Eis aqui um circuito de luz rítmica econômica que pode ser ligada a qualquer equipamento de som, mesmo de baixa potência, como gravadores cassete, toca-fitas, rádios portáteis e outros. Nos equipamentos de maior potência seus efeitos também são excelentes, servindo para animar muito mais suas festas, bailes ou simples reuniões para "curtir" um som!

Nota: o artigo é dos anos 80. Aplica-se somente à lâmpadas incandescentes

 

Introdução

A maior vantagem deste circuito de luz rítmica está na possibilidade de se usar material de baixo custo e fácil obtenção, o que torna sua montagem bastante acessível. A segunda vantagem importante está na possibilidade de se ligar este aparelho na saída de praticamente qualquer tipo de aparelho de som, mesmo os de muito baixa potência, porque para sua excitação não se necessita mais do que uma pequena fração de watt.

Mesmo sendo simples, entretanto, este circuito pode alimentar lâmpadas de até 400 watts na rede de 110 V e até 800 watts na rede de 220 V. Veja o leitor que isso significa 10 lâmpadas de 40 W em 110 V ou então 20 lâmpadas de 40 W em 220 V. Com esta quantidade de lâmpadas, os efeitos obtidos são, sem dúvida, bastante bons, em qualquer ambiente de médias dimensões.

A ligação do circuito de luz rítmica ao equipamento de som é também muito fácil, não exigindo nenhuma modificação especial. Se o leitor quiser, bastará acrescentar um jaque em seu aparelho de som para que ele seja ligado à luz rítmica quando assim for desejado.

Como o circuito utiliza poucos componentes e de baixo custo, sua montagem, além de pouco dispendiosa, é muito simples, podendo ser encarada pelos menos experientes e até mesmo pelos que não possuam experiência prática em Eletrônica. Basta seguir as instruções e usar o material correto.

 

Como funciona

A finalidade de um circuito de luz rítmica é fazer acender um conjunto de lâmpadas de maneira intermitente, de modo que elas pisquem no mesmo ritmo da música que está sendo reproduzida num aparelho de som.

Assim, dividindo em blocos um circuito de luz rítmica, teremos três partes a serem analisadas (fig. 1).

 


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A primeira corresponde ao circuito de entrada, onde deve ser aplicado o sinal retirado da saída do amplificador, normalmente dos fios de ligação às caixas acústicas. Este circuito deve, além de prover um perfeito isolamento do circuito de luz rítmica do amplificador, por medida de segurança, também não o carregar, isto é, afetar seu funcionamento por exigir excessiva quantidade de energia para excitação, ou então por alterar as características de entrada do amplificador.

No nosso circuito, a entrada é feita por meio de um transformador de saída ou de alimentação, do tipo comumente encontrado em velhos aparelhos a válvula ou adquirido no comércio especializado. Este transformador possui um enrolamento cuja impedância tem a mesma ordem de valor que a saída dos amplificadores. Nos casos em que a potência do amplificador é muito maior do que a necessária para excitar o circuito, acrescentamos um resistor limitador em série, conforme mostra a figura 2.

 


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Com isso, a saída do amplificador praticamente não "sente" a presença do circuito de luz rítmica que dele retira apenas uma pequeníssima parcela da energia para excitação das lâmpadas, a. qual nem sequer é notada sob a forma de qualquer variação da intensidade sonora.

O primário do transformador usado nesta etapa é ligado à segunda parte do circuito, que é a etapa de excitação. Esta etapa, cujo aspecto geral é mostrado na figura 3, possui um controle que permite dosar a intensidade do sinal obtido na etapa anterior, de modo que seja usado apenas o necessário à obtenção dos efeitos desejados.

 


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Neste mesmo bloco temos um circuito de filtragem que permite a seleção dos sons que devem produzir as piscadas mais fortes. Trata-se de um "controle de tonalidade" que pode dar um reforço dos efeitos das lâmpadas com os agudos, conforme a proporção desejada.

O capacitor C1, responsável pela faixa de frequência que deve excitar as lâmpadas, pode ter seu valor alterado à vontade do montador, se o potenciômetro usado no ajuste não abranger a faixa de efeitos da maneira desejada.

