Muitos músicos enfrentam um problema: Como ligar dois instrumentos ao mesmo tempo em um amplificador, com uma única entrada?! Uma simples chave daria conta do recado, se não fosse o "estalo" que a mesma causa ao ser pressionada e que pode ser ouvido no amplificador. A solução apresentada não é milagrosa, mas poderá ser utilizada em muitas aplicações de áudio, onde é preciso o chaveamento entre duas fontes de sinal.
Nota: O artigo é de 2002 tendo sido publicado numa Eletrônica Total
O CIRCUITO
O circuito elétrico pode ser visto na figura 1. Como o leitor pode notar, a chave de áudio utiliza Cls de tecnologia CMOS, facilmente obtidos no mercado especializado. São apenas três Cls, sem uso de microcontroladores ou outros componentes que exijam maior conhecimento por parte do montador. Isso permitirá que qualquer pessoa com conhecimentos básicos em eletrônica possa montar este circuito.
Na figura 2, o leitor tem o diagrama de blocos que ajudará a compreender melhor o funcionamento do circuito proposto. No bloco 1, temos uma chave com um "supressor" de repiques. Este "supressor", montado com uma das portas NOR EXCLU-SIVO do C12, elimina os repiques provocados pela chave. Quando Si é pressionado, este bloco gera um pulso que será aplicado ao bloco 2. O capacitor C1 pode ter seu valor substituído para melhorar a "proteção", de acordo com a chave utilizada.
A figura 3 demonstra o repique na entrada da porta e o sinal estabilizado na saída da mesma.
O bloco 2 traz um "flip-flop" montado com 1/2 C13. A função deste é "chavear" a entrada do bloco 3 em "0" e "1". Quando o bloco 2 recebe o pulso de entrada vindo do bloco 1, a saída do flip-flop é alterada em seu estado lógico de "1" para "O" e vice-versa, mantendo o estado até que um próximo pulso seja inserido em sua entrada. Estes sinais são introduzidos em inversores do C12, que ligam e desligam as chaves do próximo bloco. Na figura 4, o leitor pode observar melhor o sinal apresentado por este bloco.
O terceiro e último bloco é composto por chaves analógicas do Cl1. Quando o "flip-flop" apresenta valor lógico "1" em sua saída, apenas uma das chaves é ligada, e vice-versa para o valor lógico "0", graças à configuração adotada com os inversores.
O circuito necessita de uma fonte simétrica para que as chaves analógicas de Cl1 possam trabalhar com toda a faixa de entrada (Vpp - Volts pico a pico), e esta já faz parte do circuito principal e o leitor não precisa se preocupar com ela.
Caso ele deseje operar o sistema de maneira portátil, deverá alimentá-lo com duas baterias de 9 V, do tipo quadradinha, retirando do circuito T1, D4, D5, D6, D7, C4 e C5. Para realizar corretamente as ligações desta opção, siga atentamente o circuito da figura 5.
Os LEDs D1 e D2 informam qual "entrada" está habilitada e devem, preferencialmente, ter cores diferentes: vermelho e verde, por exemplo, para facilitar o uso. O LED D3 indica a situação de ligado do aparelho. Os sinais a serem inseridos nas entradas não devem ultrapassar 5 Vpp (Volts pico a pico).
MONTAGEM
A montagem do circuito pode ser feita com a ajuda do "layout" apresentado na figura 6. Tome cuidado para não inverter os componentes polarizados e utilize soquetes para os Cls.
Todas as ligações com as entradas e saídas devem ser feitas com fios com malha tipo mono. As "malhas" devem ser devidamente aterradas na caixa. Geralmente, aplicações em áudio requerem certos cuidados. A captação de interferências costuma provocar "chiados" no sinal, que podem impedir o "sucesso" de qualquer projeto desta natureza. Porém, existem algumas dicas que, se seguidas, podem minimizar e até eliminar o problema. São elas:
- Utilize fios com malha para as ligações aéreas. Estas ligações devem ser curtas e a malha do fio deve estar bem "aterrada" na caixa.
- A caixa deve ser do tipo metálica, de ferro ou alumínio. Se a mesma for pintada, certifique-se de que o "aterramento" das malhas foi feito, raspando a área de contato.
- Os capacitores utilizados na fonte podem ser alterados para melhorar a "filtragem". Outros capacitores do tipo poliéster (de lOnF) podem ser inseridos na saída da fonte para melhorar ainda mais o filtro. Lembre-se apenas de colocar dois capacitores: um para a linha de 5 V e outro para os -5 V.
Na figura 7, vemos um exemplo para a construção da caixa a ser utilizada como um pequeno pedal de efeitos. Os LEDs D1 e D2 devem ser dispostos de tal maneira a informar qual entrada está habilitada, ou seja, quando D1 ligado, a entrada 1 estará selecionada e quando D2 ligado, a entrada 2 estará selecionada. A fonte deve, preferencialmente, ser montada em um gabinete à parte para evitar que a mesma possa causar "ruído" no circuito principal. O lay-out da placa para montagem da fonte pode ser visto na figura 8. Os Cls reguladores de voltagem, CI4 e Cl5, podem apresentar aquecimento e o uso de pequenos radiadores de calor é recomendável. Para ligá-la ao circuito principal, use um Jack P2 tipo estéreo.
PROVA E USO
Para testar o equipamento, confira todas as ligações atentamente. Após a verificação, ligue um sinal de áudio em uma das entradas (J1 por exemplo), que poderá ser retirado de um gerador de funções ou mesmo de um instrumento musical, como uma guitarra por exemplo. A saída da chave de áudio deve ser ligada a um amplificador, através de J3. Pressione S1 até habilitar a entrada correspondente e verifique a presença do som no amplificador. Mude o sinal de entrada e pressione S1 para verificar a presença do som também por esta entrada. A saída da chave digital também poderá ser ligada a um pedal de efeitos. Para ligar pedais de efeitos nas entradas, é bom saber antes sobre qual a intensidade do sinal de saída destes que não deve ser superior a 5 Vpp (Volts de pico a pico). A figura 9 ilustra um exemplo de uso com dois instrumentos (motivo principal do projeto).
CONCLUSÃO
O circuito apresentado, apesar de simples, tem grande eficiência e poderá resolver o problema de muitos leitores amantes da "música", sejam profissionais ou "amadores". Esperamos ter contribuído com os que sempre nos solicitam projetos voltados para esta área. Boa montagem e bons "sons"!!!
