O que vamos descrever não é piada, apesar de ter sido inventado perto de um país que é rico nesse tipo de estórias. Trata-se de fato real documentado no livro The History of Science and Technology de Bryan Bunch. Podemos até lembrar a velha série de programas da TV “Acredite se Quiser” de Jack Palance, mas o fato é que o eu vamos contar é real.
Como todos sabem, um processo que esteve em uso durante muito tempo para se transmitir mensagens à distância era o teletipo. Esse sistema era formado basicamente por duas máquinas de escrever que tinham cabos interligando-as. Dessa forma, o que fosse teclado numa era impresso num papel na máquina distante. Na figura 1 ilustramos uma antiga máquina de teletipo.
Uma variação mais rápida e eficiente usava uma fita codificada por furos, que eram feitos numa tira de papel à medida que passava na máquina receptora, conforme mostra a figura 2. Nessa foto um exemplo do código usado numa dessas máquinas
É claro que, com o advento da Internet, Modems rápidos e banda larga tudo isso desapareceu e não são poucos os que nunca sequer viram uma máquina dessas funcionando.
No entanto, a curiosidade está mais longe, no ano de 1870 quando Francisco Salva da Academia de Ciências da Barcelona inventou o primeiro aparelho capaz de enviar mensagens à distância.
Salva instalou 44 fios entre Madri e Aranjuez numa distância de 50 km, o que dava dois conjuntos de 22 fios correspondentes às letras do alfabeto.
A transmissão era feita com a eletricidade gerada a partir de uma máquina eletrostática. Encostava-se o fio dessa máquina nos fios que correspondiam às letras da mensagem em sequência e a transmissão era feita.
Até aí tudo bem... A transmissão estava resolvida. O problema é que naquela época não existiam lâmpadas, vibradores ou outros dispositivos que podiam receber o sinal enviado pelo fio correspondente.
Entrou então em ação a engenhosidade do inventor do sistema. Eletricidade dá choque, então por que não usar sensores humanos do outro lado?
Francisco Salva colocava então no seu receptor 22 pessoas segurando as pontas dos fios correspondentes! Quando o transmissor tocava no fio de um lado, a pessoa do outro lado levava um “tranco” quando então deveria “gritar” a letra correspondente (a sua, e sem palavrões é claro!).
Dessa forma, com os gritos das pessoas do outro lado, era possível anotar a mensagem inteira!
Ficamos imaginando o pobre sujeito escalado para segurar num fio que corresponda a uma letra que seja mais freqüente como o “a” ou ainda os que deveriam levar choques duplos com o “rr”ou “ss”!
É claro que a coisa não era muito eficiente, tanto que mais tarde Salva descobriu que poderia usar faíscas para detectar o fio acionado. É claro que essas faíscas não eram as que saiam pelos olhos das pessoas que seguravam as pontas dos fios...