Os circuitos elétricos dos sistemas de elevadores estão sujeitos a falhas que nem sempre podem ser detectadas com facilidade se o profissional de manutenção não possuir um multímetro e, além disso, não souber como utilizá-lo. Na verdade, sabendo utilizar um multímetro, não apenas falhas simples de circuitos e componentes podem ser encontradas como até mesmo falhas mais complexas. Neste artigo mostraremos como utilizar o multímetro em alguns testes simples que podem ser úteis na busca de falhas em sistemas de elevadores.

Nota: este artigo foi originalmente escrito para uma publicação que trata de elevadores (Elevadores Brasil).

O multímetro comum, também conhecido como multitester é um dos instrumentos de medida mais úteis para quem trabalha com eletricidade e eletrônica. Não apenas o técnico eletrônico, o instalador elétrico, o eletricista de automóveis, mas todos que de estejam ligados à eletricidade e eletrônica, como o profissional da manutenção de elevadores, devem possuir um multímetro.

Podemos contar hoje com uma infinidade de tipos disponíveis no mercado, a preços muito acessíveis. Tipos analógicos ou digitais simples podem fazer muito pelo profissional, indicando o estado de circuitos e componentes. Na figura1 temos os tipos comuns de multímetros que recomendamos aos nossos leitores.

 

Figura 1- Um multímetro analógico e um multímetro digital
Figura 1- Um multímetro analógico e um multímetro digital

 

O uso destes multímetros não é difícil, mas é preciso que o profissional tome certos cuidados para não usar escalas erradas. O uso do multímetro de forma incorreta pode, não apenas levar a conclusões erradas sobre o estado de um componente ou circuito, como também danificar o próprio instrumento.

Um erro comum que muitos cometem é tentar medir correntes, colocando o instrumento nesta escala quando na verdade desejam medir tensões. Os resultados são desastrosos.

A seguir, daremos alguns procedimentos para o uso do multímetro no teste de instalações de elevadores e instalações elétricas em geral, além de seus dispositivos.

Os procedimentos são válidos para um multímetro padrão de baixo custo com sensibilidade de 1000 ohms por V, e escalas de tensões alternadas de 0-300 VAC e resistências x1, x10, x100 ohms. É claro que multímetros mais avançados como os digitais também podem ser utilizados nos mesmos procedimentos.

 

Medindo tensões

Um circuito indicador, de controle ou acionamento de um elevador pode não funcionar corretamente, porque a tensão correta não está chegando até ele. Para medir a tensão alternada num ponto de um circuito, por exemplo, uma caixa de entrada, dois fios ou numa tomada ou entre dois fios, o procedimento é o mostrado na figura 2. Com este procedimento podemos também identificar os cabos de fases e neutro num sistema trifásico.

 

Figura 2 – Medindo a tensão numa tomada.
Figura 2 – Medindo a tensão numa tomada.

 

 

a) Coloque a chave seletora de funções na posição VOLTS AC 0-300.

b) Encoste as pontas de prova nos pontos entre os quais se deseja medir a tensão.

c) Faça a leitura da tensão na escala correspondente.

 

Se o ponto de alimentação for de corrente contínua, basta selecionar a escala DC do multímetro e observar a polaridade das pontas de prova na medida.

 

 

Verificando a atuação de um disjuntor

 

O multímetro deve ser colocado na posição de medida de tensões alternadas (Volts AC) (figura 3).

 

Figura 3 – Verificando um disjuntor.
Figura 3 – Verificando um disjuntor.

 

 

a) Ligue o multímetro da forma indicada na figura tomando por referência o neutro ou então o outro pólo da mesma linha em que está o disjuntor.

b) Atue sobre a chave do disjuntor para verificar se ele liga e desliga a corrente.

A tensão medida deve ser a da rede de energia com o disjuntor ativado.

 

Testando Interruptores e Sensores

Nos sistemas de elevadores encontramos muitos interruptores e sensores. Os botões de chamada de tipos antigos, por exemplo, nada mais são do que interruptores de contato momentâneo e, além disso, diversos sensores usados em portas, chaves de fim de curso, por exemplo, são do tipo de contato mecânico, funcionando como sensores.

Existem dois testes possíveis para um sensor ou interruptor.

 

Teste no circuito

Para isso, coloque o multímetro na escala de tensões AC de acordo com a rede local de energia ou a tensão que a chave controla, encostando as pontas de prova nos terminais do sensor ou interruptor (figura 4).

 

 

Figura 4 – Testando um interruptor no circuito.
Figura 4 – Testando um interruptor no circuito.

 

A alimentação deve estar ligada e o dispositivo controlado pelo interruptor deve estar no circuito e em bom estado.

a) Com o interruptor fechado, a tensão indicada pelo multímetro deve ser nula.

b) Com o interruptor aberto, a tensão indicada pelo multímetro deve ser a da rede de energia.

c) Qualquer indicação diferente ocorre quando o interruptor não está bom ou quando o dispositivo ligado ao interruptor ou sensor apresenta problemas (está aberto).

 

Se o dispositivo testado operar com tensão contínua, o multímetro deve ser colocado na escala correspondente: DC Volts.

