Um dos problemas que todo o praticante de eletrônica encontra é o referente à identificação e prova de capacitores de pequenos valores, como os cerâmicos, poliéster e styroflex. As marcações em códigos e eventualmente apagadas podem deixar o montador em situações difíceis em caso de montagens, reparação ou mesmo experimentação. Com as duas pontes de capacitância que descrevemos, capacitores de 10 pF a 1 ;LF podem ser testados e medidos com boa precisão.
O artigo é de 1996, mas ainda pode ser interessante, se bem que hoje possamos contar com capacímetros de baixo custo e até incorporados aos multímetros digitais
A principal vantagem do circuito que descrevemos é a de não usar indicadores caros do tipo microamperímetro.
Com componentes de baixo custo, a precisão deste instrumento dependerá somente da tolerância dos capacitores usados na calibração da escala.
A indicação é sonora (tipo ajuste de nulo) e o aparelho funciona tanto com pilhas como com bateria, o que o torna totalmente portátil.
Se você não possui um capacímetro, e o multímetro para capacitores de pequeno valor detecta apenas curtos, a montagem destas pontes de capacitância (uma delas) é indispensável.
CARACTERÍSTICAS:
Versão 1:
* Tensão de alimentação: 6 ou 9 V
* Consumo de corrente: 5 mA (max)
* Faixa de capacitâncias medidas: 10 pF a 1 pF
* Número de faixas: 4
Versão 2:
Tensão de alimentação: 3 ou 6 V
Consumo de corrente: 5 mA (tip.)
Faixa de capacitância medidas: 10 pF a 1 µF
Número de faixa: 4
COMO FUNCIONA
O principio da medida de capacitâncias por ponte pode ser facilmente entendido se considerarmos o potenciômetro P2 dos dois circuitos como duas resistências separadas pelo cursor.
Desta forma, quando a resistência Ra aumenta Rb diminui e vice-versa, o que ocorre na movimentação do cursor do potenciômetro num sentido e no outro, conforme mostra a figura 1.
Se aplicarmos neste circuito um sinal de áudio, os capacitores C, e Cx (que é a capacitância do componente em prova) também formam um circuito divisor de tensão.
Supondo que C, e CX sejam iguais, ao ajustarmos o cursor do potenciômetro, quando Ra for igual a Rb teremos uma condição de equilíbrio do circuito, e nos pontos A e B do buzzer não aparece sinal algum.
Se o sinal aplicado ao circuito estiver na faixa de áudio, à medida que movimentarmos o cursor do potenciômetro ele vai diminuindo de intensidade até desaparecer, justamente na posição em que a ponte equilibra.
Se CX for diferente de 0, podemos ainda obter o equilíbrio da ponte e, portanto, cancelar o som no buzzer, desde que Ra, Rb, C, e C2 formem, nesta ordem uma proporção:
Ra/Rb = C1/CX
Isso ocorre porque as reatâncias capacitivas de C, e Cx dependem das capacitâncias, na razão inversa de seus valores.
Se colocarmos no circuito C, de valor conhecido, podemos usar diversos Cx de valores padronizados para calibrar a escala de P, e assim medir capacitâncias.
No nosso caso, de modo a abranger uma boa faixa de valores, usamos 4 valores para C, (de C2 a C5 no circuito da versão 1) selecionados por uma chave (S2), o que nos proporciona 4 escalas de medidas de capacitância.
Veja então que para ter este tipo de prova precisamos, além de tudo o que foi visto, de um gerador de sinais de áudio.
As pontes são iguais para as duas versões, mudando apenas a fonte de sinal de áudio.
Na primeira versão temos um oscilador elaborado em torno de uma porta NAND do 4093 e que tem sua freqüência ajustada em P.
Este componente deve ser ajustado para que a freqüência fique em torno de 7 kHz, que é o valor em que o buzzer tem maior rendimento.
Na segunda versão temos um circuito integrado 7555, que é a versão CMOS de baixa tensão e baixo consumo do conhecido 555 e cuja freqüência também é ajustada em P1 para o valor de maior rendimento do transdutor cerâmico.
MONTAGEM
Na figura 2 temos o diagrama completo da versão 1.
A disposição dos componentes numa placa de circuito impresso para esta versão é mostrada na figura 3.
Sugerimos que o integrado seja montado em soquete, para maior segurança e facilidade de substituição.
P1 é um trimpot, já que o ajustamos uma única vez, mas P2 deve ser um potenciômetro linear e seu botão deve ter uma escala bem ampla para facilitar a leitura e calibração.
Os capacitores pode ser todos cerâmicos ou de poliéster, exceto C5, que é um eletrolítico para 12 V ou mais de tensão de trabalho.
