Um simples alarme não resolve o caso de roubo, porque simplesmente avisa-o do que está acontecendo, mas não impede que o ladrão leve seu carro ou moto. Se locé deseja realmente uma proteção contra o roubo do seu carro e não simplesmente um alarme, este projeto vem de encontro às suas necessidades: o ladrão consegue dar a partida, mas não irá longe, pois alguns segundos depois o motor para. Uma nova tentativa e o motor só funciona mais alguns segundos, provocando com isso a impressão de que ele se encontra com problema, sendo, portanto, abandonado logo adiante. Você facilmente poderá encontrá-lo depois, não muito longe do local em que estava.
Você tem muitas maneiras de proteger seu carro contra roubos, haja visto o enorme número de anúncios de alarmes nas revistas especializadas e mesmo em outros veículos de comunicação.
Mas, pense bem no seguinte antes de se decidir pela proteção de seu veículo: um sistema de alarme simplesmente avisa-o de que seu carro está sendo roubado, mas não impede que o ladrão o leve se você não puder intervir! E, quantas vezes você pode realmente intervir sem que isso seja perigoso?
É claro que levando em conta isso, achamos que o leitor deverá ter não um sistema de alarme para seu carro para protegê-lo, mas sim um sistema que impeça que o gatuno leve o veículo, ou seja, um dispositivo Antifurto.
E como funciona um sistema antifurto?
O que propomos neste artigo é o seguinte:
Existem duas situações em que pode ocorrer um roubo de carro: ou o ladrão arromba seu veículo e faz uma ligação direta ou usa chave falsa levando-o sem que você possa perceber, ou então ele o ameaça diretamente com uma arma forçando-o a entregar o carro (figura 1).
A segunda situação evidentemente é a mais perigosa, pois qualquer dispositivo que seja acionado neste momento crítico do roubo pode causar uma represália. Se você estiver nas proximidades, o indivíduo pode ser violento, e se você não estiver nas proximidades ele pode danificar o veículo, quebrando vidros, amassando-o com suas ferramentas, e se for moto, jogando-a no chão.
Pensando então nestas duas situações é que o sistema proposto foi projetado: o veículo pode ser colocado em movimento por um ladrão, mas sem conhecer o segredo (antifurto), ele não levará o mesmo muito longe, pois seu motor vai parar e não haverá meio de acioná-lo.
E, veja que o antifurto pode ser instalado não só em automóveis como também em motos.
O antifurto faz simplesmente o seguinte: ele permite que o motor seja ligado e que o veículo saia, mas somente durante aproximadamente 8 segundos. Depois disso, o antifurto desliga o motor totalmente paralisando o veículo obrigando o gatuno a abandoná-lo.
Na situação de roubo por arrombamento, mesmo que seja feita uma "ligação direta" o carro não poderá ir longe, o que facilitará sua posterior localização nas imediações. No caso da ameaça, é até muito interessante que o bandido possa se afastar do local, certo do sucesso de suas intenções. Quando o veículo parar depois de alguns segundos será conveniente não estar por perto evitando-se uma eventual represália (figura 2).
O aparelho que descrevemos além de simples de montar é igualmente simples de instalar não necessitando de mão-de-obra especializada e em caso de falha, ele pode ser retirado do circuito normal de funcionamento do carro pelo simples acionamento de uma chave. Evidentemente, a localização desta chave só deve ser conhecida pelo dono do carro.
COMO FUNCIONA
Na figura 3 temos um esquema simplificado do sistema de ignição de um automóvel.
Percebe a leitor que a chave de partida conecta a bobina de ignição via platinado à alimentação do veículo que é a bateria (a chave de partida também aciona o motor de partida, mas só por alguns momentos, o que não nos interessa no caso).
Esta alimentação é necessária, pois o abrir e fechar do platinado com a movimentação do motor, gera uma corrente contínua pulsante a qual circulando pelo primário da bobina de ignição gera uma alta tensão para as velas no seu secundário. Esta alta tensão produz uma faísca nas velas que é responsável pela queima do combustível no motor. É fácil de se perceber que, se a corrente for interrompida em qualquer ponto deste circuito não teremos faísca nas velas e, portanto, o motor não funciona.
