Um aparelho que utiliza uma tecnologia eletrônica não muito avançada e por isso é acessível até mesmo para os montadores menos experientes é o circuito de luz rítmica.

Ligado à saída de um equipamento, junto com os alto-falantes, ele faz um conjunto de lâmpadas comuns piscar ao ritmo da música. Com o uso de lâmpadas coloridas pode-se fazer uma decoração muito interessante de um salão para festas.

 

 

Neste artigo descrevemos a montagem de um sistema de luzes rítmicas que pode controlar até 300 watts de lâmpadas na rede de 110 V e ser for ligado na rede de 220 V, com os componentes apropriados, pode controlar até 600 watts de lâmpadas. Isso significa que podem ser ligadas em paralelo até mesmo 7 lâmpadas de 40 W ou 12 lâmpadas de 25 W, cercando todo um salão, com um bom efeito decorativo. O leitor pode montar entretanto dois sistemas iguais para ligar um em cada canal de seu sistema de som, dobrando assim a potência do efeito. O importante do circuito é que ele é ligado junto com os alto-falantes, não exigindo desta forma nenhuma modificação no equipamento e além disso utiliza um transformador que o isola, para maior segurança.

 

Como Funciona

O componente principal deste projeto é um SCR ou Diodo Controlado de Silício que funciona como uma sensível "chave eletrônica" que liga quando sinais elétricos são aplicados ao seu elemento de controle. O elemento de controle é chamado gate ou comporta (normalmente abreviado por g nos circuitos). Assim, o que fazemos é pegar uma parte do sinal de som que iria para os alto-falantes e, através de um transformador, aplicá-lo à comporta do SCR. Retificando este sinal através de um diodo e depois fazendo uma pequena filtragem com um capacitor, podemos controlar sua intensidade através de P1, de modo que ele ligue o SCR apenas nos picos do som, ou seja, quando o som se torna mais forte. Isso é mostrado na figura 1.

 

Figura 1 - Comportamento do circuito em função de um sinal de áudio.

 

Como a música é formada por variações rápidas de intensidade que normalmente seguem seu ritmo, o SCR vai ligar e desligar rapidamente acompanhando-a. O SCR controla justamente a corrente que vai para a lâmpada de modo que ela vai piscar justamente nos momentos em que ele ligar. Veja que é importante a presença de P1 (potenciômetro) pois ele permite que se ajuste o ponto do disparo do SCR conforme o nível de som de cada música.

 

O resistor R1 é outro elemento importante do circuito pois ele evita que excesso de potência seja drenada do sistema de som, o que poderia saturar o circuito do SCR. Conforme a potência do sistema de som devemos escolher este componente. A tabela abaixo nos dá os valores deste componente para diversos equipamentos de sons comuns:

 

Tabela:

Potência do Equipamento Tipo de Equipamento Valor de R1
0 a 10 W Pequenos rádios, aparelhos de som três em um alimentado por pilhas 22 ohms x 1 W
10 a 25 W Amplificadores três em um e som de média potência 33 ohms x 1 W
25 a 50 W Três em um médios e amplificadores maiores 47 ohms x 2 W
50 a 100 W Som pesado e amplificadores maiores 100 ohms x 2 W

 

Montagem

Na figura 2 temos o diagrama completo do sistema de luz rítmica.

 

Figura 2 - Diagrama completo do aparelho.

 

No caso temos a representação de apenas um dos canais. Para um sistema estéreo devem ser montados dois circuitos iguais. A montagem pode ser feita tanto com base numa placa de circuito impresso como ponte de terminais. Se bem que a montagem em ponte de terminais esteticamente não seja a melhor e também cause alguns problemas de espaço, é a mais indicada para os iniciantes.

A disposição dos componentes para esta montagem é mostrada na figura 3.

 

Figura 3 - Montagem com base numa ponte de terminais.


Para a montagem em placa de circuito impresso temos a disposição mostrada na figura 4.

Figura 4 - Versão da montagem em placa de circuito impresso.

 

Veja que a polaridade de componentes como o diodo e o SCR precisam ser observadas. O SCR deve ter sufixo B se a rede de energia for de 110 V e sufixo D se for de 220 V. Nos dois casos ele deve ser montado num radiador de calor que nada mais é do que uma chapinha de metal dobrada em "U", conforme mostra a figura da montagem em ponte. O transformador deve ter um enrolamento de 6 V que será ligado do lado de R1, e um enrolamento de 110 V que deve ser ligado do lado de P1. Em princípio qualquer transformador de alimentação pequeno serve.

 

Para a lâmpada deve ser usado um soquete apropriado ou uma tomada onde serão ligadas as lâmpadas que formam o conjunto de efeito. Uma possibilidade a ser considerada é comprar P1 do tipo com chave. Esta chave passará a ser S1 que liga e desliga o aparelho. Para a conexão do aparelho de som pode ser usada uma barra de terminais com parafusos ou ainda dois bornes comuns.

 

 

Prova e Uso

Na figura 5 temos o modo de fazer a ligação do sistema de luz rítmica a um equipamento de som.

Figura 5 - Conexão ao aparelho de som.

 

Para testes pode ser usada até mesmo a saída de fone de um radio de pilhas.

Feita a conexão, alimentamos o sistema de luz rítmica e ligamos o aparelho de som a médio volume. Depois ajustamos P1 do sistema de luzes rítmicas até que elas comecem a piscar a acompanhando a música. Para teste pode ser usada uma lâmpada menor, de 5 a 25 W, por exemplo. Nunca use lâmpadas eletrônicas ou fluorescentes neste circuito. Se a lâmpada piscar de forma muito acentuada, podemos aumentar sua inércia fazendo com que a resposta tenda para os sons agudos, aumentando o valor de C1. Na figura 6 mostramos como devem ser ligadas as lâmpadas para formar um conjunto conectado a saída do sistema de luzes rítmicas.

Figura 6 - Alimentando um conjunto de lâmpadas.

 

Completada a montagem e verificado o funcionamento será interessante arranjar uma caixa plástica ou de madeira para instalar o equipamento. Para usar, sempre que modificar a música ou alterar o volume do equipamento de som, reajuste P1.

 


 

LISTA DE MATERIAL

 

Semicondutores:

SCR - TIC106-B ou D - conforme rede de energia - diodo controlado de silício - ver texto

D1 - 1N4148 ou 1N4002 - diodo de silício

 

Resistores: (1/8 W. 5%)

R1 - ver tabela - conforme potência do equipamento de som

R2 - 10 k ohms - marrom, preto, laranja

R3 - 1 k ohms - marrom, preto, vermelho

P1 - 10 k ohms - potenciômetro lin ou log

 

Capacitores:

C1 - 10 nF (103) - cerâmico

 

Diversos:

F1 - Fusível de 5 A

T1 - Transformador com primário de 110 V e secundário de 6 V com corrente de 200 a 500 mA

X1 - Lâmpadas incandescentes até 300 W (rede de 110) e até 600 W (rede de 220 V).

S1 - Interruptor simples

Placa de circuito impresso ou ponte de terminais, suporte para fusível, radiador de calor para o SCR, cabo de força, caixa para montagem, botão para o potenciômetro, fios, solda.