Controlar o brilho de lâmpadas, temperatura de aquecedores e ferros de soldar ou ainda pequenas estufas, velocidade de furadeiras elétricas pode ser uma necessidade de muitos dos leitores. Para este tipo de aplicação existem circuitos simples e eficientes, como o dimmer ou controle de potência que descrevemos neste artigo. Podendo controlar cargas de até 400W na rede de 110V e o dobro na rede de 220V ele mostrará toda sua utilidades com um investimento muito pequeno.
Dimmers são circuitos para controlar o brilho de lâmpadas, enquanto que os controles de potência servem para controlar a velocidade de um motor ou a temperatura de um elemento de aquecimento. Na verdade, os dois circuitos têm nomes diferentes apenas em função da aplicação, pois a configuração eletrônica é a mesma.
Normalmente são usados controles de potência com dispositivos de estado sólido como SCRs e TRIACs que podem ser obtidos facilmente, possuem grande eficiência e exigem poucos elementos para se obter a configuração desejada.
O que descrevemos neste artigo é um controle de potência que também pode ser usado como dimmer com um SCR bastante comum e barato que é o TIC106 para 4 ampères.
Com este circuito podemos usar um potenciômetro de baixa dissipação para controlar correntes elevadas numa carga numa faixa que vai de pouco mais de 3% a 99% da potência máxima tipicamente.
O controle é de onda completa, ou seja, os dois semiciclos da energia da rede são controlados daí a faixa ampla de potências obtida.
Ligado em série com abajur podemos controlar o brilho de uma lâmpada; em série com uma pequena estufa, podemos ajustar a temperatura facilmente e em série com ferramentas de motores universais tais como furadeiras, podemos controlar sua velocidade.
CARACTERÍSTICAS
- Tensão de alimentação: 110/220 VCA
- Corrente máxima: 4 ampères
- Potência máxima: 400W na rede de 110V / 800W na rede de 220V
- Faixa de controle: 3 a 99% (tip)
COMO FUNCIONA
O que temos é um SCR cujo ponto de disparo nos semiciclos da tensão alternada da rede de energia, varia conforme a potência que pretendemos aplicar na carga.
Assim, conforme mostra a figura 1, se dispararmos o SCR no início de cada semiciclo, todo este semiciclo será conduzido e o resultado será a aplicação de uma potência maior na carga.
Se o disparo for feito na metade do semiciclo, por exemplo teremos um ângulo de condução menor e portanto a potência aplicada à carga também será menor.
Ajustando então o ângulo de condução podemos variar linearmente a potência aplicada à carga.
O ângulo de disparo do SCR é determinado por uma rede RC de retardo, e que tem um potenciômetro de ajuste.
Assim, conforme o valor do resistor, o capacitor demora mais ou menos para atingir o ponto de ionização de uma lâmpada neon ligada à comporta do SCR.
Quando a constante RC é maior, o retardo no disparo é maior e assim a potência aplicada ao circuito de carga é mínima.
Uma ponte de 4 diodos faz com que tenhamos somente semiciclos positivos para o controle, pois o SCR é um dispositivo unilateral, ou seja, funciona como um diodo conduzindo a corrente num único sentido quando disparado.
MONTAGEM
Na figura 2 temos o diagrama completo do controle de potência.
A disposição dos componentes numa placa de circuito impresso é mostrada na figura 3.
O SCR deve ser o TIC106B se a rede de energia for de 110V e deve ser o TIC106D se a rede de energia for de 220V. Em ambos os casos este componente deve ter um radiador de calor.
O resistor R1 deve ser de 1W pois tende a se aquecer durante o funcionamento do aparelho.
O capacitor C1 deve ser de poliéster metalizado com uma tensão mínima de trabalho de 100V. A lâmpada neon pode ser de qualquer tipo.
Para os diodos temos duas opções. Se a corrente da carga controlada for menor que 2 ampères, podem ser usados os 1N4004 na rede de 110V ou 1N4007 se a rede for de 220V. Cada diodo suporta uma corrente de 1A, mas como cada um conduz apenas metade dos semiciclos, nesta configuração podemos usá-los com cargas de até 2A.
Para correntes na faixa de 2 a 4 ampères, devem ser usados os 1N5404 para a rede de 110V ou 1N5407 para a rede de 220V.
O fusível de proteção pode ser de 5 a 8A dependendo da corrente da carga. Será interessante usar um fusível que tenha o dobro da corrente da carga com que normalmente for empregado o aparelho.
PROVA E USO
Para provar o aparelho, basta ligar em sua saída uma lâmpada comum de 5 a 100 W.
Atuando-se sobre o potenciômetro, a lâmpada deve variar seu brilho de zero até o máximo.
Se o zero não for conseguido, aumente o valor de C1, ligando capacitores de 10 nF a 100 nF em paralelo, até conseguir o efeito desejado.
Se a lâmpada não atingir o brilho máximo, então o valor de C1 deve ser reduzido.
Comprovado o funcionamento do aparelho é só usá-lo.
Os controles de potência deste tipo, pela comutação rápida dos SCRs geram uma pequena interferência que pode afetar televisores e rádios próximos. Se bem que esta interferência incomode, ela é inofensiva não causando qualquer tipo de perigo à integridade dos aparelhos interferidos.
Um filtro conforme mostrado na figura 4, pode ser agregado ao aparelho no sentido de eliminar ou reduzir este tipo de interferência.
Semicondutores:
D1 a D4 - 1N4004, 1N4007, 1N5404 ou 1N5407 - diodos de silício - ver texto
SCR - TIC106B (110V) ou TIC106D (220V) - diodo controlado de silício
Resistores:
R1 - 10 k ? x 1W
P1 - 100 k ? - potenciômetro
R2 - 10 k ? x 1/8W
Capacitores:
C1 - 100 nF - poliéster
Diversos:
NE-1 - lâmpada neon comum
X1 - Tomada comum
F1 - Fusível de 5 a 10 A
Placa de circuito impresso, suporte de fusível, caixa para montagem, cabo de força, parafusos, fios, porcas, radiador de calor para o SCR, botão para o potenciômetro, etc.