O circuito que propomos é então intercalado neste circuito, conforme mostra a figura 4.
Quando a chave de partida é acionada, o circuito antirroubo também é ligado e permite que a corrente tanto para o motor de partida (por alguns instantes, via relê) como para as velas, circule. Entretanto, este circuito mantém esta corrente por apenas uns 8 segundos (aproximadamente). Depois dos 8 segundos, a corrente é interrompida e o motor não funciona mais. Dando a partida novamente, o motor será acionado por mais alguns segundos e novamente vai parar. É lógico que a necessidade de dar a partida novamente significa uma perda de tempo com que o ladrão não pode contar, e também o deixa confuso pensando num defeito natural do carro. Isso o obrigará a abandonar o veículo não muito longe do local em que o abordou.
Para inibir o antirroubo evitando este desligamento em funcionamento normal, existe um interruptor de toque (S1). O dono do carro, evidentemente sabendo onde está este interruptor, aperta-o por um instante desativando assim o antifurto. Deste modo, basta dar a partida e com um leve toque, desativar o antifurto, apertando S1. Nestas condições a alimentação da parte elétrica do motor não é interrompida com ela funcionando normalmente (figura 5).
Na figura 6 temos um diagrama de blocos que representa a parte eletrônica de nosso
O primeiro bloco representa um circuito temporizador que tem por base um multivibrador monoestável feito com duas portas NAND das 4 existentes no integrado -C-MOS 4011.
Na figura 7 temos então a configuração básica do que denominamos multivibrador monoestável e que funciona do seguinte modo:
Este circuito tem dois estados possíveis em sua saída: com tensão ou sem tensão.
No momento em que o aparelho é ligado, na saída da primeira porta NAND temos o nível lógico 0. O capacitor C se carrega então pelo resistor R até o instante em que ocorre uma troca de estado. Nesta troca de estado, temos uma mudança do nível de saída do circuito de 0 para 1
Assim, ao ligarmos o circuito, com o acionamento da chave, o multivibrador é acionado permanecendo assim num intervalo de tempo justamente determinado pelo capacitor C e pelo resistor R.
Depois deste intervalo o multivibrador volta ao seu estado inicial e com isso um impulso de ativação é levado ao segundo bloco.
O segundo bloco do circuito é formado por duas portas que são ligadas de modo que, a primeira é ativada com o sinal do multivibrador do primeiro bloco e a segunda funciona como um inversor. Assim, quando o multivibrador monoestável comuta depois de aproximadamente 8 segundos, o nível lógico produzido na saída excita o transistor acionando o relê.
Este relê é ligado na configuração de normalmente fechado, o que quer dizer que o seu acionamento "desliga" o aparelho alimentado, ou seja, o circuito das velas do carro que então para. (figura 8).
Para manter o relê desativado, sem o ciclo dos 8 segundos, existe um interruptor de pressão (S1), evita-se a carga do capacitor e, portanto, o funcionamento da unidade depois do tempo estabelecido.
Veja o leitor que este circuito é totalmente alimentado com os 12V da bateria do carro, o que significa uma simplicidade extrema de instalação. A própria tensão da chave do carro e a ligação de um fio ao chassi permitem a sua alimentação, e para a proteção temos apenas um ponto de ligação no fio que vai da chave de contato à bobina.
MONTAGEM
A base da montagem é o circuito integrado C-MOS 4011 que consiste em 4 portas NAND de duas entradas. Certo cuidado é exigido no seu manuseio e, evidentemente a melhor montagem para o aparelho é em placa de circuito impresso.
Os leitores que pretendem iniciar-se nos trabalhos com circuitos integrados têm neste projeto uma excelente oportunidade para isso. Para a soldagem dos componentes e principalmente do circuito integrado, recomendamos a utilização de um ferro de pequena potência e ponta bem fina, e como ferramentas adicionais um alicate de corte, um alicate de ponta fina e chaves de fenda.
Na figura 9 temos então o diagrama completo do Antifurto com os valores dos componentes. Na figura 10 temos a placa de circuito impresso em tamanho natural.
