Este artigo será atual por um bom tempo, pois todos os componentes utilizados são comuns no mercado de peças. Pode-se até trocar o amplificador que ele possui por outros tipos de amplificadores disponíveis no site, dependendo da poência desejada. Um artigo bastante interessante para iniciantes, adeptos da música eletrônica ou simplesmente como curiosidade eletrônica.
Introdução
Instrumentos musicais eletrônicos são montagens muito atraentes, se bem que existam pequenos teclados que geram infinidades de sons e custem barato. Para os leitores que desejam montar seu próprio instrumento de percussão e fazer experiências criando novos sons damos um projeto acessível, simples porém muito interessante de um circuito que pode criar sons que vão do sino, passando pelo bongô indo até o tambor ou mesmo bumbo.
Gerar sons de percussão com circuitos eletrônicos não é difícil. Estes sons são oscilações amortecidas que podem ser geradas com osciladores de duplo T, circuitos simples de montar e sem pontos críticos de ajustes.
O projeto que damos é de um bongô eletrônico mas que pode ser alterado para gerar outros sons.
Na verdade, dependendo do ajuste dos trimpots o mesmo circuito pode gerar sons como o de pequenos sinos, do bater de blocos de madeira sem alterações.
Com alterações nos capacitores é possível gerar diversos outros sons de percussão como por exemplo o do surdo, bumbo, gongo, sinos, e muitos outros.
Para o leitor que gosta de sons de percussão e de eletrônica este circuito é um verdadeiro laboratório a partir do qual podem ser criados muitos efeitos.
Montado numa pequena caixa acústica com o alto falante e alimentado por pilhas este instrumento pode substituir um bongô de verdade e até outros instrumentos de percussão.
O leitor imaginoso pode montar diversos deles em um conjunto único, criando assim uma "bateria eletrônica".
Na figura 1 mostramos como ele pode ser montado, sendo acionado com o simples toque dos dedos em dois sensores, um para cada tom produzido.
Uma saída é prevista para ligar um amplificador externo de maior potência caso o instrumento seja usado num conjunto musical.
COMO FUNCIONA
Os sons do instrumentos de percussão consistem em oscilações amortecidas, ou seja, oscilações cuja amplitude diminui com o tempo, conforme mostra a figura 2.
Dependendo do tempo de amortecimento ou prolongamento, o som pode ser mais ou menos ressonante correspondendo assim a diversos instrumentos.
Para um som com um amortecimento muito pequeno que se prolongue por diversos segundos temos a ressonância típica de quando se bate num sino, gongo ou numa taça de cristal, dependendo da freqüência.
Para um amortecimento maior temos a produção de sons como o do tambor.
E finalmente com um amortecimento muito rápido temos sons secos como o das batidas de dois blocos de madeira.
Trabalhando com os capacitores do duplo T que devem manter relações apropriadas, podemos gerar diversos sons conforme mostra a seguinte tabela:
C1/C2 | C3 | Sons |
---|---|---|
1,5 nF | 3,3 nF | sino, taça de cristal |
2,2 nF | 4,7 nF | sino médio, garrafa, triângulo |
4,7 nF | 10 nF | bongô, tambor, marimba |
10 nF | 22 nF | surdo, sino grande |
22 nF | 47 nF | Bumbo, gongo |
Os valores são aproximados, pois dependem das tolerâncias dos componentes usados, mas a tabela serve de referência para que o leitor faça experiências.
No nosso projeto são usados dois osciladores de duplo T acionados pelo toque em dois sensores.
Os trimpots nos duplos T servem para ajustar o amortecimento.
Os sinais destes osciladores são aplicados à entrada de um pequeno amplificador de áudio alimentado por pilhas com base no circuito integrado LM386.
Sugerimos a utilização do kit do LM386 com a placa disponível já publicada nesta revista.
O leitor tem liberdade para usar outros amplificadores, inclusive de maior potência ou simplesmente omitir este circuito ligando o jaque J1 diretamente a um amplificador externo de maior potência.
Evidentemente neste caso, o circuito ser montado numa caixa menor sem alto-falante e sempre deve funcionar com o amplificador externo.
