Com o pouso da Chang’e -4 na face oculta da Lua (Veja Nota), muitos leitores me perguntaram como os pesquisadores estão recebendo os sinais transmitidos, se não há visibilidade para seu envio. Que tipo de sinais estariam sendo enviados? Teriam os chineses descoberto alguma forma de “onda” que pode atravessar a Lua para chegar até a terra? Neste artigo explicamos como as comunicações dessa nave com a terra estão sendo realizadas.
Em 1999 a espaçonave Cassini fotografou a face oculta da Lua, mas nenhum artefato construído por humanos havia antes pousado nela.
Mas, o problema maior não foi simplesmente fazer uma nave pousar na face oculta da Lua, mas como manter as comunicações com a terra. A nave estará “do outro lado” e entre ela e a terra existe a massa da lua, com seus mais de 3 000 km de diâmetro.
Mesmo ao pousar a nave estaria do outro lado da lua e as comunicações com a terra para efeito de comando não seriam possíveis.
O problema foi resolvido com bastante engenhosidade.
Alguns meses antes do lançamento da nave Ghang’e-4 uma nave foi lançada com uma função especial. Essa nave construída pela China em parceria com A ASTRON, uma empresa privada da Holanda, carregaria um satélite relé que seria posicionado além da lua.
Nessa posição, ele “veria” ao mesmo tempo, tanto a face oculta da luz como a terra e com isso poderia atuar como uma estação retransmissora.
O NCLE-Netherland-China Low Frequency Explorer receberia os sinais da nave pousada na lua e durante seu trajeto de descida,enviando-o à terra e, ao mesmo tempo, enviaria sinais de comando recebidos da terra para a nave pousada do outro lado da lua.
O interessante é que, para evitar problemas de captação devido ao comportamento da atmosfera da terra, o satélite opera com frequências numa faixa de 80 kHz a 80 MHz o que levou ao uso de antenas bastante longos como podemos ver na foto abaixo.
A nave que pousou na lua, é claro, tem recursos para receber sinais entre 0,1 e 40 MHz o que é importante, pois nesta faixa existem emissões do sol que poderão ser estudadas com precisão, pois não encontram os mesmos obstáculos que receptores em terra sintonizados para esta faixa de frequências, justamente pelo comportamento de nossa atmosfera.