Este artigo faz parte de uma série artigos que escrevi na década de 60 e 70 e que publiquei em diversos jornais e revistas da época (*). Nele, assim como em outros, comento, algumas novidades da ciência dando minha opinião que era muito elogiada pela maneira simples como eu escrevia desde então. Este artigo, por exemplo, escrevi em 11/8/1966.
Numa noite estrelada, longe dos grandes centros, vemos um pequeno rastro luminoso no céu, quebrando a monotonia daqueles milhões de pontos luminosos imóveis que bruxuleiam na imensidão de nossa galáxia.
Mais um meteoro (**) entra na atmosfera terrestre com uma velocidade de dezenas de quilômetros por segundo, incendiando-se pelo atrito com o ar mais denso que envolve nosso planeta. Mais um entre as miríades de partículas errantes do espaço, que diariamente vem suas jornadas milenárias terminar no nosso modesto astro lar.
O espaço existente entre os corpos celestes maiores não é completamente vazio; uma poeira cósmica composta por objetos que vão desde pequenas partículas até outras muito maiores, se move acompanhando não apenas as influências gravitacionais dos astros maiores como da própria galáxia como um todo.
Algumas dessas partículas, no entanto, deixam de ser classificadas como poeira, pois são verdadeiros rochedos voadores ou mesmo pequenos astros formados pela explosão de outros maiores, circulando no nosso caso, em torno do sol. Essas partículas podem ter tamanhos que vão desde alguns metros até centenas de quilômetros de diâmetro.
Milhares de toneladas dessa poeira penetra na nossa atmosfera acrescentando um pouco mais de matéria ao nosso planeta. No entanto, ao lado da poeira, apenas algumas têm o tamanho suficiente para se incendiar e se tornar visível ao penetrar na nossa atmosfera.
Elas são responsáveis pelo caminho luminoso que vemos no céu e que chamamos de “estrela cadente”.
É claro que não devemos esquecer dos casos esporádicos em que um daqueles rochedos ou mesmo planetoide cai na terra (***) abrindo crateras enormes como a do Lake Crater nos eEstados Unidos com perto de 1 000 metros de diâmetro.
O estudo dessa quantidade enorme de matéria proveniente do espaço é de grande importância para a cosmogonia (ciência que estuda a formação do universo).
Mas, se apenas uma diminuta parte dos meteoros chega até a superfície da terra, como estuda-los de uma forma mais intensa?
Uma solução é observá-los na sua entrada na atmosfera e um aparelho capaz de fazer isso é o Radar.
Pelo estudo das reflexões das ondas do radar nessas partículas que não chegam até o solo e pelos rastros luminosos do material aquecido, os astrofísicos podem saber muito sobre sua natureza. Podem calcular sua velocidade, sua composição química horas de maior incidência e até mesmo a direção do espaço de onde vem.
Temos ainda muitos fenômenos que podem ser observados na análise das ondas refletem num meteoro. Um deles é o fato de o ar continuar ionizado mesmo depois do meteoro ter sido completamente consumido.
Cada vez mais a eletrônica dá sua contribuição nos mais diversos campos da ciência, como na radio astronomia, fornecendo recursos para o conhecimento cada vez maior do universo em que estamos.
(**) Veja no artigo AST017 a diferença entre Asteroides, Meteoros, Cometas e Meteoritos.
(***) Hoje a preocupação com a queda de asteroides ou meteoros de grande porte é muito maior. A própria NASA tem um serviço de monitoramento e recentemente enunciou um teste para desviar de sua órbita um desses asteroides que poderia nos ameaçar.