A terceira etapa é a de potência, ou seja, o circuito responsável pelo " serviço pesado" já que, a partir do pequeno sinal vindo preparado das etapas anteriores, deve controlar uma corrente muito intensa, necessária ao acendimento das lâmpadas.

Essa função é exercida por um diodo controlado de silício, SCR, um componente moderno, cujo aspecto e símbolo são mostrados na figura 4.

 


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Esse dispositivo é capaz de controlar, com uma corrente muito fraca, da ordem de milésimos de ampère, uma corrente de até 4 ampères, que em 110 V significa uma potência de 400 W e em 220 V da ordem de 880 W.

Assim, aplicamos o sinal das etapas anteriores na comporta (gate) do SCR, e entre o ano do e a alimentação ligamos as lâmpadas que devem ser controladas em quantidade limitada pela capacidade de corrente já citada.

Com as variações da intensidade da música, selecionada a faixa de frequências que deve ser respondida, o SCR liga e desliga rapidamente, fazendo piscar as lâmpadas que estão ligadas ao circuito (fig. 5).

O ajuste correto do funcionamento do circuito é feito em R2, de modo que as piscadas ocorram acompanhando ao máximo o ritmo da música.

 


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Um fato importante que deve ser observado é que o circuito não gasta energia quando as lâmpadas estão apagadas (sem piscar), ou seja, com o amplificador desligado.

 

 

Montagem

As ferramentas que você precisa ter para a montagem da parte eletrônica deste circuito são simples e comuns: um ferro de soldar de pequena potência, solda de boa qualidade, alicate de corte lateral, alicate de ponta reta e chaves de fenda.

É claro que deve ser previsto o material e ferramentas necessárias à elaboração da caixa onde deve ser montado o aparelho. Esta caixa po-de ser de madeira ou outro material.

Como o número de componentes é pequeno, o leitor não precisará se preocupar em realizar uma placa de circuito impresso para sua colocação. Uma ponte de terminais isolados é suficiente para manter em posição de funcionamento os principais componentes de pequenas dimensões, enquanto que os componentes maiores, como o transformador, podem ser fixados na própria caixa e os controles colocados na parte posterior.

O circuito completo da luz rítmica é mostrado na figura 6.

 


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A disposição dos componentes na ponte de terminais é mostrada da figura 7.

 


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Damos a seguir uma sugestão de sequência para a montagem, visando facilitar o trabalho dos menos experientes:

— O diodo controlado de silício deve ser montado num pequeno dissipador de calor, caso sejam usadas lâmpadas de mais de 60 W no total. Esse dissipador pode ser um pedaço de metal cortado em "U", com pelo menos 5 x 5 cm de superfície total. Observe bem a polaridade do SCR na sua soldagem. Podem ser usados os SCRs do tipo MCR106, C106, IR106 ou TIC106. Para este último deve ser acrescentado um resistor de 1 kΩ x 1/8W entre o catodo e a comporta, caso contrário ele não funcionará. O SCR deve ter uma tensão de trabalho de 200 V se sua rede for de 110 V e de 400 V se sua rede for de 220 V.

— Na soldagem do diodo Dl observe sua polaridade. O anel que identifica o seu catodo fica do lado do SCR, conforme mostra a figura em ponte_

— O transformador pode ser do tipo usado na saída de rádios que utilizam as válvulas 6AQ5 ou 6V6, antigos, ou então de 6+6 ou 9+9 V com primário para a rede local. O enrolamento primário de alta impedância, que é identificado pelos fios encapados no caso do tipo de saída, e pelas cores vermelho/preto/marrom no caso dos outros, é ligado ao circuito. O secundário, que é de fio esmaltado no caso do tipo de saída e de cores iguais no caso do tipo de 6+6 ou 9+9 V, é ligado a Ri. No caso do tipo de 6+6 ou 9+9 V os fios centrais dos enrolamentos não são ligados.

