Uma mágica simples, mas extremamente convincente, que pode ser feita com recursos eletrônicos: um pequeno transmissor, oculto em um radinho do tipo “Orelhinha” (*), escondido por baixo do cabelo da parceira do telepata Com certeza vai fazer sucesso em números de teatro e animação de festas, pois ninguém vai descobrir de que modo “mensagens telepáticas” são transmitidas.

(*) O artigo é de 1986 quando o rádio Orelhinha era uma novidade. Hoje o mesmo projeto pode ser feito com receptores equivalentes que usam de fone e de muito baixo custo.

Números de telepatia são normalmente apresentados em circos, teatros de variedades e mesmo na televisão.

Nesses números, a forma como a pergunta é feita, a ordem e as palavras empregadas revelam ao parceiro do telepata o objeto que ele tem na mão.

O que faremos com recursos eletrônicos é muito mais amplo, pois não estaremos limitados a uma lista prévia de objetos decorados, e para surpresa dos que conhecem a forma antiga.

As perguntas são formuladas sempre do mesmo modo.

A ideia básica consiste em colocar um pequeno transmissor de rádio, operado por um terceiro parceiro, sob os cabelos da parceira número 2 (dizemos parceira pois deve ter os cabelos compridos).

Indicamos o receptor miniatura “Orelhinha" da Embracom, que sintoniza a faixa de ondas médias. (figura 1)

 

Figura 1 – O rádio Orelhinha de 1986
Figura 1 – O rádio Orelhinha de 1986

 

 

A parceira fica com os olhos vendados, mas o terceiro parceiro observa os objetos mostrados pelo telepata, lê palavras ou números escritos num quadro e os transmite em código para o pequeno receptor.

A parceira saberá, com este procedimento, exatamente do que se trata.

O transmissor é alimentado por pilhas comuns e tem um alcance da ordem de 5 metros, o suficiente para aplicação sugerida.

Sua operação é feita por meio de um interruptor de pressão que, ao ser apertado, modula o sinal, produzindo apitos codificados no receptor.

A codificação, que é bastante simples, será explicada mais adiante.

 

COMO FUNCIONA

O leitor deve montar basicamente apenas o transmissor, já que o receptor é um radinho tipo “orelhinha”, a ser fixado no ouvido

O transmissor tem duas etapas: uma, osciladora de alta frequência, que opera na faixa de ondas médias e que tem por base um transmissor TlP31.

Esta etapa fornece uma potência de alguns miliwatts, o que é suficiente para alcançar a distância desejada.

Não podemos nem devemos aumentar a potência por diversos motivos, sendo o principal as proibições legais, depois o consumo de energia da pilha e o próprio aquecimento dos componentes básicos.

A frequência é dada pelo circuito formado por L1 e Cv. Em Cv ajustamos o ponto de operação para uma frequência em que não haja nenhuma estação operando, ou seja, num ponto livre da faixa de ondas médias, em torno de 1 000 kHz.

A modulação, ou seja, o sinal de áudio que corresponde ao “apito” ouvido no Radinho, vem de um multivibrador astável.

Os capacitores C1 e C2 é que, em conjunto com R2 e R3, determinam se o som vai ser mais grave ou mais agudo.

Para tornar mais grave, basta aumentar os valores destes componentes até 100 nF (104).

O manipulador S1, que pode ser um interruptor de pressão, é que controla este oscilador, permitindo, assim, que o operador produza os toques em código, para quem estiver com os olhos vendados adivinhar o que o telepata pergunta.

O circuito todo é alimentado por 4 pilhas pequenas que terão grande durabilidade, em vista de a operação do aparelho não ser contínua.

Não é usada antena, já que a própria bobina L1 de ferrite se encarrega de fazer a irradiação na distância desejada.

 

MONTAGEM

Na Figura 2, temos o circuito completo do transmissor telepático.

 

Figura 2 – O circuito do transmissor
Figura 2 – O circuito do transmissor

 

 

Os principiantes e estudantes que não tenham recursos para realização da montagem em placa de circuito impresso podem optar pela ponte de terminais que é mostrada na figura 3.

 

Figura 3 – Montagem em ponte de terminais
Figura 3 – Montagem em ponte de terminais

 

 

A bobina L1 deve ser enrolada pelo próprio montador. Ela consiste de 80 voltas de fio esmaltado 28 (ou próximo disso), ou mesmo fio comum com capa plástica, enroladas em um bastão de ferrite de 1cm de diâmetro aproximadamente, e de 15 a 25 cm de comprimento.

Uma tomada é feita na metade ao enrolamento onde se dá um laço, conforme mostra a figura.