Um amplificador de boa potência que pode ser usado em lugar do LM386 mas que precisa ser alimentado pela rede de energia dado seu consumo é o TDA2002.
MONTAGEM
Na figura 3 temos o diagrama completo do Bongô Eletrônico.
A placa de circuito impresso para a montagem é mostrada na figura 4.
Os sensores nada mais são do que chapinhas de metal colocadas nos lados da caixa onde o músico deve encostar os dedos.
Para os casos em que o toque não é suficiente para disparar o circuito por problemas de terra um anel deve ser ligado a um dos pulsos e conectado ao ponto A, conforme mostra a figura 5.
No ajuste do duplo T foram usados trimpots mas se o músico quiser ter um ajuste do amortecimento para mudar de instrumento durante uma apresentação, pode substituí-los por potenciômetros comuns colocados na lateral da caixa.
Para melhor reprodução o alto-falante deve ter pelo menos 15 cm com imã pesado.
A alimentação pode ser feita com 4 ou 6 pilhas médias ou grandes para se obter uma melhor potência sonora.
O potenciômetro P3, que fica do lado externo da caixa é o controle de volume do instrumento.
Pode ser usada uma caixa acústica de madeira de acordo com o próprio alto-falante para alojar todo o conjunto.
AJUSTE E USO
Para ajustar os osciladores o procedimento é simples.
Inicialmente coloque P1 na posição de mínima resistência para que os osciladores não funcionem.
A seguir ligue o interruptor S1 e coloque P3 numa posição de médio volume.
Com toques sucessivos num dos sensores de cada vez ajuste o trimpot ou potenciômetro correspondente para obter o som desejado.
Se não gostar da "afinação" altere os capacitores do tuplo T correspondente.
Esta alteração pode ser feita não só com a troca dos componentes mas com a ligação em paralelo de outros capacitores de menor valor, de modo que o conjunto mantenha as relações indicadas.
Outra forma de se obter uma afinação melhor é‚ usando trimpots adicionais nos duplos T conforme mostra a figura 6.
No entanto, o leitor deve alterar a placa de circuito impresso para adicionar estes componentes de ajuste.
Para usar você tanto apoiar a caixa entre as pernas e tocar nos sensores usando o próprio amplificador como fazer a ligação de um amplificador externo.
Uma outra possibilidade é usar duas baquetas com almofadas condutoras ligadas ao ponto A que devem bater nos sensores X1 e X2.
Sugestões: um instrumento mais completo com diversos tons de percussão pode ser criado adicionando-se outros osciladores de duplo T.
Semicondutores:
CI-1 - LM386 - circuito integrado, amplificador de áudio
Q1, Q2 - BC548 ou equivalentes - transistores NPN de uso geral
Resistores: (1/8W, 5%)
R1, R2, R3, R4, R5, R6 - 100 k ? - marrom, preto, amarelo
R7, R8 - 5k6 ? - verde, azul, vermelho
R9 - 10 ? - marrom, preto, preto
P1, P2 - 47 k ? - trimpots ou potenciômetros
P3 - 10 k ? - potenciômetro
Capacitores:
C1, C2 - 4n7 - poliéster ou cerâmicos
C3 - 10 nF - poliéster ou cerâmicos
C4, C5 - 5n6 - poliéster ou cerâmicos
C6 - 12 nF - poliéster ou cerâmico
C7, C8, C10 - 47 nF - poliéster ou cerâmicos
C9 - 10 µF/12 V - eletrolítico
C11 - 470 µF/12 V - eletrolítico
C12 - 220 µF/ 12 V - eletrolítico
Diversos:
J1 - Jaque de saída (RCA ou equivalente)
FTE - 8 ? x 15 cm - alto-falante
B1 - 6 ou 9 V - 4 ou 6 pilhas médias ou grandes
S1 - Interruptor simples
X1, X2 - sensores - chapinhas de metal
A - borne isolado
Placa de circuito impresso, suporte de pilhas, caixa para montagem, fios, solda, botões para os potenciômetros, etc.