Mais alguns problemas que podem ocorrer com equipamentos transistorizados serão abordados nesta seção. Reparos, ajustes, soluções para pequenos problemas serão dadas com a finalidade de preparar o leitor para uma atividade profissional na reparação de equipamentos, ou simplesmente consertar seus próprios aparelhos.
Obs.; Este artigo é de 1985 quando eram comuns os aparelhos citados no texto.
Um dos problemas que ocorrem com gravadores e toca-discos de baixo custo é a perda da qualidade de reprodução depois de certo tempo de uso, devida principalmente ao desgaste da cabeça gravadora, à sujeira e, no caso dos toca-discos, o desgaste ou deterioração da cápsula.
No caso dos gravadores, o problema da sujeira evidencia-se com a perda da capacidade de reprodução dos agudos e depois com uma que da de sensibilidade, ou seja, o som vai tornando-se cada vez mais baixo.
No caso dos toca-discos, a perda de sensibilidade traduz-se também numa distorção leve primeiramente e depois na queda do volume.
Para os toca-discos a solução única é a troca da cápsula. Para os gravadores e toca-fitas, entretanto, em casos em que o problema se deve à limpeza, esta pode ser feita com facilidade, solucionando o problema.
Vejamos como proceder em todos estes casos:
1. LIMPEZA DE CABEÇAS GRAVADORAS
O contacto da fita com a cabeça gravadora (e apagadora também), como mostra a figura 1, faz com que poeira e partículas de metal se acumulem justamente na parte sensível do elemento.
Deste modo, o campo magnético que deveria ser “captado" pela cabeça gravadora, a partir da fita que contém a informação gravada, é distorcido ou completamente desviado. (figura 2)
O resultado é a distorção na reprodução ou então a perda de sensibilidade.
A limpeza da cabeça gravadora pode ser feita com a ajuda de um cotonete (palito envolto por algodão) molhado em álcool isopropílico.
Passando várias vezes o algodão na parte central da cabeça, podemos remover toda a sujeira e com isso devolver ao gravador toda a sua sensibilidade. (figura 3)
Se, com este procedimento, não conseguirmos devolver a sensibilidade ao gravador, o problema pode estar no próprio desgaste da cabeça gravadora.
2. DESGASTE DE CABEÇAS E SUBSTITUIÇÃO
O atrito constante da fita com a cabeça gravadora pode levar esta última a um desgaste que prejudicará seu funcionamento.
Distorção e falta de sensibilidade são alguns sintomas apresentados por uma cabeça de leitura gasta. (figura 4)
No caso em que se notar sinais evidentes de desgaste de uma cabeça gravadora, deve ser feita sua substituição.
Na figura 5 temos a maneira como uma cabeça é tipicamente fixada num gravador, através de dois parafusos philips.
Para um gravador estereofônico, a cabeça terá quatro fios de ligação que correspondem aos dois canais.
São então ligados estes fios da seguinte maneira: dois deles são interligados, correspondendo à blindagem do fio de ligação. Os outros dois vão aos condutores centrais do cabo de ligação, correspondendo um a cada canal.
Ao fazer a substituição, o montador deve anotar o tipo de cabeça usada, marcando seu número, e também a disposição dos fios de ligação que devem ser dessoldados ou então terem os pinos de conexão retirados.
Colocando a cabeça nova, sua posição deve ser ajustada experimentalmente para se obter a melhor reprodução. O ajuste é feito através dos parafusos de fixação.
3. CÁPSULAS FONOGRÁFICAS
As cápsulas que possuem agulhas denominadas permanentes têm vida limitada, de modo que, depois de certo tempo, o desgaste da agulha causa problemas de reprodução.
Estes problemas podem ser os seguintes:
A agulha corre transversalmente sobre o disco, por estar bastante gasta e não poder acompanhar mais os sulcos do disco.
Ocorre distorção pelo desgaste, pois a agulha não pode penetrar no sulco até a posição que permitiria a captação de toda a faixa audível.
Ocorre a falta de sensibilidade pelo mesmo motivo anterior ou ainda pela deterioração do elemento sensível no seu interior.
Em todos os casos analisados a solução é única: a troca da cápsula por outra igual ou equivalente.
As cápsulas possuem também 4 fios de ligação nos aparelhos estereofônicos e dois nos aparelhos monofônicos. (figura 6)
Ao fazer a troca, deve-se anotar a posição destes fios, conforme sugere a figura 7.
Veja que na versão estereofônica temos dois fios comuns que vão ligados à malha (condutor externo) do cabo blindado. Os outros dois são separados e correspondem um a cada canal.
4. RONCOS E RÁDIO RECEPÇÃO
Em alguns casos de "defeitos", os toca-discos de baixo custo ou fonógrafos podem em certo tempo apresentar roncos ou até mesmo a captação de estações de rádio!
De fato, se houver a interrupção do fio de blindagem (malha) ou um mau contacto, o ronco de 60 Hz da rede de alimentação pode penetrar no circuito e ser amplificado. O resultado será um “ronco" contínuo no alto-falante, mesmo quando o braço do toca-discos está fora do disco. (figura 8)
Se o leitor residir em cidade que exista estação de rádio forte, ou morar perto da antena transmissora, o sinal desta estação pode "penetrar" pelo cabo mal blindado e ser reproduzido no alto-falante.
Deixando o braço do toca-discos na posição de repouso e -abrindo o volume do amplificador, você ouvirá claramente a estação de rádio ”intrometida".
E, o que fazer neste caso?
Se o seu toca-discos ronca demais, o primeiro ponto a ser verificado é se a ligação da malha do cabo que vai ao braço está perfeita, e se, no interior do aparelho, sua ligação ao chassi está correta.
Se existir um jaque de ligação ao amplificador, veia se a malha está bem soldada no local indicado na figura 9.
Se tudo estiver em ordem, tente inverter a ligação da tomada do amplificador, ou seja, gire-a meia volta. (figura 10)
Se ainda o ronco persistir, como solução pode-se fazer uma blindagem interna ao toca-discos, utilizando-se para isso uma folha de alumínio que deve ser aterrada, ou seja, deve ser ligada ao negativo da fonte. (figura 11)
Se nada disso der certo, desligue o braço do toca-discos do amplificador. Se o ronco persistir, sua origem está no próprio amplificador. Verifique os capacitores de filtragem da fonte, em primeiro lugar, e as blindagens dos cabos que vão aos potenciômetros de volume e tonalidade, se existirem.