Recomendamos ao leitor que siga a sequência abaixo de operações na sua montagem:
( ) Depois de confeccionar a placa de circuito impresso, confira seu acabamento procurando por eventuais interrupções nas tiras de cobre ou curtos-circuitos.
( ) Aqueça o ferro de soldar por pelo menos 10 minutos e estanhe bem sua ponta. Use solda 60/40 de boa qualidade.
( ) Solde em primeiro lugar os resistores, dobrando seus terminais e encaixando-os na placa de modo a poderem ser soldados do lado cobreado. Corte os excessos dos terminais após a soldagem (figura 11).
( ) Solde os diodos observando que estes componentes são polarizados, ou seja, deve ser observada a posição de seus anéis de marcação. O procedimento para a soldagem dos diodos é o mesmo dos resistores, devendo a operação ser feita rapidamente para que o calor não os danifique.
( ) Solde o jumper que consiste num pequeno pedaço de fio descascado dobrado em "U".
( ) Solde os dois transistores. Veja bem a posição destes componentes que é dada em função do seu lado achatado. A soldagem dos transistores deve ser feita rapidamente para que o calor não os danifique.
( ) Para soldar os capacitores eletrolíticos que são do tipo com terminais paralelos você deve estar atento a dois pormenores: seu valor que é marcado no invólucro e sua polaridade que é dada pelos sinais (+) ou (-) e que deve ser obedecida.
( ) Finalmente você deve soldar o circuito integrado. Se tiver inseguro pode usar um suporte DIL de 14 pinos. Na soldagem do integrado além de observar sua posição (veja o ponto indicador do pino 1), deve-se ter cuidado para que espalhamentos de solda não coloquem em curto seus terminais. Se acidentalmente a solda se espalhar unindo dois pinos do integrado, aqueça o local com a ponta do ferro e remova a "ponte" de solda com um palito.
( ) Por último você deve soldar o relê. A placa foi projetada para receber o relê Schrack RU 101 012. Se o leitor usar um equivalente é conveniente tê-lo em mãos antes de fazer a placa que deve ser projetada em função de sua base.
( ) Solde a seguir os fios de ligação externa, e também os fios que vão à chave auxiliar S2. A função desta chave é ligar diretamente o circuito de alimentação da bobina do carro, inutilizando o aparelho em caso de falha.
Terminada esta montagem, confira-a totalmente antes de fechar o aparelho em definitivo em sua caixa e proceder à sua instalação no carro.
INSTALAÇÃO E USO
A ligação do aparelho no carro é mostrada na figura 12. A caixa do Antifurto deve ser instalada em local que não possa ser vista (no porta-malas no caso de carros com motor traseiro, ou na parte frontal em carros com motor na frente, o mais próximo possível do cabo da chave de contato.
O fio de alimentação negativa (-) deve ser ligado ao chassi. Para esta finalidade pode-se aproveitar o próprio parafuso de fixação da caixa ou então outro ponto.
Depois, interrompa o cabo da chave de contato, ligando então os fios do antifurto. Veja que o fio B deve ficar do lado da chave e o A do lado da bobina.
Com isso você pode fazer uma prova de funcionamento. Antes será conveniente verificar se a chave S2 se encontra desligada, pois se estiver ligada ela impedirá o funcionamento do aparelho, com a alimentação direta e, portanto, funcionamento normal do carro.
Com a chave S2 desligada, dê a partida no carro normalmente. O carro deve "pegar" novamente e depois de aproximadamente 8 segundos deve parar. Tentando dar a partida novamente nada acontecerá.
Apertando então momentaneamente Si e dando a partida, o carro deve funcionar novamente e não mais desligar depois de 8 segundos.
Para usar o antifurto você deve proceder sempre do seguinte modo:
Dê a partida, e tão logo o carro pegue, ou ainda, tão logo você tenha acionado a chave, aperte por um instante S1. Com isso o antifurto será desativado.
Em caso de problema com o aparelho, basta acionar S2.
O Interruptor S1, evidentemente deve ser instalado em local escondido, porém acessível do carro.