Como proteger, com o máximo de eficiência, seu carro? Como evitar que, num semáforo ou numa parada em trânsito, o assaltante leve seu carro sem qualquer possibilidade de uma ação? Como garantir a total proteção contra a entrada de intrusos que possam levar caros equipamentos como seu precioso toca-fitas? Tudo isso pode ser conseguido com este sistema extremamente simples de ser instalado e que tem ação de tripla temporização.

 

Nota: Este artigo foi publicado na Revista Saber Eletrônica de outubro de 1984

 

 


 

 

 

Não precisamos dizer como os automóveis são visados pelos amigos do alheio em nossos dias. Quando não é o próprio veículo o visado, são seus equipamentos, principalmente o rádio/toca-fitas.

Uma proteção eletrônica para um automóvel não pode consistir numa simples chavinha que dispara a buzina quando abrimos a porta, pois além de incômodo, porque isso também ocorrerá quando o dono do carro entrar, pode provocar uma reação violenta do intruso que, armado de uma ferramenta pesada, sem dúvida, amassará o carro ou mesmo quebrará um vidro. A reparação do dano pode sair mais cara do que a perda do objeto visado pelo intruso!

Por outro lado, os alarmes que existem à venda custam os "olhos da cara" e, em tempo de crise, um investimento menor sempre será desejado, principalmente quando isso está ao alcance do leitor da Revista Saber Eletrônica que tem a vantagem de saber fazer seus próprios aparelhos!

O que propomos então é um eficiente alarme de tripla temporização que protegerá seu carro por pouco dinheiro e, além disso, lhe proporcionará algumas horas de lazer com sua realização prática.

O alarme de tripla temporização tem as seguintes características:

— Desativa por 15 segundos o alarme, dando tempo para o proprietário do carro sair, ou entrar, e fechá-lo.

— Uma vez ativado, dá 10 segundos para que o proprietário o desarme antes da buzina disparar.

— O terceiro tempo aciona a buzina por 3 minutos após o que é desligada automaticamente, evitando assim o esgotamento da bateria. Ao mesmo tempo, este terceiro tempo desativa o sistema de alimentação elétrica do motor, paralisando o carro.

Uma chave adicional permite a desativação total do sistema no caso do mesmo ser enviado à oficina ou lavagem, evitando assim que pessoas estranhas verifiquem seu funcionamento.

 

COMO FUNCIONA

Podemos de uma maneira simplificada representar o alarme por um diagrama de blocos em que temos três temporizadores operando com tempos diferentes. (figura 1)

 


 

 

 

Cada temporizador leva por base um integrado 555 na configuração mostrada na figura 2.

 


 

 

 

Nesta configuração monoestável uma transição negativa do pulso de entrada leva a saída (pino 3) a um nível alto (Hl) por um tempo que depende basicamente dos resistores de entrada e do capacitor C1.

Após acionado o interruptor S2, escolhido, este primeiro temporizador desativa o alarme por 15 segundos. Este é o tempo previsto para a entrada ou saída do motorista (e dos passageiros). Sem ele, com a saída do motorista, o alarme já estaria disparado, pois a porta tem de ser aberta.

O capacitor C2 de 47 µF é que dá este tempo, o qual pode ser aumentado se assim o leitor quiser. Num veículo de passageiros, em que pessoas com dificuldades para sair em viajem constantemente, será preferível dar um tempo um pouco maior (1004F seria um exemplo de valor a ser experimentado).

O relê usado nesta etapa de temporização é o Metaltex MC2RC2 para 12V com pequena capacidade de corrente de contato, em vista da baixa corrente controlada. Um diodo paralelo com a bobina e outro em série com a mesma desacoplam o circuito, evitando problemas para o integrado. O capacitor de 470 nF à terra evita a influência de transientes gerados pelo sistema de ignição com o carro em movimento.

O segundo bloco, novamente, consiste num temporizador que é acionado pelo interruptor das portas (luz de cortesia), conforme sugere a figura 3.

 


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O aterramento momentâneo da entrada do integrado, através de C4, dispara o temporizador que mantém a saída (3) em nível alto por aproximadamente 10 segundos.

Este é o tempo dado para o intruso se acomodar na direção, num eventual assalto e sair.

C6 é o capacitor que determina, basicamente, este tempo e que pode ser alterado se o leitor preferir. Na verdade, devido à tolerância dos capacitores encontrados no comércio, pode ser que usando os de 47 µF recomendados não seja obtido o tempo previsto, caso em que a alteração de valor se fará necessária.

Quando termina o tempo de ação deste integrado, que é de aproximadamente 10 segundos, a queda de nível de Hl para LO de sua saída excita o terceiro temporizador através da entrada 2, via capacitor de 2n2.

Este é um timer de ação mais prolongada, dada pelo resistor de 1M e por um capacitor de 100p F, obtendo-se aproximadamente 3 minutos.

Por três minutos o relê K2 é acionado, estando o mesmo encarregado, ao mesmo tempo, de acionar a buzina e de desligar a alimentação do sistema de ignição do veículo como mostra a figura 4.

 


 

 

 

Por três minutos (tempo suficiente para espantar o intruso) a buzina toca e não é possível fazer o veículo (já paralisado) pegar novamente.

Este relê com contatos de alta corrente (Metaltex SBMS2RC2/5A- C1C) controla diretamente a buzina e a bobina de ignição.

A alimentação do aparelho vem diretamente dos 12V da bateria, por meio de um cabo escondido, evidentemente.

A montagem e a instalação deste alarme em qualquer veículo não oferecerão dificuldades aos leitores experimentados.

 


 

 

 

 

OS COMPONENTES

Todos os componentes usados são comuns, o que garante a facilidade de realização e o baixo custo (em relação aos modelos equivalentes existentes na praça).