 

b)Teste fora do circuito

Retire o interruptor ou sensor do circuito e coloque o multímetro na escala mais baixa de resistências (OHMS x1 ou OHMS x10).

Encoste as pontas de prova nos terminais do interruptor, depois de zerá-lo (figura 5).

 

Figura 5 – Teste de interruptor fora do circuito.
Figura 5 – Teste de interruptor fora do circuito.

 

 

a) Com o interruptor fechado ou sensor acionado a resistência indicada deve ser nula.

b) Com o interruptor aberto ou sensor sem acionamento, a resistência deve ser infinita.

c) Indicações diferentes da indicada ocorrem quando o interruptor ou sensor está em mau estado.

 

Devemos observar que existem dispositivos NF (Normalmente Fechados) em que temos baixa resistência sem acionamento e alta resistência com o acionamento.

 

Teste de Fusíveis

O teste de fusíveis fora do circuito pode ser feito facilmente com um multímetro comum na escala mais baixa de resistências (OHMS x1 ou OHMS x10) (figura 6).

 

Figura 6 – Testando um fusível com o multímetro.
Figura 6 – Testando um fusível com o multímetro.

 

 

a) Zere o instrumento encostando uma ponta de prova na outra, depois de selecionar a escala.

b) Retire o fusível do suporte e encoste as pontas de prova nos seus terminais.

c) Se a resistência medida for nula, o fusível está em bom estado.

d) Qualquer outra indicação ocorre se o fusível estiver ruim. O normal é uma resistência infinita para um fusível aberto. No entanto, fusíveis do tipo rosca quando com detritos, podem acusar resistência elevada em presença de umidade, estando abertos.

 

Qualquer tipo de fusível, não importando sua especificação de corrente, pode ser testado da forma indicada.

 

Teste de Lâmpadas

Lâmpadas incandescentes indicadoras, usadas em painéis são encontradas ainda em elevadores antigos. O teste é feito verificando-se a continuidade de seu filamento. Para isso, usamos a escala mais baixa de resistências do multímetro (OHMS x1 ou OHMS x10), procedimento mostrado na figura 7.

 

Figura 7 – Testando uma lâmpada incandescente.
Figura 7 – Testando uma lâmpada incandescente.

 

a) Zere o multímetro depois de selecionar a escala em que vai ser feita a prova.

b) Retire a lâmpada do seu suporte e encoste as pontas de prova em seus terminais, observando a indicação do instrumento.

c) Se for medida uma resistência na faixa de 10 W a 500 W, dependendo da tensão de operação e da potência, a lâmpada está em bom estado.

d) Se a resistência medida for infinita, ou seja, se a agulha do instrumento não se mover, então a lâmpada está queimada.

 

Obs.: este teste não se aplica a lâmpadas fluorescentes, eletrônicas ou neon.

 

 

Teste de fios e cabos

O teste de continuidade de fios permite saber se existe ou não alguma interrupção interna, podendo ser aplicado nos fios de instalações de elevadores, controles, cabos de alimentação de diversos tipos de dispositivos e extensões.

Ajuste o multímetro para uma escala baixa de resistências (ohms x1 ou ohms x10) e proceda da forma indicada na figura 8.

 

Figura 8 – Testando um fio.
Figura 8 – Testando um fio.

 

a) Zere o multímetro, encostando uma ponta de prova na outra.

b) Encoste as pontas de prova do multímetro nas extremidades do condutor (mesmo fio) que deseja testar.

c) Se a resistência medida for nula ou muito baixa (inferior a 5 ohms, dependendo do comprimento) então o fio se encontra em bom estado.

d) Se for encontrada uma resistência muito alta ou infinita (a agulha do instrumento não se move) então o fio está interrompido.

 

Teste de Componentes Indutivos

Num sistema de elevadores existem diversos componentes indutivos que podem ser testados com o multímetro. São componentes indutivos sensores indutivos, solenóides usados em travas e acionamentos mecânicos, pequenos motores, reatores de circuitos e de lâmpadas fluorescentes, e muito mais. Todos eles podem ter são baseados em bobinas cuja continuidade pode ser verificada com a ajuda do multímetro.

Para isso, usamos o multímetro numa escala baixa (ohms x1 ou ohms x10) devendo ser lidos valores na faixa de 10 a 200 ohms, tipicamente.

O procedimento é o mostrado na figura 9.

 

Figura 9 – Verificando a continuidade de um reator
Figura 9 – Verificando a continuidade de um reator

 

 

a) Depois de ajustar a escala, encoste uma ponta de prova na outra e zere o instrumento.

b) Encoste as pontas de prova nos terminais do reator ou outro componente em teste. O dispositivo deve estar desligado do circuito.

c) Se a resistência for infinita, o reator ou dispositivo em teste se encontra aberto e, portanto inutilizado.

 

 

Conclusão

Existem centenas de outros testes que podem ser feitos com um multímetro comum, ajudando o profissional de manutenção de elevadores encontrar falhas em componentes e circuitos elétricos. O autor deste artigo possui uma série de livros de grande utilidade para quem deseja saber mais que é Como Testar Componentes (Volumes 1 a 4), disponíveis no site.

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