Com a implantação dos radares detectores de velocidade nas estradas, logo surgiram os "antissistemas", que eram os detectores capazes de avisar de sua presença com antecedência suficiente para permitir uma redução da velocidade antes que fosse feita a sua captação. Os detectores de radares, permitidos em alguns estados americanos, logo foram proibidos em nosso país, e muito mais que isso, tornou-se impossível encontrar o componente básico para sua elaboração: o diodo detector de micro-ondas.
E claro que a imaginação não tem limites, de modo que uma solução alternativa, até que bem econômica, possibilitou a realização prática de tal aparelho. Descrevemos esta solução, deixando a sua utilização na detecção de micro-ondas por conta dos leitores.
A ideia básica é simples: utilizar um simples capacitor de poliéster como linha de transmissão ressonante na frequência que se deseja captar e ligar tudo isso na entrada de um amplificador operacional na função de conversor corrente/tensão, conforme mostra a figura 1.

A frequência que é possível detectar com esta configuração depende do comprimento L dos terminais do capacitor, segundo o gráfico dado na figura 2.

Pode-se detectar sinais de micro-ondas na faixa de 500 GHz até 100 MHz!
O sinal pulsante de um radar de estrada, ou mesmo de estações repetidoras, excita o circuito que fornece um sinal audível num transdutor ou num alto-falante com maior potência.
Para o caso de radares de estrada que operam na Banda. Q, o comprimento dos terminais do capacitor indicado estará entre 1,2 e 1,5 cm, devendo este dimensionamento ser obtido experimentalmente. Mas, cuidado com as multas!
Montagem
Na figura 3 damos uma primeira versão do circuito detector que usa um amplificador operacional duplo.
Na figura 4 vemos o desenho da placa de circuito impresso, assim como a indicação dos componentes.

Qualquer operacional duplo, ou mesmo um par de 741 pode ser usado nesta configuração.
Nesta versão, o transdutor é um pequeno fone piezoelétrico ou cápsula de microfone de cristal, que pode ser conseguida com facilidade nas casas especializadas.
Para um sinal de maior potência pode-se usar uma etapa amplificadora como a da figura 5, caso em que obtemos uma versão mais elaborada.

Nesta versão o transdutor é um pequeno alto-falante de 8 Ohms.
A montagem deve ser feita em placa com ligações curtas, de modo a se evitar a capacitância entre tiras que possam causar realimentações indesejáveis. O alto-falante deve ser separado do circuito, ou então blindado, para que seu campo magnético não influa no detector, levando-o a um funcionamento instável.
Os únicos ajustes que devem ser feitos são do tom em R2 e do limiar de ação em R5. A alimentação é feita com uma tensão de 9 V de uma bateria pequena comum.
Prova
Para verificar se o sistema funciona não será preciso dispor de um radar ou de uma fonte sofisticada de micro-ondas. Uma maneira simples de gerar pulsos que chegam a frequências muito elevadas é utilizando um indutor de uns 500 a 1000 MH, e com ele tornar o circuito da figura 6.

A abertura e fechamento da chave produz pulsos (arcos) que têm harmônicas, que chegam à faixa que o circuito é capaz de detectar. Faça experiências colocando o detector a diversas distâncias do emissor e fazendo os devidos ajustes. Uma aplicação interessante para este circuito por parte de técnicos reparadores é na detecção de eventuais fugas de micro-ondas de fornos domésticos, ou mesmo para constatação do funcionamento de transmissores.
Lista de material
CI1, CI2 - 741, amplificador operacional
XTAL - fone ou microfone de cristal
R1 - 1M2 x 1/8 W - resistor (marrom, vermelho, verde)
R2, R4 - 100 K x 1/8 W- resistor (marrom, preto, amarelo)
R3 - 27 K x 1/8 W - resistor (vermelho, violeta, laranja)
R5 - 100 K - potenciômetro ou trimpot C1 - 220 nF - capacitor de poliéster
C2 - 100 µF x 16 V - capacitor eletrolítico
C3 - 47 nF - capacitor cerâmico ou de poliéster
C4 - 47 µF x 16 V - capacitor eletrolítico
B1 - 9 V - bateria
S1 - interruptor simples Diversos: placa de circuito impresso, caixa para montagem, fios, conector para bateria, fios, solda etc.
Nota: artigo publicado na revista Eléctron 12 dos anos 80.