Os pedais de efeitos para violões e guitarras são aparelhos muito importantes para os que gostam de música, e principalmente para os conjuntos musicais. Se você não tem seu pedal de efeito porque um comprado pronto custa caro, por que não o montar? Conforme você verá, trata-se de uma montagem muito simples que até mesmo os leitores menos experientes poderão realizar.
Nota: Artigo publicado na revista Eletrônica Total 4 de 1988.
O circuito que propomos é do efeito conhecido como Uá-Uá ou Uau-Uau (depende de como cada um queira pronunciar) que nada mais é do que uma modulação, por meio de um pedal, da resposta de um amplificador, com variações de intensidade e timbre.
Utilizando apenas um transistor e alimentado por uma bateria de 9 volts, este aparelho pode ser intercalado entre qualquer violão ou guitarra e o seu amplificador. Como o consumo de corrente é muito baixo, a bateria terá uma grande duração. Um único ajuste é feito no sentido de se obter melhor comportamento para o aparelho, o que facilita bastante o trabalho dos montadores menos experientes. Quanto à parte mecânica, que é o pedal, existem muitas alternativas que certamente não vão constituir-se em problemas para os montadores.
COMO FUNCIONA
O efeito de uá-uá consiste num filtro que deixa passar uma estreita faixa de frequências, a qual pode ser amplificada ou atenuada conforme a posição de um pedal.
As frequências que ficam foram desta faixa são amplificadas de maneira constante, não havendo assim qualquer efeito perceptível. O resultado é que certas notas, que estão dentro da faixa de ação do aparelho, podem ser moduladas ou variadas em intensidade, passando a ter uma reprodução mais forte ou mais fraca, conforme a ação do músico.
Para obter uma resposta seletiva de uma etapa amplificadora com um único transistor, utilizamos uma configuração denominada "duplo T" (figura 1).
A frequência do duplo T é dada pela fórmula junto ao diagrama e os componentes devem ter seus valores mantidos dentro das relações indicadas.
Se ligarmos o duplo T entre o coletor e a base de um transistor na configuração de emissor comum, como no nosso caso, há uma tendência de oscilação na frequência para a qual o filtro foi calculado. Podemos deixar o circuito prestes a oscilar ou ter maior amplificação ajustando um dos ramos do duplo T através de um potenciômetro, como no nosso caso. Assim, quando aplicarmos à base do transistor um sinal de determinada frequência, que não do duplo T, teremos simplesmente uma amplificação normal dada pelas relações de valores entre R5 e R6.
No entanto, se o sinal tiver componentes na frequência do duplo T, ele entrará em ação com forte realimentação e aumentando o ganho do circuito. Este ganho poderá ainda ser alterado com a atuação sobre o circuito de oscilação, ou seja, sobre P1.
P1 consiste então no pedal que poderá amortecer mais ou menos esta frequência, com maior ou menor ganho. O sinal amplificado, tanto o que sofre ó efeito como os demais, é retirado do coletor do transistor através de C6, onde através de um jaque pode ser levado a um amplificador.
MONTAGEM
Na figura 2 temos o diagrama completo de nosso efeito.
A montagem deve ser feita em placa de circuito impresso, conforme mostra a figura 3. Os resistores são todos de 1/8 ou 1/4W com tolerância de 5% ou 10% e os capacitores tanto podem ser cerâmicos como de poliéster, exceto C6 e C7 que são eletrolíticos para 12V ou mais.
O transistor é um NPN de uso geral como o BC548 ou equivalentes tais como o BC238, BC549 ou BC239. A alimentação consiste numa bateria de 9V, devendo ser observada a polaridade de sua ligação.
Na figura 4 damos nossa sugestão de montagem para o pedal que consiste num potenciômetro deslizante de 100 kΩ acionado por uma alavanca.
Você deve fazer com que o curso da alavanca corresponda ao curso do potenciômetro, de modo a ter efeito total. Uma caixa de madeira ou outro material serve para alojar todo o conjunto.
Observe que devemos ter cabos preparados para fazer a conexão da guitarra e também do amplificador. A blindagem deve ser devidamente ligada ao negativo da alimentação do circuito para que não ocorram roncos.
PROVA E USO
Basta ligar em J1 a guitarra e a saída J2 através de um cabo à entrada de seu amplificador. Em seguida, tocando sua guitarra, ajuste P2 ao mesmo tempo em que aciona P1 para o melhor efeito, sem oscilação. Uma vez comprovado o funcionamento é só fechar definitivamente a caixa e usar a unidade.