Se você tiver dificuldades em encontrar a chave S2, de 1 pólo x 4 posições, pode usar dois bornes e manter guardados os capacitores usados como padrão, ligando-os neste ponto quando for usar o aparelho.
O buzzer BZ é qualquer transdutor de cristal ou piezoelétrico.
Não servem alto-falantes ou dispositivos de baixa impedância.
Para conexão dos capacitores em prova podemos usar dois fios com garras, pois a presença da mão nos terminais pode afetar a leitura de valores baixos.
Todo o conjunto cabe numa caixinha plástica, conforme mostra a figura 4.
Para a alimentação podemos usar pilhas ou bateria, sempre observando a polaridade do suporte ou conector.
Na figura 5 temos o diagrama completo da versão 2.
A disposição dos componentes numa placa de circuito impresso é dada na figura 6.
Para o circuito integrado também sugerimos o uso de soquete.
Nos dois projetos é importante que os capacitores da ponte (C2, C3, C4, C5) sejam de boa precisão, pois eles determinarão a precisão da escala.
PROVA E USO
Inicialmente interligue as garras jacaré e acione S1, levando o potenciômetro P2 à posição em que o som do transdutor BZ seja mais forte.
Ajuste depois P, para que tenha mos a freqüência em que o som se torne mais intenso.
Isso vai ocorrer normalmente em torno de 5 a 7 kHz para buzzers comuns.
Feito isso, coloque a chave S2 na posição x1 para a calibração.
Para a calibração você deve contar com capacitores de valores comerciais na faixa de 2 pF a 1 nF de boa qualidade e precisão (5% ou menos).
Vá colocando um a um os capacitores entre as pontas de prova PP1 e PP2 e ajustando P2 para obter o cancelamento do som.
Marque neste ponto da escala o valor do capacitor usado.
Com os capacitores indica dos o leitor deve obter uma escala como mostra a figura 7.
Com a calibração desta escala as demais estarão automaticamente calibradas.
Isso quer dizer que passando S2 para a posição x10 os valores que levam ao equilíbrio com Cx nas pontas de prova são 10 vezes maiores que os indicados na escala.
Na posição 3 são 100 vezes maiores e na posição 4, 1000 vezes maiores.
Comprovado o funcionamento é só usar o aparelho.
Para isso ligue o capacitor desconhecido (Cx) e tente ajustar o nulo de som em P2.
Se a posição em que isso for conseguido ficar longe do centro do cursor, mude a posição de S2.
Depois é só fazer a leitura.
Se não. houver equilíbrio, então o capacitor está aberto, em curto ou tem valor fora da faixa de alcance do aparelho, que vai de aproximadamente 10 pF a 1 µF.
Versão 1:
Semicondutores:
Cl1 - 40938 - circuito integrado CMOS
Resistores (1 /8 W, 5%):
R1 - 10 k Ω
P1 - trimpot de 100 k Ω
P2 - Potenciômetro linear de 10 k Ω
Capacitores:
C1, - 22 nF - cerâmicos ou poliéster
C2 - 100 pF - cerâmico - ver texto
C3 - 1 nF - cerâmico ou poliéster (ver texto)
C4 - 10 nF -cerâmico ou poliéster (ver texto)
C5 - 100 nF - cerâmico ou poliéster (ver texto)
C5 - 100 µF - eletrolítico de 6 ou 12 V
Diversos:
BZ - MP-10 ou equivalente – transdutor piezoelétrico
S1 - Interruptor simples
S2 - Chaves de 1 pólo x 4 posições (ver texto)
B1 - 6/9 V - 4 pilhas ou bateria
Placa de circuito impresso, caixa para montagem, botões para S2 e potenciômetro, suporte para pilhas ou conector de bateria, garras jacaré (PP1e PP2), fios, solda etc.
Versão 2:
Semicondutores:
CI1 - TLC555 - circuito integrado CMOS timer
Resistores (1/8 W, 5%)
R1 - 10 k Ω
R2 - 4,7 k Ω
P1 - trimpot de 100 k Ω
P2 - potenciômetro linear de 10 k Ω
Capacitores:
C1 - 47 nF - poliéster ou cerâmico
C2 - 100 pF - cerâmico (ver texto)
C3 - 1 nF - cerâmico ou poliéster (ver texto)
C4 - 10 nF - cerâmico ou poliéster (ver texto)
C5 - 100 nF - cerâmico ou poliéster (ver texto)
C5 - 100 µF - eletrolítico de 6 V
Diversos:
BZ - MP-10 ou equivalente – transdutor cerâmico
S1 - Interruptor simples
S2 - Chave de 1 pólo x 4 posições (ver texto)
B1 - 3 ou 6 V - 2 ou 4 pilhas pequenas
Placa de circuito impresso, caixa para montagem, botões para S2 e P2, suporte de pilhas, garras jacaré, fios, solda etc.