Gravar uma conversa telefônica não tem apenas finalidades ilegais. Existem casos, em que a gravação é útil e até necessário. É o caso de lojas, na contratação de negócios via telefone, e em outros em que se pode documentar uma conversa e até fazer sua posterior transcrição. Lembramos que nesta atualização de 2012, levamos em conta apenas o caso de telefones com linhas analógicas. Assim, o circuito não pode ser intercalado antes de um modem, onde os sinais são digitais e não reconhecidos por este circuito.
A gravação de conversas telefônicas não é feita exclusivamente com finalidades escusas como em espionagem, grampeamento, vigilância indevida, etc.
Existem casos em que essa gravação torna-se até uma ferramenta de trabalho, como na contratação de serviços via telefone em que as informações passadas precisam ser depois transcritas, ou mesmo armazenadas como comprovação de que o contratante o fez da forma indicada.
No entanto, a ligação de um gravador diretamente na linha telefônica exige diversos cuidados, pois se for feita de forma indevida, pode produzir ruídos, distorções e até mesmo danificar o gravador. Isso sem se falar na proibição que existe de se conectar circuitos não isolados nessa rede.
O que descrevemos neste artigo são formas simples de se retirar o sinal de uma linha telefônica para que ele seja aplicado à entrada de microfone de um gravador de fitas comum. Evidentemente, na época em que o artigo foi escrito os gravadores digitais não existiam. Podem ser usados estes gravadores e até mesmo a entrada de áudio de um computador tipo laptop ou desktop com um software de gravação.
a) Adaptador em paralelo
A forma mais simples de se fazer a adaptação do gravador é mostrada na figura 1, em que se usam capacitores e um transformador para fazer o isolamento dos circuitos e assim evitar os problemas de ruídos.
Uma característica importante deste circuito está no fato de que ele apresenta uma impedância muito alta não interferindo assim na qualidade da conversa que ocorre numa ligação telefônica.
Os resistores são importantes para evitar a sobrecarga enquanto que C3 e R2 proporcionam uma filtragem para os ruídos que eventualmente possam estar presentes na linha.
O transformador usado é do tipo miniatura com um enrolamento de baixa impedância que é conectado do lado da linha telefônica e um de alta, para a saída do gravador. Pequenos transformadores de saída ou mesmo drivers, encontrados em rádios transistorizados antigos podem ser experimentados.
Dependendo do transformador, podem ser necessárias alterações nos valores dos resistores de modo a se obter um sinal capaz de excitar o circuito sem distorções, com o nível apropriado de gravação.
b) Adaptador em série
Na figura 2 temos um circuito para a gravação com a ligação em série com a linha telefônica.
Usando um transformador com uma relação de espiras de 1:50 a 1:100 aproximadamente, e conectando o enrolamento de baixa tensão ou baixa impedância na linha, praticamente não temos interferência alguma no sinal.
Isso significa que não será sequer possível detectar a presença do dispositivo de escuta na linha.
O transformador pode ser um transformador de saída para transistores ou mesmo antigos circuitos a válvulas e até mesmo um transformador de força com primário de 110 V e secundário de 6 a 9 V com corrente de 100 a 500 mA.
Um resistor de 10 k ? a 100 k ? é ligado em série com o transformador de modo a limitar o sinal, evitando assim a sobrecarga do circuito do gravador.
O valor exato desse componente depende do transformados, devendo ser obtido experimentalmente.
Bobinas Captadoras
Um recurso muito interessante, usado pelos radioamadores que desejam "colocar no ar" conversas telefônicas é o que faz uso de bobinas captadoras, conhecidas pelo nome de "maricotas".
Essas bobinas, conforme mostra a figura 3 possuem uma ventosa que permite que elas sejam "grudadas" no telefone, junto ao elemento indutivo (fone ou microfone). Estas bobinas não são mais encontradas facilmente no mercado especializado.
Dessa forma, elas captam indutivamente os sinais para serem aplicados a um gravador ou mesmo um transmissor.
Na figura 4 temos um circuito pré-amplificador para esse tipo de bobina.
Uma bobina "caseira" pode ser obtida aproveitando-se o enrolamento de alta impedância de qualquer componente indutivo como transformador, indutores, relés, etc.
Se esse circuito for ligado a um amplificador de áudio (entrada auxiliar) podemos usá-lo como "viva voz" permitindo que diversas pessoas numa sala acompanhem uma conversa telefônica,.
O operador apenas deve ter cuidado para não abrir muito o volume do amplificador de modo a não causar microfonia (realimentação acústica), aquele apito desagradável que ocorre quando o som de um alto-falante e captado pelo próprio microfone do sistema.
Também é importante que o fio de conexão da bobina ao amplificador seja blindado para que não ocorram roncos nem ruídos. Outros circuitos de pré-amplificadores de baixa impedância podem ser encontrados no nosso site.
Sensoriamento de Chamada
Um recurso interessante para quem grava conversas telefônicas com um pequeno gravador consiste na possibilidade de se fazer o acionamento desse gravador somente quando ela ocorrer.
Na figura 5 temos o modo de se ligar um relé para que ele feche os contactos quando o telefone for tirado do gancho.
O problema maior é obter um relé que tenha sensibilidade suficiente para ser acionado com a corrente da linha, sem afetar a conversação.
Um relé de 3 V com uma corrente de acionamento de 20 mA é o recomendado, sendo conectado um capacitor de 47 µF em paralelo com a linha para dar passagem ao sinal.
O leitor pode tentar "fabricar" esse relé, enrolando experimentalmente de 200 a 500 espiras de fio 32 num reed switch, conforme mostra a figura 7.
O número exato de espiras vai depender da sensibilidade do reed switch usado, ou seja, da intensidade do campo necessário ao seu acionamento.
Os contactos desse relé são ligados em paralelo com a chave de comando do gravador. Se o gravador for do tipo que tem essa chave no microfone, fica muito mais fácil fazer sua conexão, pois o seu acesso está disponível no próprio conector.
Outra forma de se fazer o acionamento do circuito gravador é através de um circuito sensor de tensão de linha. Quando um telefone é atendido, ele passa a ser alimentado pela tensão contínua da linha que sofre uma queda.
Essa queda é usada em circuitos indicadores de linha ocupada, extensão em uso, etc. Pode-se usar o mesmo princípio para fazer o acionamento automático do gravador.
Finalmente, existem os gravadores que possuem sensores de voz, ou seja, circuitos que fazem seu acionamento quando um sinal de áudio chega ao seu circuito de entrada.
Usando esses gravadores, não se necessita de qualquer recurso adicional para fazer o acionamento automático do gravador.
Conclusão
A ligação direta da linha telefônica à entrada de gravadores, amplificadores e outros equipamentos de som não é recomendável.
Ruídos, sobrecargas e outros problemas podem ocorrer, afetando a qualidade de som e até colocando em risco a integridade do equipamento.
Com recursos simples é possível isolar a linha e manter a qualidade dos sinais. O que vimos neste artigo são apenas alguns exemplos de como isso pode ser feito. COm tecnologias mais modernas apropriadas pode-se monitorar de forma mais eficiente sinais de uma linha telefônica.