Alguns problemas que ocorrem com os sistemas de antenas coletivas são semelhantes aos que ocorrem com uma antena comum ou única como, por exemplo, os referentes à localização e eventuais presenças de obstáculos. No entanto, dada a complexidade maior do sistema e ao uso de diversos receptores, existem problemas que são específicos dos sistemas coletivos. Neste artigo focalizamos alguns deles, orientando assim os leitores profissionais do setor.
A conexão de diversos aparelhos numa mesma linha de sinais, o uso de diversas antenas que são interligadas e a presença de circuitos ativos que podem gerar sinais capazes de se propagar de forma indevida pelas linhas de distribuição podem causar problemas de funcionamento de sistemas de antenas coletivas.
O técnico instalador deve estar apto a reconhecer estes problemas quando ocorrerem e mais do que isso, deve saber como proceder para sua eliminação.
Neste artigo vamos falar de alguns problemas comuns em instalações coletivas e como proceder para sua eliminação.
INTERMODULAÇÃO
Os circuitos amplificadores usados nos sistemas coletivos são absolutamente lineares. Isso significa que em sua ação de amplificar os sinais podem ser gerados sinais de frequências diferentes daquelas em que devem operar e que podem coincidir com as frequências de outros canais que devem ser recebidos.
O resultado disso é que os sinais gerados são misturados com as portadoras de vídeo havendo assim um batimento que causam problemas. Para que o problema ocorra estes sinais devem ter uma intensidade mínima que corresponda a amplitude de cada canal que deve ser recebido, conforme mostra a figura 1.
O efeito sobre a imagem dos televisores do sistema é simples de ser constatado. Faixas onduladas diagonais do mesmo tipo que aparece quando vídeo games e computadores causam interferências aparecem nas imagens dos canais interferidos.
Na figura 2 mostramos o efeito da intermodulação numa imagem de TV.
Outro efeito que a intermodulação pode causar é a presença de barras de cores que se deslocam pela imagem.
Para se verificar qual é a origem do problema, se o sistema usa amplificadores deve-se desligar momentaneamente cada um para verificar qual causa o problema. Uma vez que se identifique o causador do problema, um ajuste de seu ponto de funcionamento pode eliminar a intermodulação. Eventualmente, se isso não for possível pode-se modificar a frequência do canal interferido por meio de um conversor, fazendo sua distribuição pelo sistema num canal em que o problema não se manifeste.
MODULAÇÃO CRUZADA
A modulação cruzada ocorre quando uma portadora de sinal modulada tem sua modulação aparecendo em outra portadora.
Um nível alto de modulação cruzada pode ter consequências bastante fortes sobre uma imagem quando por exemplo o aparecimento de imagens em negativo. Uma maneira mais branda consiste no aparecimento de linhas ou faixas que se movem através da tela.
Quando a portadora de vídeo interfere na portadora de áudio, o que é um caso mais raro, podem ocorrer problemas no som e na imagem.
No som temos o aparecimento de um forte ronco. Na imagem aparecem as chamadas "linhas de áudio".
Para resolver o problema no caso da interferência no som, pode-se reduzir o nível da portadora de áudio para 15 dB abaixo da portadora de vídeo.
Ajustes no amplificador que causa a interferência ou mesmo a utilização de outro canal que não seja interferido podem ser soluções para este problema.
No entanto, é importante observar que estes problemas ocorrem normalmente quando os componentes do sistema não têm qualidade suficiente para eliminar os sinais espúrios que são gerados. A troca dos elementos interferentes, quando identificados, é uma solução ser tentada.
QUANDO USAR O CANAL H OU CANAIS ADJACENTES
Uma das soluções que sugerimos para o caso de ocorrerem problemas que não podem ser solucionados por troca de elementos ou ajustes é a utilização de novos canais de distribuição.
No entanto, nem sempre isso é possível, pois em muitos casos toda faixa pode estar ocupada.
Este problema de lotação da faixa também pode ocorrer se desejarmos acrescentar ao sistema novos canais como, por exemplo, de um videocassete ou de um sistema de vigilância.
A solução normalmente adotada neste caso é o uso do canal H de 162 MHz a 168 MHz.
Neste caso deve ser usado um acoplador-equalizador que tenha um filtro também neste canal e evidentemente os televisores dos usuários devem possuir capacidade para sintonizar este canal.