— O resistor R1 é o único componente crítico desta montagem, não precisando ser usado nos casos em que a luz rítmica for empregada com equipamentos de muito baixa potência, como por exemplo rádios portáteis, gravadores cassete, walkman e toca-discos de até 2 watts. Para saídas de mais de 2 watts de potência o valor de R1 é dado pela seguinte tabela:

de 2 watts a 10 watts — RI = 22 ohms x 2 watts

de 10 watts a 25 watts — R1 = 56 ohms x 2 watts

de 25 watts a 50 watts — R1 = 100 ohms 2 watts

mais de 50 watts — R1 = 220 ohms x 2 watts

 

Se o leitor observar que é preciso abrir totalmente o volume do aparelho de som e também a sensibilidade do circuito de luz rítmica para que estas pisquem, ou então se elas não piscarem, mesmo com o máximo de volume, reduza o valor de R1 gradualmente até encontrar o valor que melhor se adapte ao seu aparelho de som, caso não saiba qual a sua potência real.

— Na ligação dos potenciômetros observe bem a posição indicada nos desenhos para que não se obtenha um controle "ao contrário"

— O capacitor Cl não tem polaridade, mas seu valor pode ser alterado numa ampla faixa. O leitor pode experimentar capacitores entre 47 nF (473) e 470 nF (474) sem o perigo de alterar as características básicas do aparelho. O capacitor pode ser cerâmico ou de poliéster.

— O resistor R4 pode ser de 1/4 W ou 1/8 W. Não há polaridade certa para ligação deste tipo de componente.

Completada a montagem dos componentes na ponte de terminais, as suas interligações podem ser feitas com fio rígido de capa plástica, assim como as ligações aos potenciômetros, aos bornes de entrada e ao soquete de saída das lâmpadas.

Antes de instalar o aparelho definitivamente na sua caixa, faça uma prova de funcionamento como segue.

 

Prova de funcionamento

Ligue na saída SQ1 uma lâmpada de 15 a 100 watts provisoriamente, e nos bornes de entrada a saída de um amplificador, com o qual a unidade deverá funcionar ou então a saída de fone de um rádio portátil ou gravador cassete. Observe o valor do resistor de acordo com a potência do aparelho.

A maneira de fazer a ligação do circuito de luz rítmica ao amplificador em prova é mostrada na figura 8.

 


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Ligue o circuito de luz rítmica e o amplificador. Ajuste então o potenciômetro R2 para obter um funcionamento de acordo com o previsto.

O amplificador deve estar em médio volume para a obtenção de resultados satisfatórios. Se houver falta de sensibilidade no circuito de luz rítmica, o que ocorrerá quando deveremos abrir todo o volume para que as lâmpadas pisquem segundo a música, reduza o valor de R1 Se, por outro lado, houver excesso de sensibilidade, aumente o valor de R1.

 

 

Instalação

 

Na figura 9 temos a maneira de se ligar o circuito de luz rítmica a um amplificador monofônico.

 


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Na figura 10 temos a maneira de se fazer a conexão de dois circuitos de luz rítmica à saída de um amplificador estereofônico.

 


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As lâmpadas podem ser ligadas na saída do circuito em paralelo, da maneira indicada na figura 11. Nesta mesma figura temos a tabela que indica o número máximo de lâmpadas que podem ser usadas, em função de sua potência e da tensão da rede de alimentação.

Cuide bem do isolamento de todas as ligações das lâmpadas para evitar acidentes. Um fusível de 5 ampères ligado em série com as lâmpadas pode ser acrescentado de modo a tornar o aparelho mais seguro.

 


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SCR — MCR106, C106, TIC106 — diodo controlado de silício

R1 — Ver texto R2, R5 — 10 kΩ — potenciômetros simples

R4 — 10 kΩ x 1/8 W — resistor (marrom, preto, laranja)

R5 — 1 kΩ — opcional — 1/8 W — resistor (marrom, preto, vermelho) — ver texto

D1 — 1 N4004 ou equivalente — diodo de silício

C1 — 100 nF — capacitor cerâmico ou de poliéster (104)

T1 — Transformador de saída ou de 6+6 x 9+9 V a partir de 100 mA ver texto

SQ1 — Tomada de força para 110 V ou 220 V

Diversos: ponte de terminais, plugue e cabo de alimentação, caixa para montagem, fios, solda, bornes etc.