Os rádios de cristal ou rádios de galena são montagens muito atraentes tanto pela curiosidade de se ter um rádio dos velhos tempos que não usa bateria como o que ele ensina em termos de recepção e também de fontes alternativas. O projeto descrito é de um rádio de galena que substitui o cristal tradicional por um diodo de germânio.
Os primeiros rádios que existiram usavam diversos tipos de dispositivos para detectar os sinais, ou seja, separar a modulação de áudio que consistia nos sons do sinal de alta frequência sintonizado.
Nos anos 20, por exemplo, existiram detectores que usavam coesores, configurações eletrolíticas e até mesmo pernas de rã como mostrado abaixo.
Sim, é isso mesmo: perna de rã. Naquela época os experimentos de Galvani com “!eletricidade animal” faziam crer que a eletricidade que se manifestava nos seres vivos era diferente da eletricidade natural e muitos experimentos foram feitos com a excitabilidade das pernas de rã.
O circuito mostrado na figura 1 é de uma publicação de 1921 e mostra um detector de sinais de rádio usando uma perna de rã.
Algum tempo depois obteve-se o material que na época se mostrou o ideal para funcionar como detector, o cristal de galena.
Este cristal, derivado de chumbo, tinha pontos sensíveis que tocados por um fio fino denominado bigode de gato, o fazia funcionar como um excelente detector de sinais de rádio.
Surgiram então os “rádios de galena” que eram simples de montar, sensíveis e captavam as estações locais com uma boa antena.
Na figura 2 temos um detector de rádio desta época.
Estas rádios usavam então uma longa antena para captar o máximo de sinal da estação, pois toda a energia disponível vinha próprio sinal, e tinham a escuta num fone de ouvido sensível.
O que propomos neste artigo é montar um rádio deste tipo, mas que em lugar de usar o cristal de galena, que é difícil de obter em nossos dias, emprega um componente equivalente que é o diodo de germânio, mostrado na figura 3.
Este componente, conforme mostra a figura, tem um pequeno cristal de germânio que é tocado por um fio muito fino.
Assim, ele se comporta como um detector (diodo) podendo separar os sinais da estação que desejamos ouvir.
Nosso rádio possui então um circuito de sintonia onde selecionamos a estação que desejamos ouvir e enviamos o sinal ara o diodo.
O circuito de sintonia também é mais moderno usando uma bobina de ferrite e um capacitor variável obtido de um rádio antigo fora de uso.
O diodo detecta o sinal e um capacitor elimina a portadora de RF deixando apenas o sinal de áudio.
Este sinal de áudio é então aplicado a um fone de ouvido que deve ser de cristal, cerâmico (cápsula piezoelétrica) ou magnético de mais de 2 000 Ω.
Montagem
Na figura 4 mostramos o diagrama completo do receptor.
A montagem pode ser feita numa base de madeira com a disposição de componentes mostrada na figura 5.
A bobina consiste em80 a 100 voltas de fio esmaltado 26 ou 28 num bastão de ferrite de 12 a 20 cm de comprimento.
Se na sua localidade existirem estações fortes, você pode conseguir a escuta dos sinais num pequeno alto-falante que deve ser ligado com a ajuda de um transformador de saída, conforme mostra a figura 6.
O transformador (e o alto-falante) pode ser obtido de um radinho antigo fora de uso, assim como o capacitor variável.
Prova e Uso
Use uma antena externa que consiste num fio esticado de 5 a 40 metros de comprimento.
A ligação à terra pode ser feita em qualquer grande objeto metálico ou mesmo numa barrinha de metal enterrada.
Coloque o fone no ouvido e ajuste CV para captar a estação desejada.
P.S. Se usar fone de cristal ou piezoelétrico pode ser necessário ligar em paralelo com ele um resistor de 22k ou 47k.
D1 – 1N34 ou qualquer diodo de germânio
L1 – Bobina – ver texto
CV – Capacitor variável – ver texto
C1- 100 pF – capacitor cerâmico
Diversos:
Fone de ouvido, base de montagem, bastão de ferrite, fio para antena e ligação à terra, etc.