Outra solução consiste em se aproveitar os canais adjacentes. Para isso, se o acoplador já possui entradas para os canais 2 e 4 e desejamos entrar com um sinal no canal 3 usando para isso um modulador controlado a cristal, conforme mostra a figura 4.
A necessidade de um modulador controlado a cristal é justificada pela necessidade de se haver maior seletividade para que este canal não interfira nos canais 2 e 4.
O filtro para o acoplador deve ser previamente ajustado na frequência do canal 3.
REFLEXÕES
Conforme já explicamos em diversos artigos nesta revista, os sinais podem se refletir no percurso até a antena em diversos obstáculos, chegando com tempos diferentes ao televisor. Isso significa que as imagens reproduzidas passam a ter sombras ou fantasmas.
Existem duas maneiras de se evitar estes problemas nos sistemas coletivos.
A primeira está no fato de podermos usar antenas separadas para cada canal. Com isso essa antena pode ter características direcionais acentuadas e focalizadas na direção da estação, rejeitando os sinais que incidam de forma diferente e que são os causadores dos fantasmas.
Se o sinal que tem este problema é de uma estação forte, podemos usar atenuadores.
Atenuando o sinal de certo valor, podemos fazer com que o sinal interferente de menor intensidade desapareça.
O que ocorre pode ser entendido pela figura 6.
Atenuando os dois sinais, o sinal principal que é intenso ainda pode excitar convenientemente os circuitos sem afetar a qualidade da recepção. No entanto, o sinal interferente devido à reflexão por ser mais fraco cai abaixo do nível em que os circuitos podem usá-lo e ele desaparece.
No entanto, mais grave que as reflexões externas que vimos são as que ocorrem no próprio sistema de distribuição que, neste caso por ser mais complexo são mais difíceis de localizar.
Estas reflexões normalmente ocorrem em percursos menores provocando assim tempos menores de defasagem de sinais. O resultado é a produção de imagens com a definição afetada, imagens com contrastes prejudicados e a perda de detalhes.
Uma simples emenda feita de forma indevida ou o uso de componentes de acoplamento de má qualidade podem causar estas reflexões que prejuízo para imagem.
O casamento indevido de impedâncias é outra causa para este problema e ocorre normalmente pela utilização de componentes de má qualidade ou da não observação desse fator.
Um transformador de impedância que deixe de ser usado num ponto do circuito de distribuição pode causar reflexões que afetam todo o sistema, pois os sinais refletidos também são distribuídos.
A qualidade dos produtos usados em sistema de CATV deve ter como um dos principais pontos de atenção a manutenção das impedâncias dentro de estreitos limites.
Para o técnico que se defronte com problemas de imagens sem definição ou ainda com perda de contrastes é importante verificar se todos os elementos do sistema estão bem instalados e obedecem às especificações corretas de impedância. Testes com a troca momentânea de um elemento suspeito podem revelar problemas desse tipo.
Outro ponto importante é a verificação de todas as emendas ou conexões de cabos do ramo do sistema em que o problema se manifesta.
INTERFERÊNCIAS
Nos grandes centros existem estações fortes de FM que podem causar interferências nos canais de TV da faixa de VHF. Isso vai ocorrer de forma acentuada nos casos em que as estações de FM estiverem próximas da antena receptora de TV.
A presença de linhas onduladas (barras de som) ou mesmo o sincronismo afetado são alguns dos sintomas desse tipo de interferência.
A melhor maneira de se evitar a interferência dos sinais de estações de FM é o uso de armadilhas de onda que são filtros sintonizados na faixa de FM, rejeitando-a por completo, conforme mostra a figura 8.
Um filtro típico deste tipo é ligado logo depois da antena e proporciona uma atenuação típica de até 40 dB para os sinais da faixa de FM que podem causar problemas de interferências.
O mesmo tipo de filtro também pode ser sintonizado apenas na frequência da estação que causa a interferência. Neste caso, deve ser feito seu ajuste para esta frequência.
Filtros para a rejeição de frequências específicas na faixa de VHF também podem ser necessários nos locais em que existir uma estação de serviços públicos operando. Sinais de comunicações de polícia, bombeiros, etc. podem afetar moradores próximos de suas bases que devem usar tais filtros.
Este artigo é ainda do tempo da TV analógica, de modo que para os sistemas digitais os conceitos tratados não são totalmente válidos (2010)