagado nas duas posições então ele está aberto.
CONDUTORES E ISOLANTES
Uma experiência que pode ser feita nos cursos fundamental e médio e que usar este aparelho é a separação dos materiais entre condutores e isolantes.
Use materiais como clipes, borrachas, lápis comum (o grafite é condutor), papel, plástico, etc e verifique com qual deles o LED acende quando encostamos as pontas de prova.
Peça aos alunos para explicar o por que.
Faça também a experiência com a condutividade da água: coloque as pontas de prova na água pura e depois jogue um pouco de sal.
Obs. Na nossa série de livros Como Testar Componentes, o uso deste provador é explorado em uma enorme quantidade de testes que podem ser feitos.
Semicondutores:
Q1 – qualquer transistor – ver texto
LED1 – LED comum de qualquer cor
Resistores: (1/8 W, 5%)
R1 – 10 k Ω – marrom, preto, laranja
R2 – 470 Ω – amarelo, violeta, marrom
Diversos:
S1 – Interruptor simples (opcional)
B1 – 3 ou 6 V – 2 ou 4 pilhas pequenas
PP1, PP2 – Pontas de prova
Ponte de terminais, suporte para as pilhas, caixa para montagem, fios, etc.