Este artigo faz parte do livro Instalações Elétricas Sem Mistérios de 2005. Veja no final do artigo nota sobre as normas para instalações elétricas que existem atualmente.
Muitas pessoas já passaram pela experiência desagradável de presenciar um "estouro" ao ligar algum eletrodoméstico ou aparelho eletrônico numa tomada.
Além do susto e da possibilidade de ficar às escuras, se o fusível da chave principal também queimar, a maior dificuldade é com a troca da tomada danificada. Por que isso acontece?
Um dos problemas mais comuns que causa o curto nas tomadas de força é o seu desgaste rápido pelo excesso de corrente.
As tomadas são especificadas para operar com uma determinada corrente máxima. No entanto, é comum que as pessoas liguem aparelhos que exijam mais correntes, quando não, por meio de adaptadores (benjamins) ligando diversos aparelhos ao mesmo tempo, superando assim, a capacidade da tomada, (figura 1).
Passar a ferro, ligar o forno de microondas e a TV numa mesma tomada pode facilmente acelerar o seu desgaste, causando curtos.
Ligar máquinas de lavar em tomadas comuns, ou ainda, geladeiras e aquecedores de alta potência pode levar a um curto em pouco tempo.
Ocorre que os contatos, não sendo projetados para a corrente que o aparelho ligado está drenando, aquecem e derretem a parte plástica da tomada.
Este aquecimento pode contribuir para a rápida oxidação dos fios, o que aumenta a resistência do contato e com isso produz mais calor ainda num processo cumulativo.
Como verificamos na figura 2, o resultado deste processo é que a tomada se deforma e os terminais podem escapar, encostando um no outro ou ficando prestes a isso.
Assim, no momento em que o plugue de algum aparelho que deve ser alimentado é ligado nesta tomada, os fios ou terminais internos encostam um no outro, causando o curto-circuito e o "belo estouro" que assusta qualquer um!
O QUE FAZER DEPOIS DO ESTOURO
Se após o "estouro" que caracteriza o curto, a corrente não foi desligada pela abertura do fusível ou disjuntor (o que pode ocorrer) pois a corrente se reduz, mas continua circulando e "queimando" a tomada, o primeiro procedimento é desligar a chave ou disjuntor que alimenta aquela tomada.
Depois, com cuidado, usando uma chave de fendas, abrimos a tomada e separamos os fios que estão encostando um no outro. Para isso soltamos estes fios dos terminais da tomada, veja a figura 3, que deve ser retirada e jogada fora.
Se no momento não existir uma tomada igual para reposição, podemos dobrar as pontas dos fios ou ainda tampá-las com isoladores plásticos de emendas e recolocar os fios na caixinha de embutir, como mostra a figura 4
.
Fechamos a caixinha e podemos restabelecer a alimentação, usando então outra tomada, até que uma nova esteja disponível.
Observe a figura 5, para colocar a nova, basta enfiar os fios nos contatos e fixá-la em posição de funcionamento.
Depois disso, é só religar a chave ou disjuntor e novamente usar este ponto de fornecimento de energia normalmente.
Obs.: será interessante certificar-se de que o curto não foi causado por algum problema de consumo no aparelho que foi conectado à tomada.
OS CURTOS NAS TOMADAS DANIFICAM OS APARELHOS?
Uma primeira preocupação, passado o susto logo depois do estouro, é se o aparelho que foi ligado naquela tomada não sofreu danos.
A possibilidade de que isso ocorra é remota pelos seguintes motivos que passamos a analisar:
a) se o curto foi apenas na tomada, a corrente intensa circula ANTES do aparelho conectado, que não chega sequer a receber energia, confira na figura 6. Devemos levar ainda em consideração o fato de que o interruptor do aparelho alimentado, no momento da conexão, em geral se encontra desligado. Mesmo que não esteja desligado, a probabilidade de ocorrerem danos nestas condições é pequena.
O curto na tomada ficará caracterizado porque o "estouro" se restringe a ela.
No entanto, o curto pode ter outra origem:
b) Se no momento do "estouro", o cabo de alimentação do aparelho alimentado se aquecer em demasia, chegando mesmo a derreter ou fumegar, a origem do problema pode não ser a tomada (que pode ou não sofrer danos!).
O problema pode estar num curto no próprio cabo, caso em que a corrente também vai circular ANTES de chegar ao aparelho e portanto, a probabilidade de dano é mínima, conforme figura 7.
Neste caso, desligando o aparelho da tomada e restabelecendo a alimentação pela troca do fusível ou rearme do disjuntor, nada deve ocorrer de anormal. Se houver a queima do fusível ou desarme do disjuntor, pode ter havido problema com a tomada (o que normalmente é pouco provável, dada a rápida ação de desligamento do disjuntor ou fusível).
Evidentemente, o aparelho causador do curto não deve ser ligado novamente antes de ser feita uma verificação e eventual troca do fio de alimentação danificado.
c) O curto ocorre no momento em que o interruptor do aparelho alimentado é acionado, ou se ele não tem, ao ser conectado, mas com visíveis danos ao aparelho.
Para este caso, o problema terá sido caracterizado como um curto no aparelho que está sendo alimentado, o que significa que ele já tem o problema. Logo, o curto não pode ser considerado a causa de dano ao aparelho, mas sim, uma conseqüência do dano que já existe. Veja a figura 8.
Evidentemente, o aparelho deve ser desligado da tomada e uma verificação realizada em ambos.
Observação importante:
Quando este artigo foi escrito ainda não estavam em vigor as normas NBR5410 que estabeleceram diversas mudanças para a maneira como as instalações elétricas devem ser feita e também para o formato das tomadas de força, com a adoção do terceiro pino. Artigo sobre estas normas deverá estar disponível no site. Os conceitos dados valem para instalações elétricas antigas, como ainda são encontradas em muitos locais de nosso país. Para instalações novas, os leitores devem consultar as normas vigentes