Uma característica importante dos aparelhos de videocassete e que não encontramos em muitos outros aparelhos eletrônicos como os televisores, é que eles possuem partes mecânicas móveis. Estas partes mecânicas devem ter uma atenção especial tanto por parte do usuário como do técnico de manutenção. Cuidados simples no uso, no ajuste e mesmo na reparação podem prolongar a vida útil e melhorar o desempenho desses aparelhos. Neste artigo vamos focalizar alguns procedimentos importantes na reparação e ajuste da parte mecânica de videocassetes.
Este artigo é de 1996 quando os videocassetes eram comuns e ainda não haviam os DVDs. Assim, este artigo é válido para os leitores que ainda usam videocassetes para transferir conteúdo de fitas para DVDs e desejam manter seus equipamentos em dia.
O sistema mecânico encontrado nos aparelhos de videocassete é de extrema precisão o que aliada a velocidade de funcionamento de algumas de suas partes (como a cabeça rotativa) necessária a operação com altas frequências, o torna muito sensível e exige cuidados especiais tanto na manutenção como instalação.
Qualquer pequena modificação de ajuste, a presença de sujeira ou mesmo um impacto afeta o funcionamento deste tipo de aparelho com sérios prejuízos para a imagem, sincronismo, cores, etc.
AS CABEÇAS DE VÍDEO
As cabeças de vídeo dos gravadores de videocassete roçam continuamente na fita magnética que desprendem óxidos. Este óxido, que possuem as características magnéticas onde se processa a gravação, acumulam-se com o tempo modificando o funcionamento do sistema.
O próprio uso de fitas que tenham sido armazenadas em locais úmidos pode contribuir para que as cabeças sejam afetadas por outros tipos de substâncias. Estas fitas podem formar fungos (mofo) que acaba por se acumular nas cabeças gravadoras e de leitura impedindo por completo seu funcionamento.
Isso significa que as cabeças de vídeo devem ser limpas periodicamente de modo a restaurar as características elétricas e magnéticas de modo que elas possam funcionar satisfatoriamente.
Os fabricantes recomendam que em média a cada 500 horas de funcionamento as cabeças sejam limpas, havendo para isso um procedimento padrão.
As cabeças podem ser limpas com algodão embebido em álcool metílico ou então algum produto similar ou ainda com um tecido macio embebido no mesmo líquido.
O tecido ou o algodão deve ser passado no sentido de giro da cabeça conforme mostra a figura 2, e nunca transversalmente.
Para a limpeza existem também as fitas limpadoras que podem ser usadas para esta finalidade. A fita, no procedimento de limpeza pode ser usada por um tempo da ordem de 15 a 20 segundos com o aparelho no avanço rápido.
É importante observar que algumas fitas vendidas no comércio usam substâncias muito abrasivas o que significa um certo desgaste das cabeças de leitura e gravação. O resultado disso é que o emprego da fita reduz a vida útil das cabeças que precisam ser trocadas.
Se o leitor puder evitar o uso destas fitas e fazer a limpeza com o procedimento indicado com algodão e tecido, será mais interessante.
CABEÇAS DE ÁUDIO, CONTROLE E APAGAMENTO
Essas cabeças têm o mesmo princípio de funcionamento das cabeças de vídeo e por isso a mesma geometria geral consistindo em bobinas sobre um núcleo que apresenta um entreferro.
Isso significa que sua limpeza pode ser também feita com um algodão ou tecido embebido em álcool metílico ou outras substância similar.
O procedimento básico consiste em se esfregar (sem necessidade de se observar o sentido) de maneira uniforme a região do entreferro de modo a eliminar a sujeira ou óxidos acumulados.
Na figura 3 mostramos a localização típica de uma cabeça de áudio e o procedimento para sua limpeza.
Os especialistas recomendam que a limpeza das cabeças de áudio sejam feitas de 500 em 500 horas, exatamente como no caso das cabeças de vídeo.
Eventualmente no processo de limpeza ou mesmo de manutenção pode ocorrer o desajuste das posições dessas cabeças. Isso significa a necessidade de se ajustar o sistema tensor que determina o azimute da cabeça.