O transistor Q3 pode tanto ser o TIP31, em qualquer versão (até com a letra F), ou equivalente, como o BD135, BD137 ou BD139.

Para estes, entretanto, os terminais de base e emissor são invertidos. (figura 4)

 

Figura 4 – Pinagem dos transistores
Figura 4 – Pinagem dos transistores

 

 

Os demais componentes não oferecem problemas. O variável CV pode ser aproveitado de qualquer velho rádio de AM ou até substituído por um “padder”, que é um capacitor ajustável, encontrado em alguns tipos de rádios antigos.

A ligação pontilhada – que aparece no desenho em ponte - deve ser feita se, no ajuste, o aparelho não atingir a frequência desejada.

Os capacitores, preferivelmente, devem ser todos cerâmicos e para C1 e C2 existe a possibilidade de alteração de valores.

O resistor R5 também pode ter seu valor modificado. Se for reduzido até o mínimo de 4k7, teremos um pequeno aumento da potência, mas neste caso pode ser necessário montar o transistor Q3 num pequeno radiador de calor.

Para S1, além do interruptor de pressão comum, existe a possibilidade de se usar um pequeno manipulador de metal, feito com duas lâminas ou uma lâmina e' um parafuso, conforme mostra a figura 5.

 

Figura 5 – O manipulador
Figura 5 – O manipulador

 

 

Ao ser pressionada, a lâmina encosta no parafuso, fechando o contato e produzindo o sinal de transmissão.

Para as pilhas, deve ser usado um suporte apropriado, observando-se sua polaridade.

 

PROVA E USO

A prova de funcionamento é feita com seu “orelhinha" ou com qualquer outro rádio de ondas médias sintonizado num ponto livre da faixa, ou seja, numa frequência em que não haja estações.

Coloque o radinho a uma distância de uns 3 metros do transmissor e acione S2.

Em seguida, aperte S1 e ajuste o variável CV até ouvir o apito do transmissor claramente no radinho.

Se nada acontecer, confira as ligações de Q2 e principalmente de L1. Veja também se não há algum problema com o variável e, em último caso, procure nova frequência no radinho.

Uma vez comprovado o funcionamento, você pode ensaiar bem a “mágica", que será realizada da seguinte forma:

1. Instale o transmissor (Orelhinha) com a parceira n° 2, a uma distância não maior do que 5 metros de onde vai ficar 'o parceiro n° 1.

2. Vende os olhos da parceira n° 2 não deixando transparecer o radinho, que deve estar coberto pelos cabelos. Faça-a sentar numa cadeira.

3. Anuncie o número, dizendo que vai transmitir por “telepatia” o nome de objetos, de pessoas, mesmo os coletados da plateia.

4. A transmissão dos nomes dos objetos deve ser feita pelo código Morse, que é dado seguir.

 

CÓDIGO MORSE

 


 

 

 

Treine bem o código antes de falar. No treinamento, comece decorando as letras e números e transmitindo-os isoladamente.

Um toque curto representa um ponto, e um toque longo, um traço. A duração do traço é aproximadamente três vezes maior que a do ponto. Somente depois de decorar bem as letras e números é que o leitor deve treinar a transmissão e recepção de palavras.

5. Pegue na plateia objetos, como relógios, canetas, bolsas, etc. e levante-os, simplesmente perguntando “O que eu tenho na mão”, para que o parceiro n° 2.os veja bem e possa passar a mensagem à parceira n°1

6. No final do número, ao tirar as vendas da parceira, tome cuidado para não deixar aparecer o “Orelhinha”.

 

Q1, Q2 - BC548 ou equivalentes – Transistores NPN

Q3 - TIP31 ou equivalentes - transistor de potência NPN

L1 - Bobina de antena (ver texto)

CV - Capacitor variável para AM

S1 - Interruptor de pressão (ver texto)

S2 - Interruptor simples

B1 – 6 V - 4 pilhas pequenas

R1, R4 - 2k2 x 1/8 W - resistores (vermelho, vermelho, vermelho)

R3, R2 - 47k x1/8 W - resistores (amarelo, violeta, laranja)

R5 - 8k2 x 1/8 W - resistor (cinza, vermelho, vermelho)

C1, C2 – 22 nF - capacitores cerâmicos (223)

C3 – 47 nF - capacitor cerâmico (473)

C4 – 100 nF - capacitor cerâmico (104)

Diversos: 1 rádio “Orelhinha“, ponte de terminais, suporte para 4 pilhas pequenas, caixa para montagem, solda, bastão de ferrite, fios esmaltados ou comuns para enrolar a bobina, radiador de calor para Q3 (optativo), etc.