Descrevemos a montagem de um rádio experimental usando um ”super-transistor” Darlington cujo ganho pode chegar a 30 000 vezes. Para os leitores que gostam de montagens experimentais diferentes, eis um circuito interessante para testar. O receptor captar com bom sinal as estações locais de ondas médias e até mesmo de ondas curtas com o uso de uma antena externa e a troca da bobina.

Receptores de rádio simples são montagens bastante indicadas aos iniciantes e mesmo estudantes que precisam de montagens tecnológicas em suas matérias eletivas ou como temas transversais.

O receptor que descrevemos nesse artigo tem por base um “super-transistor” Darlington que, diferentes dos transistores comuns cujos ganhos variam entre 10 e 900, tem um ganho que chega a 30 000.

Este super-transistor pode amplificar o fraco sinal das estações e aplicá-lo a uma etapa de saída com a excitação de um alto-falante, num circuito barato e simples de montar.

O receptor descrito opera na faixa de ondas médias e para as estações mais fortes um pequeno pedaço de fio é suficiente como antena.

Ele poderá ser alimentado com 4 pilhas pequenas ou ainda uma fonte de alimentação de 6 V.

 

Características:

Tensão de alimentação: 3 a 6 V

Número de transistores: 2

Faixa sintonizada: 550 a 1600 kHz

Potência de áudio: 10 a 50 mW

 

Como Funciona

Os sinais captados pela antena são levados via L1 até L2 onde é feita a sintonia da estação desejada com a ajuda de CV. O sinal desta estação é então levado via C1 ao diodo D1 que faz a sua detecção.

Na detecção a componente de áudio e separada do sinal de alta freqüência. Essa componente de áudio é levada à base do super-transistor para amplificação.

O super-transistor nada mais é do que um par de transistores interligados dentro do mesmo invólucro de modo que os seus ganhos se multiplicam, conforme mostra a figura 1.

 

Figura 1 – O super-transistor Darlington BC517
Figura 1 – O super-transistor Darlington BC517

 

 

No caso do BC517, esse ganho é de 30 000 vezes,

Desta forma, o sinal que aplicamos à base do transistor, muito fraco e que nem sequer excitar um fone, aparece no emissor com intensidade aumentado, sendo então levado à base do segundo transistor do circuito (Q2).

O transistor Q2 tem como carga um alto-falante o qual pode excitar diretamente, obtendo-se assim a reprodução do som da estação sintonizada.

O ganho do circuito também depende de R1 que pode ser alterado na faixa de 2,2 M Ω a 10 M Ω de modo a se obter o melhor rendimento com um mínimo de distorção do som.

Não podemos alimentar o circuito com tensão maior do que 6 V pois isso aqueceria Q2 que poderia queimar. Uma solução para se obter um pouco maior de potência é usar em lugar de Q2 um TIP31 montado em dissipador de calor e alimentar o circuito com 9 ou 12 V.

Nesse caso, entretanto, R2 deve ter seu valor alterado para 560 Ω ou mesmo 680 Ω.

 

Montagem

Na figura 2 temos o diagrama completo do receptor.

 

Figura 2 – Diagrama completo do receptor
Figura 2 – Diagrama completo do receptor

 

 

A montagem pode ser feita tanto em uma matriz de contactos como em uma ponte de terminais, já que não se trata de circuito crítico. Na figura 3 temos detalhes da montagem em ponte.

 

Figura 3 – Montagem em ponte de terminais
Figura 3 – Montagem em ponte de terminais

 

 

L2 consiste em 30 + 70 voltas de fio esmaltado 28 ou próximo, num bastão de ferrite de 1 cm de diâmetro e de 10 a 30 cm de comprimento. L1 é formada por 15 a 20 voltas do mesmo fio sobre L1.

CV pode ser qualquer capacitor variável retirado de um rádio de ondas médias fora de uso.

Os resistores são de l/8 W e R1 pode ser substituído por um potenciômetro de 4,7 M Ω em série com um resistor de 100 k Ω para se obter o melhor ponto de ajuste.

O alto-falante pode ser de qualquer tipo ou tamanho com 4 ou 8 Ω de impedância e sua instalação numa pequena caixa favorece a obtenção de melhor qualidade de reprodução.

O diodo deve ser preferivelmente de germânio.

 

Prova e Uso

Para as estações mais fortes, a antena pode ser pedaço de fio de 1 a 3 metros de comprimento e a ligação a terra pode até ser deixada solta ou feita num objeto de metal de grande porte.

Ajuste CV para captar as estações que deseja.

Se as estações forem fracas é preciso usar uma antena maior ou externa. A ligação à terra será importante nesse caso.

Se notar distorção no som, altere R1 na faixa de 1,5 M Ω a 4,7 M Ω.

Para captar ondas curtas, use uma bobina de 10 + 15 espiras para L2 no mesmo bastão de ferrite.

 

Semicondutores:

Q1 – BC517 – Transistor NPN Darlington de baixa potência

D1 – 1N34 ou 1N60 – diodo de germânio

 

Resistores:

R1 – 2M2 Ω x 1/8 W – vermelho, vermelho, verde

 

Capacitores:

C1 – 100 nF – cerâmico ou poliéster

C2 – 100 µF x 6 V – eletrolítico

CV – variável – ver texto

 

Diversos:

L1, L2 – Bobinas – ver texto

FTE – 4 ou 8 Ω x 10 cm – alto-falante

S1 – Interruptor simples

B1 – 6 V – 4 pilhas pequenas

Ponte de terminais, matriz de contactos ou placa de circuito impresso, bastão de ferrite, botão plástico para o capacitor variável, caixa para o alto-falante, suporte de pilhas, antena, fios, solda, etc.