O ajuste da cabeça de áudio é simples e é mostrado na figura 4
Veja que é importante a posição da cabeça com um pequeno espelho de dentista, dada sua posição.
O procedimento é dado a seguir.
Carregue o videocassete com uma fita que tenha uma boa trilha de áudio. Ajuste então, com ele em funcionamento, o azimute para obter o sinal com o melhor nível e qualidade.
O ideal para se obter o ponto de maior intensidade é ligar na saída do circuito de áudio um osciloscópio (saída de áudio), mas se o leitor não tiver este equipamento pode fazer o ajuste de ouvido.
CABRESTANTE E ROLO PRESSOR
As funções desses dois elementos mecânicos do videocassete são muito importantes, pois deles depende a constância da velocidade de deslocamento da fita. Se a fita tiver qualquer alteração de sua velocidade de arrasto, a imagem pode ficar afetada e pode haver perda constante de sincronismo.
Os rolos pressores e o cabrestante devem ser limpos e lubrificados periodicamente.
Os técnicos recomendam que o cabrestante seja limpo e lubrificado a cada 1000 horas de funcionamento do videocassete. Já o rolo pressor deve apenas ser limpo a cada 500 horas de funcionamento.
Para a limpeza dessas partes o técnico deve retirá-las do aparelho, o que significa que deve desmontar a parte em que elas estejam. Este procedimento é necessário pois o lubrificante usado tende a se depositar nas peças devendo ser removido para nova aplicação.
PORTACASSETE
Esta parte mecânica do aparelho também precisa de uma limpeza periódica que consiste na limpeza e lubrificação a cada 2 000 horas de funcionamento.
Para isso é necessário desmontar o porta cassete conforme mostra a figura 5.
A limpeza deve ser feita com um tecido ou algodão embebido em álcool (cuidado com os fiapos que se desprendem no processo!) e a lubrificação deve ser feita depois de se remover todo o lubrificante anteriormente usado que com o uso perde sua consistência e até forma pelotas.
Para o ajuste do sistema de tracionamento da fita no portas cassetes é preciso usar uma fita padrão que possui um sistema de ajuste da tensão e que é mostrada na figura 6 ou ainda um medidor de tensão mecânica.
OS INSTRUMENTOS DO REPARADOR
As ferramentas usadas na manutenção mecânica de um aparelho de videocassete em muitos casos são especialmente fabricadas para este tipo de trabalho. dependendo do modelo, o fabricante pode até fornecer para suas oficinas autorizadas ferramentas próprios para os reparos e ajustes.
Os técnicos devem estar atentos aos manuais dos fabricantes para verificar que ferramentas usar e quais os procedimentos recomendados.
Na figura 7 temos algumas das ferramentas comuns usadas nos ajustes de videocassetes e que os profissionais devem pensar em adquirir.
A chave de parafusos mostrada em (a) é especial para os pequenos parafusos usados nos videocassetes em suas partes mais delicadas. Um jogo de chaves Philips e comuns de relojoeiro, em alguns casos pode substituir esta ferramenta.
Em (b) temos o cassete medidor de tensão mecânica da fita que permite o ajuste do sistema tensor que é muito importante para o funcionamento do videocassete.
Em (c) temos um calibrador do comportamento da fita que é um dispositivo importante para permitir o encaixe correto sem folgas das fitas.
Em (d) temos a chave especial que permite fazer o ajuste da tensão da fita.
A ferramenta mostrada em (e) consiste num medidor de tensão mecânica que serve para ajustar sistemas tensores, consistindo num recurso muito importante para o técnico.
Em (f) temos um espelho de dentista que permite observar a posição de peças em locais difíceis.
Um outro medidor de tensão mecânica com formato diferente é mostrado em (g). O formato é determinado pelo tipo de peças que ele deve acessar
Finalmente, temos em (h) uma fita padrão em que temos sinais de áudio e vídeo com intensidades e padrões apropriados para o ajuste dos circuitos e das partes mecânicas.