Muitos leitores possuem rádios com faixas de ondas curtas, capazes de sintonizar frequências entre 3,2 MHz e 15 MHz, tipicamente. Se bem que as estações distantes de grande potência possam ser recebidas com boa qualidade de som durante a noite em condições favoráveis, estas representam apenas uma diminuta parcela das emissoras que existem. Com a possibilidade de captar estações mais fracas, centenas ou mesmo milhares de novas estações podem ser exploradas, com a descoberta de um imenso universo cheio de novidades vindas através do espaço.

Obs. Este artigo é de 1987 quando era ainda muito comum a escuta de ondas curtas, pois a internet não oferecia esta possibilidade ainda.

Os rádios transistorizados que possuem faixas de ondas curtas podem contar normalmente apenas com a antena interna (de ferrite), ou no máximo a antena telescópica, para a captação dos sinais das estações distantes.

Se bem que seus circuitos sejam bem sensíveis, o importante na recepção é que a maior quantidade possível de energia vinda pelo espaço seja interceptada e isso só se consegue com uma boa antena externa.

A antena telescópica e a antena de ferrite deixam muito a desejar em relação a uma boa antena externa, principalmente se esta for dimensionada e orientada para receber sinais de determinada faixa de frequências e direção.

Utilizando um simples pedaço de fio esticado de 5 a 20 metros de comprimento, isolado nas pontas conforme mostra a figura 1, pode-se ampliar enormemente a quantidade de estações captadas por um rádio comum.

 

Figura 1 – Exemplo de antena para ondas curtas
Figura 1 – Exemplo de antena para ondas curtas

 

O fio de descida é encapado comum, e para a conexão no rádio temos diversas alternativas.

A mais simples consiste em dotar a ponta de um fio de uma garra jacaré que será presa na antena telescópica no momento da escuta.

Se o rádio não tiver antena externa, podemos fazer uma antena de quadro irradiante, conforme mostra a figura 2.

 

Figura 2 – Acoplamento indutivo
Figura 2 – Acoplamento indutivo

 

Colocamos o rádio numa caixa de papelão em torno da qual enrolamos umas 5 a 10 espiras de fio comum. Se o leitor quiser, pode enrolar estas espiras em torno do próprio rádio.

Nos dois casos é muito importante prover o circuito também de uma boa ligação à terra. (figura 3)

 

   Figura 3 – Ligação à terra
Figura 3 – Ligação à terra

 

Esta ligação pode ser feita no extremo da bobina de irradiação para a antena de quadro ou, então, no rádio com antena telescópica com uma ligação no polo negativo do suporte das pilhas.

O outro extremo do fio vai ligado ao polo neutro da tomada, ao encanamento de água ou a qualquer objeto de metal de grande porte em contato com o solo.

Com esta antena, centenas de novas estações poderão ser captadas nos horários em que a propagação é mais favorável, ou seja, depois das 18 até as 9 da manhã.

 

O que ouvir

Muitas grandes estações internacionais transmitem, no começo da noite, programas em português para o Brasil, como a BBC de Londres, a Voz da América de Washington, a ORTF de Paris, a Voz da Alemanha de Colônia e outras.

 

Obs. Em nossos dias poucas estações ainda transmitem em português. Lembramos que o artigo é de 1987.

Além destas, que operam na faixa de “Broadcasting", temos estações comerciais e mesmo governamentais às centenas, espalhadas pelo mundo todo. As faixas de Broadcasting ou Radiodifusão são:

 

Radiodifusão de Ondas Curtas
Radiodifusão de Ondas Curtas

 

 

Temos também as faixas destinadas a emissões de radioamadores, que são as seguintes:

 

Faixas de Radioamadores
Faixas de Radioamadores

 

Em especial, recomendamos aos leitores que pretendem ser radioamadores, que procurem sintonizara faixa dos 80 metros onde se concentram as emissões em AM (Classe B e C), que são feitas justamente por muitos radioamadores novatos (além dos tradicionais) e são mais fáceis de captar. O melhor horário para sua captação é entre 18 e 22 horas.

 

Reforçador de Sinais

Para melhorar ainda mais a sua recepção de ondas curtas, damos o circuito de um pequeno reforçador que pode acrescentar alguns dB ao sinal recebido. (figura 4)

 

Figura 4 – Reforçador de sinais
Figura 4 – Reforçador de sinais

 

Este circuito é intercalado entre a antena e o receptor, conforme mostra a figura 5.

 

Figura 5 – Conexão do Reforçador
Figura 5 – Conexão do Reforçador

 

Como o consumo de corrente é muito baixo, e o circuito é aperiódico (sem sintonia) não será preciso usar nem interruptor (retiram-se as baterias) nem são necessários ajustes.

 

Recomendações finais

A antena deve ser instalada longe de linhas de transmissão de energia que podem causar fortes interferências. Do mesmo modo, evite o uso do aparelho em dias de tempestades, desligando sua antena externa.

Anote as frequências das estações que ouvir, procurando "colecionar" o maior número delas. Futuramente falaremos de um hobby bastante difundido no mundo que é a coleção de QSL (Cartões de Reportagem de Escuta) para quem envia às estações formações sobre a sua recepção.