Começamos por recomendar os relês, que devem ser dos tipos indicados da Metaltex, em vista do desenho da placa e de suas características tanto de bobina como de contato.

K1 é do tipo MCR2RC2 para 12V e K2 do tipo SBMS2RC2/5A-CIC. Os integrados, que podem ser montados em soquetes, são do tipo 555. Os diodos são todos de uso geral 1N4148 ou equivalentes.

Os resistores usados são de 1/8W, com qualquer tolerância e os eletrolíticos devem ter uma tensão de trabalho de pelo menos 16V. Os demais capacitores podem ser de poliéster metalizado ou cerâmicos.

O fusível F1 que protege o alarme é de 250 mA e os interruptores de desativação e desarme são comuns (de pressão e simples). A montagem será feita em placa de circuito impresso, apenas recomendando-se que as ligações dos contatos de K2 sejam feitas com fios grossos em vista das correntes elevadas da buzina e do sistema de ignição que devem ser controladas.

A caixa depende do leitor, sendo dada a nossa sugestão na figura 5.

Sua instalação, evidentemente, deverá ser tal que o intruso não possa vê-la.

 


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MONTAGEM

Usaremos uma placa de circuito impresso em vista do emprego de integrados e com a finalidade de obter montagem compacta. O diagrama completo do alarme é mostrado na figura 6. A placa de circuito impresso é mostrada em tamanho natural na figura 7. Observe os tipos de capacitores usados, procurando comprar semelhantes ao fazer sua montagem. Se não conseguir os tipos de terminais paralelos para os eletrolíticos, faça as necessárias modificações na placa.

 


 

 

 

Na montagem, observe as seguintes precauções:

— Siga cuidadosamente a posição dos circuitos integrados, pois se houver inversão o aparelho não funcionará. Use soquetes para uma montagem mais perfeita.

— Observe a polaridade dos diodos, dada pela faixa no invólucro. Seja rápido ao fazer a soldagem destes componentes.

— Ao soldar os capacitores cerâmicos seja rápido, pois o calor pode danificá-los. Tenha cuidado também ao fazer a leitura de seus valores, para não fazer trocas.

-- Os resistores têm os valores dados pelas faixas coloridas segundo a lista de material. — Os capacitores eletrolíticos têm tensão de trabalho de pelo menos 16V e são polarizados.

 

INSTALAÇÃO E USO

Depois de montada a placa e instalado o aparelho na caixa, as ligações no carro devem ser feitas.

Para isso, siga o diagrama da figura 8.

O fio (-,) vai ao positivo da bateria, passando pelo fusível de proteção. O (—) ou terra é ligado em qualquer ponto do chassi do carro, o mais próximo possível do alarme.

Para o interruptor de pressão S2 de desarme, use fio de até 2 metros de comprimento, escondendo este controle em local que não possa ser visto com facilidade por um intruso.

Os fios que vão do alarme à buzina e bobina de ignição não devem ser excessivamente longos e nem finos. Use fios grossos e procure posicionar o alarme escondido, porém próximo destes elementos.

Será conveniente colocar a buzina em local de difícil acesso, mas onde o som não seja bloqueado. Isso evitará que ao ser acionada, o larápio tente abafar seu som de algum modo, ou arrancando-a.

Os interruptores de acionamento não precisam ser somente os de abertura das portas, pois podem ser acrescentados outros no capô e na tampa do porta-malas. O interruptor no capô, em especial, é necessário para os veículos com bateria na frente, pois esta poderia ser desativada, com uma ligação direta posteriormente.

O interruptor S1, que neutraliza o sistema, deve também ficar em local oculto, sendo acionado quando você "emprestar" o carro, ou quando o levar para lavar ou reparar numa oficina.

 


 

 

 

 


 

 

 

Com a ação deste interruptor você não precisa revelar a ninguém a existência do sistema de proteção.

 

Ação:

Uma vez que S1 esteja ligado, o alarme estará pronto para a ação. Ao abrir a porta do carro, quando entrar, você deve pressionar logo em seguida S2 (escondida) para que o sistema fique desativado por 15 segundos.

Depois disso, fechando a porta, o alarme estará pronto para entrar em ação. Se você não pressionar S2, depois de 10 segundos a buzina dispara e o carro é imobilizado se estiver em movimento. Durante três minutos a buzina tocará e não será possível dar a partida no carro a não ser que S2 seja pressionada e a porta do carro esteja fechada.

Se você for abordado por um assaltante que lhe exigir o carro, saindo rapidamente dele, o alarme entrará em ação e depois de 10 segundos o carro ficará imóvel com a buzina tocando. Se quiser aumentar este tempo, altere o valor de C6 e de R7 que, no entanto, não deve superar 1 M.

Ao sair do carro você deve pressionar S2. Você terá então 15 segundos, antes do alar-me ser novamente alimentado, para fechar o veículo. Depois disso, a abertura da porta dispara o segundo timer que em 10 segundos atuará sobre a buzina e o sistema de ignição. Se precisar de mais tempo para sair, caso tenha crianças ou pessoas idosas, ou precise sempre tirar mercadorias do carro, aumente este tempo em R3 e C2. R3 não deve superar 1M também.

Lembre-se de pressionar S2 sempre, logo ao entrar no veículo e depois antes de sair.

OBS.: Se você ficar mais do que 15 segundos com a porta do carro aberta, tendo desativado o alarme, ao fechar a porta será preciso desativar novamente. Isto é previsto, pois numa operação de carga ou descarga, mais demorada, a porta, certamente, precisa ser mantida aberta por mais tempo.

 


 

 

 

 

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