Transformadores de alimentação também podem ser modificados no sentido de fornecer tensões diferentes daquelas que originalmente foram projetados. As alterações indicadas são as que envolvem pequenas reduções de tensão, já que aumentar a tensão, sem trocar todo o fio, implica em exigir maior potência e isso nem sempre é possível. Assim, se tivermos um transformador de 9V podemos perfeitamente modificá-lo no sentido de fornecer 7 ou 8V com certa facilidade. Isso é conseguido com a retirada de número apropriado de espiras do enrolamento secundário desse transformador. No entanto, para o técnico o importante é saber quantas espiras devem ser retiradas para se obter a tensão desejada e como proceder para ter acesso ao enrolamento que deve ser alterado. Felizmente, nos transformadores comuns, o enrolamento secundário normalmente é feito sobre o primário, de modo que basta retirar o carretel do núcleo para termos acesso a esse enrolamento, conforme mostra a figura 1.
Figura 1 – Acessando o enrolamento de um transformador.
Para fazer alteração temos então o seguinte procedimento:
a) Retire a proteção externa com cuidado, usando para esta finalidade uma chave de fendas deixando livre o núcleo de lâminas de ferro.
b) solte inicialmente uma lâmina puxando-a para fora de modo a liberar as demais. Normalmente estas lâminas são grudadas umas nas outras por meio de uma cola ou resina. Essa substância evita que as lâminas vibrem quando o transformador estiver em funcionamento.
c) Uma vez soltas algumas lâminas ficará bem fácil retirar as demais. Nesta operação evite entortar ou deformar as lâminas, pois elas devem ser usadas novamente na remontagem do transformador.
d) Uma vez retirado o carretel, identifique os terminais do enrolamento secundário. Este enrolamento, para transformadores de baixa tensão é o que usa o fio esmaltado mais grosso e é o mais externo, conforme mostra a figura 2.
Figura 2 – Identificando os enrolamentos de um transformador.
e) Retire a camada externa de papel que isola o enrolamento com cuidado, evitando raspar o fio esmaltado.
f) Conte quantas camadas de fio correspondem ao enrolamento secundário, pois isso vai ser servir de referência para se determinar quantas espiras devem ser retiradas para se obter a tensão desejada. Por exemplo, se o transformador for de 12 V e tiver 3 camadas de fio, podemos supor que cada camada corresponde a 4 Volts. Assim, se quisermos reduzir em 2V a tensão de transformador para obter 10V retiramos metade das espiras da camada mais externa, conforme mostra a figura 3.
Figura 3 – Tirando uma camada de fio.
g) Uma vez feita a alteração, puxamos novamente a ponta do enrolamento para fora e refazemos o isolamento externo usando papel grosso. Devemos colar bem esse papel para fixar o enrolamento e o seu terminal.
h) Depois é só remontar o transformador colocando as placas do núcleo. Para fixar estas placas pode-se despejar um pouco de vela derretida de modo a evitar sua vibração com o funcionamento. No entanto, antes de fazer esta última operação experimente o transformador, medindo sua tensão para ver se não devem ser retiradas mais espiras para se obter o valor desejado.
Outro tipo de alteração que pode ser feita envolve a troca completa do enrolamento secundário. Neste caso, além da alteração da tensão, podemos também ter a alteração da corrente. Por exemplo, se tivermos um transformador com enrolamento secundário de 12V com 1A de corrente, podemos enrolar novamente seu secundário de modo a obter 6V com 2A.Para isso, além de usar metade das espiras, devemos trocar todo o fio por um que tenha o dobro da secção (área do corte transversal). Veja que, neste caso, usando um fio mais grosso mas metade das espiras, o espaço ocupado deve ser aproximadamente o mesmo, o que não vai dificultar a recolocação do núcleo. O que não podemos é simplesmente trocar o fio por um mais grosso, mas mantendo o número de espiras, pois isso vai ter duas implicações importantes que devem ser levadas em conta:
a) a potência será maior, e o primário assim como o núcleo não sendo alterados sofrem sobrecarga.
b) o tamanho maior do enrolamento dificultará ou impedirá a recolocação do núcleo.