Um componente importante de qualquer sistema de elevadores é o relé. Pelas suas características eletromecânicas este componente está sujeito a um desgaste de contatos além de problemas de bobina. Saber como testar um relé é fundamental para todo profissional de manutenção. Neste artigo ensinamos como testar relés usando um multímetro comum.

Nota: Artigo publicado na revista Elevador Brasil em 2021

O multímetro pode realizar basicamente dois tipos de provas em relés comuns, do tipo encontrado em instalações de elevadores, elétricas de automóveis, motos e máquinas agrícolas e outros. Os testes são:

De continuidade

De contacto

 

Existem diversos tipos de relés no circuito elétrico de um sistema de elevadores, exercendo as mais variadas funções. Basicamente estes relés são formados por uma bobina e um jogo de contatos. Podemos utilizar o multímetro diretamente na verificação do estado da bobina e dos contatos e até fazer uma prova dinâmica com a ajuda de uma fonte de 12 V ou uma bateria.

 

Relés comuns de uso em sistemas de elevadores
Relés comuns de uso em sistemas de elevadores

 

 

 

Prova de Continuidade

Procedimento

a) Coloque o multímetro na escala mais baixa de resistências, OHMS x1 ou OHMS x10. Se for digital use as escalas de 200 ou 2000 ohms ou a função de continuidade.

b) Zere o multímetro se for analógico

c) Identifique os contatos da bobina do relé e faça a medida de sua resistência. A figura 1 mostra como fazer esta prova.

 

Figura 1 – Testando a continuidade da bobina de um relé automotivo (tipo redondo)
Figura 1 – Testando a continuidade da bobina de um relé automotivo (tipo redondo)

 

 

Interpretação:

Resistência baixa, variando entre alguns ohms até no máximo algumas dezenas de ohms - enrolamento bom

Resistência infinita - bobina aberta – ruim

 

Leitura muito baixa = condição boa

Leitura infinita = condição aberta

 

Observações

a) Nesta prova não se consegue determinar se existem espiras em curto. Para isso temos a prova dinâmica.

b) Esta prova também permite fazer a identificação dos contatos do relé e dos terminais da bobina. Os contatos normalmente fechados devem apresentar uma resistência nula na medida e os da bobina uma resistência muito baixa. Na figura 2 temos o procedimento comparativo para a identificação dos terminais de um relé usando a escala mais baixa de resistências do multímetro.

 

 

 

 

Figura 2 – Testando e identificando os contatos NA e NF de um relé
Figura 2 – Testando e identificando os contatos NA e NF de um relé | Clique na imagem para ampliar |

 

 

d) Veja que existem relés eletrônicos dotados de circuitos especiais de disparo para os quais os testes indicados não são válidos. O que ocorre com estes relés é que seu acionamento é feito por um circuito eletrônico para os quais não se têm acesso pois ficam dentro do invólucro vedado.

 

Prova de Contato

Procedimento

Com esta prova fazemos a identificação dos contatos NA e NF

 

a) Coloque o multímetro na escala mais baixa de resistências, OHMS x1 ou OHMS x10. Se for digital use as escalas de 200 ou 2000 ohms.

b) Zere o multímetro se for analógico

c) Identifique os terminais de contatos (por eliminação, identificando antes os terminais da bobina)

d) Meça a resistência entre eles de forma combinada. A figura23 mostra como esta prova deve ser feita.

 

Figura 3 – fazendo o teste de contatos de um relé.
Figura 3 – fazendo o teste de contatos de um relé.

 

 

Interpretação

Terminais entre os quais a resistência é nula - normalmente fechados ou NF

Terminais entre os quais a resistência é infinita - normalmente abertos ou NA.

 

Leitura baixa: Identificação NF

Leitura Infinita: Identificação NA

 

Observação

Veja que temos dois terminais (duas leituras) em que temos resistência infinita e resistência nula. Para uma melhor identificação será necessário fazer o teste dinâmico que é mais preciso.

 

 

Teste dinâmico

Fase 1 - Procedimento

Este teste permite uma determinação melhor dos contatos.

a) Coloque o multímetro na escala mais baixa d eresist6encias, OHMS x1 ou OHMS x10. se for digital use as escalas de 200 ou 2000 ohms.

b) Zere o multímetro se for analógico

c) Ligue os terminais do multímetro nos contatos do relé usando garras conforme mostra a figura 4.

 

Figura 4 – Ligando os terminais do multímetro aos terminais dos contatos do relé
Figura 4 – Ligando os terminais do multímetro aos terminais dos contatos do relé

 

 

d) Ative o relé pela aplicação de 12 V na sua bobina conforme mostra a figura 5.

 

  Figura 5 – Aplicando 12 V num relé para testar seu funcionamento.
Figura 5 – Aplicando 12 V num relé para testar seu funcionamento.

 

 

Deve ocorrer um pequeno estalido que indica a comutação. Para relés de alta corrente a prova deve ser feita rapidamente e a fonte usada deve ter pelo menos 2 A de capacidade de corrente.

 

Interpretação:

A resistência vai de zero a infinito na comutação - o relé está bom - passe à etapa seguinte.

A resistência não se altera - o relé não está comutando - problemas internos.

 

Fase 2 - Procedimento

Obtida a leitura infinita para o multímetro, procure a posição das garras em que se tenha leitura nula, conforme mostra a figura 6

.

Figura 6 – Procedimento de teste na Fase 2.
Figura 6 – Procedimento de teste na Fase 2.

 

 

Interpretação

A posição comum da garra para a leitura nula e leitura infinita corresponde ao contacto C (comum)

A posição em que se tem a leitura nula com o relé desenergizado corresponde ao contacto NF (Normalmente Fechado)

A posição em que se tem a leitura nula com o relé energizado corresponde ao contacto NA (Normalmente Aberto).

 

Leitura Comum = Condição Comum

Leitura Baixa sem energizar = Condição NF

Leitura Baixa energizado = Condição NA

 

Observação

Podem existir relés com diversos conjuntos de contatos caso em que a identificação é feita por grupos, com o mesmo procedimento. Também é importante que o leitor saiba qual a disposição dos terminais do relé em teste, se bem que, com os procedimentos indicados é possível fazer sua identificação.