Um recurso extremamente simples que é muito utilizado pelos profissionais da manutenção que reparar equipamentos ligados à rede de energia é a lâmpada de série. Com ela, não só podemos detectar problemas graves nos equipamentos como também evitar danos maiores quando os ligamos à rede de energia para um teste de funcionamento. Neste artigo mostramos como usar a lâmpada de série e como ter uma em sua bancada.
Um problema grave que ocorre com muitos equipamentos elétricos e eletrônicos de uso comum é o curto-circuito. Um componente ou mais entram em curto, causando a queima do fusível de entrada.
Se substituirmos o fusível queimado e ligarmos o equipamento à rede de energia corremos o risco de ter um novo curto com a queima do fusível. O caso pior ocorre quando o equipamento não possui o fusível de proteção e em caso de curto, sua conexão à rede causa uma forte corrente capaz de destruir componentes e até mesmo colocar em risco a integridade da instalação e do profissional que estiver próximo, pois um forte estouro vai ocorrer, conforme ilustra a figura 1.
Uma maneira importante para se diagnosticar defeitos em aparelhos que manifestem esse problema, ou ainda um excesso de consumo, consiste em fazer sua conexão em algum tipo de equipamento que limite a corrente circulante.
Com uma corrente menor, não teremos a queima do fusível, não colocaremos em risco a instalação e a própria pessoa do técnico e, além disso, poderemos examinar o circuito energizado, detectando eventuais problemas que possam ser causados por componentes individuais.
A melhor maneira de se fazer essa limitação é ligando-o o equipamento em série com um resistor de valor apropriado. Uma carga resistiva pura não afeta as características de funcionamento do aparelho, colocando em risco componentes sensíveis.
Resistores de fio poderiam ser usados para essa finalidade, mas existe uma solução muito mais barata e fácil de obter e de se trabalhar com ela: uma lâmpada incandescente comum. Ligada em série com um equipamento ela limita sua corrente e além disso fornece uma indicação visual no caso de ocorrer um curto, conforme mostra a figura 2.
Se existir um curto no equipamento em teste, ele terá uma resistência muito baixa e com isso toda a tensão a rede aparecerá sobre a lâmpada que então acenderá com seu máximo brilho. Se o consumo do aparelho for normal, não havendo curto, a corrente reduzida fará com que a tensão da rede se divida de uma forma melhor entre a lâmpada e ele, e com isso a lâmpada acenderá com brilho reduzido, conforme mostra a figura 3.
Para as aplicações práticas, onde os consumos dos aparelhos testados estão na faixa de 10 a 200 W, as lâmpadas indicadas vão de 40 a 150 W, conforme mostra a figura 4.
Assim, o profissional pode ter sua lâmpada de série para a bancada com opções que permita escolher a melhor lâmpada de acordo com o equipamento que está sendo testado, ou seja, seu consumo. Na figura 5 temos então uma sugestão de circuito para esta finalidade.
Para testar aparelhos com consumos menores do que 50 W use a lâmpada de 40 a 70 W e para consumos acima de 50 W use a lâmpada de 75 a 150 W.
Procedimento para Uso
De posse de um equipamento que tenha sofrido a ‘queima’ com a abertura do fusível de entrada ou sinais de que tenha havido um “estouro”, substitua o fusível de entrada e ligue-o na saída apropriada da lâmpada de série, conforme a potência.
Ligue o aparelho e observe o brilho da lâmpada. Se acender com o máximo brilho, o curto persiste. Neste caso, observe sinais de fumegamento ou se existem componentes queimados no equipamento analisado. Se for localizado algum componente com problemas, substitua-o e verifique também se sua queima não foi casado por um componente próximo que entrou em curto. Por exemplo, um resistor ou um transistor queimam quando um capacitor ligado a ele entrar em curto. Feita a substituição do(s) componente(s) com problemas, ligue o aparelho na lâmpada de série.
Se a lâmpada permanecer com o brilho máximo, e houver sinais de fumegamento de componentes é sinal que o curto ainda persiste e sua causa precisa ser verificada. Se o brilho da lâmpada reduzir, ligue o aparelho diretamente à rede, mas observe se não existem sinais de componentes que possam apresentar problemas e o curto voltar.
Se a lâmpada não acender quando o aparelho testado for conectado é sinal que o curto pode ter causado a abertura de componentes importantes. Por exemplo, depois de queimar, um transformador pode ter seu enrolamento aberto. Neste caso, analise o circuito medindo tensões para verificar onde está o problema.
Importante:
Existem equipamentos que não podem ser ligados a uma lâmpada de série pois são sensíveis às tensões mais baixas que podem receber nestas condições. Os equipamentos detectar a tensão mais baixa e mesmo que estejam bons, eles desligam automaticamente.