Um circuito importante para o projeto de um osciloscópio é a base de tempo. O circuito que apresentamos não tem alta velocidade, servindo de base para osciloscópios para a faixa de áudio, que podem ser elaborados com base em tubos de baixo custo ou aproveitados de equipamentos fora de uso. Sua linearidade permite a observação precisa das formas de onda na faixa de alguns hertz até 10 kHz, aproximadamente e, além disso, ele é dotado de uma entrada de sincronismo.
Obs. Este artigo é de 1989, servindo apenas para instrumentos mais antigos ou outras finalidades, já que se trata de uma base de tempo de frequência bastante baixa.
A observação precisa de fenômenos periódicos num osciloscópio depende de uma base de tempo que forneça um sinal dente-de-serra, com características de linearidade bastante críticas.
Além disso, o circuito deve ter uma entrada de disparo externa para ser sincronizado com o sinal observado de modo que o retraço ou volta do ponto na tela ocorra sempre no mesmo ponto de um ciclo do sinal observado, como sugere a figura 1.
Sem o sincronismo não teremos a superposição exata do traçado em cada ciclo observado, mas. sim traçados diversos que levam a uma imagem de difícil observação.
A base de tempo que propomos neste artigo é simples e pode ser elaborada com apenas 3 semicondutores, operando a faixa de freqüências que vai de 50 a 500 Hz aproximadamente.
Com uma base de tempo nesta faixa, podemos observam um sinal de até 10 kHz aproximadamente, quando então teremos atéi12 ciclos completos na telá, conforme mostra a figura 2.
Quando o sinal tem a mesma freqüência da base de tempo, observamos apenas um cicIo, conforme sugerido na mesma figura
O circuito pode ser alimentado com tensões entre 9 e 12 V e o sinal tem uma amplitude máxima .pico-a-pico de 200 até 500 mV, ou até mais.
O CIRCUITO
Para obter um sinal dente-de-serra com uma subida bem linear,empregarmos um oscilador de relaxação com transistor unijunção, mas carregamos o capacitor no emissor deste transistor através de uma fonte de corrente constante.
Esta fonte de corrente constante é formada por um transistor PNP onde sua resistência entre emissor e coletor depende da tensão no capacitor de modo a manter constante a corrente de carga deste componente.
Podemos ajustar esta corrente e, portanto a velocidade da carga do capacitor, através de um potenciômetro (P1) que será também oncontrole dé freqüência do circuito (figura 3).
O sinal dente-de-serra é obtido no emissor do transistor unijunção e levado à base de um transistor PNP, que o amplificará.
Na base 2 do transistor unijunção temos a aplicação do sinal de sincronismo.
Este sinal atua exatamente sobre o ponto de disparo do transistor, devendo cortar o ciclo no ponto exato, pois significa um aumento (ou diminuição) da tensão entre base 1 e base 2 que determina, a partir da relação intrínseca do transistor unijunção sua tensão que deve alcançada no emissor para que ocorr o disparo.
Na base B1 do transistor unijunção temos também a produção de pulsos de curta duração e grande intensidade, que podem ser usados para fazer o apagamento do feixe de elétrons no TRC, de modo a termos o retorno deste feixe sem que ele apareça.
A alimentação do circuito deve ser feita com tensão estabilizada, embora as variações de freqüência apresentadas pelo transistor unijunção pelas variações de tensão sejam pequenas.
A impedância do sinal obtido na saída é da ordem de 10 k, e o capacitor C2 deve ser dimensionado de modo a produzir o disparo do sinal no momento desejado, em função das características do circuito que trabalha o sinal a ser observado.
Para operação em freqüências mais altas podem ocorrer problemas de linearidade, o que deve ser levado em conta pelos montadores que desejem fazer esta modificação.
De qualquer maneira, o transistor unijunção não deve oscilar muito além dos 20 kHz num circuito como este.
MONTAGEM
Na figura 4 temos o diagrama completo da base de tempo.
Na figura 5 temos uma sugestão de placa individual, se bem que o aparelho possa ser projetado como parte de um projeto maior, como por exemplo de um osciloscópio completo.
Os transistores podem ser os BC558 ou equivalentes e os resistores são todos de 1/8 ou ¼ W, com 5 ou 10% de tolerância.
O capacitor C1 pode ser de poliéster ou cerâmica, o mesmo ocorrendo em relação a C2.
O potenciômetro de ajuste de freqüência é linear e o transistor unijunção deve ser obrigatoriamente 2N2646.
PROVA E USO
Para provar, basta verificar a oscilação, aplicando o sinal na entrada de um amplificador.
Para uma verificação mais precisa, aplique o sinal na entrada de um osciloscópio.
Comprovado o funcionamento, a determinação de C2 depende do tipo de sinal obtido no osciloscópio com o qual se deseja fazer o gatilhamento.
O capacitor C2 deve ter uma reatância inferior a 500 Ω na freqüência do sinal de gatilhamento.
Q1, Q3 - BC558 ou equivalente - transistores PNP
Q2 - 2N2646 - transistor unijunção
P1 - 4k7 - potenciômetro linear
C1 – 100 nF - capacitor cerâmico ou de poliéster
C2 - 10 a 470 nF - capacitor - ver texto
R1 – 1k5 - resistor (marrom, verde, vermelho)
R2 – 12 k - resistor (marrom, vermelho, laranja)
R3 - 8k2 - resistor (cinza, vermelho, vermelho)
R4 – 470 Ω - resistor (amarelo, violeta, marrom)
R5 – 100 Ω - resistor (marrom, preto, marrom)
Diversos: placa de circuito impresso, fonte de alimentação, fios, solda etc.