Consultados por um amigo sobre o que deveria fazer com o velho multímetro analógico quando chegou o recém-comprado multímetro digital, fizemos uma análise que o surpreendeu. Veja neste artigo porque é importante ter sempre os DOIS tipos de multímetro disponíveis, e porque o multímetro analógico complementa o digital em muitas tarefas de medida.
A crença geral que técnicos em eletrônica, engenheiros, estudantes, hobistas e mesmo profissionais antigos têm é que, uma vez que se possa comprar um multímetro digital, imediatamente o analógico deva ser descartado, dado a algum parente iniciante, ou mesmo abandonado em alguma caixa de sucata da oficina.
Nada mais errado!
Analisando o que o multímetro digital pode fazer, vemos que, realmente, em uma grande quantidade de medidas ele é muito melhor que o analógico, com maior precisão e mesmo maior facilidade de uso e leitura.
No entanto, existem aplicações em que o velho multímetro analógico é insuperável, e para elas o digital, ainda que mais sofisticado, não serve.
Se o leitor pensa em comprar um multímetro digital apenas para "descartar" o analógico, as explicações seguintes vão fazê-lo mudar de idéia.
DIGITAL X ANALÓGICO
No multímetro digital temos um painel de LCD (cristal líquido) que apresenta na forma numérica o valor da grandeza que está sendo medida.
Este valor é obtido a partir de um contador que faz amostragens em seguida a um conversor analógico digital. Taxas de uma amostragem por segundo são comuns.
Isso significa que, se o valor da grandeza que está sendo medida tiver variações lentas, o número apresentado pelo multímetro ficará mudando. Normalmente isso ocorre com o último dígito.
Assim, se uma tensão de 1,235 V for medida num multímetro de 3 dígitos, os valores apresentados podem ficar oscilando entre 1,23 e 1,24.
Se a própria grandeza medida variar, ocorrerá o mesmo.
No entanto, se as variações da grandeza forem rápidas demais, por exemplo, num circuito que oscile em baixas frequências, não há tempo para que o circuito de amostragem opere corretamente, e o mostrador não conseguirá mostrar um valor correto fixo.
Isso significa que uma primeira limitação para o multímetro digital está justamente quando pretendemos constatar se uma grandeza varia, por exemplo uma tensão.
Verificando a descarga de um capacitor com um multímetro digital, por exemplo, teremos dificuldades em fazer uma leitura, uma vez que os números apresentados vão correr rapidamente e de uma forma imprecisa, conforme ilustra a figura 2.
No entanto, usando um multímetro analógico esse problema não ocorre: veremos facilmente as variações da grandeza medida na movimentação do ponteiro que tem uma resposta melhor a este tipo de medida.
Assim, quando desejamos verificar variações de tensão, o uso do multímetro analógico é muito mais interessante.
Uma outra situação pode ser dada como exemplo, como no caso do meu amigo eletricista de autos:
Se desejarmos medir a queda de tensão de uma bateria de carro no momento em que um farol é ligado ou é dada a partida usando o multímetro digital, o que teremos é uma confusão de números correndo no painel que não servem para indicar qual foi a amplitude da queda, pois não há tempo para isso.
Entretanto, usando um multímetro analógico veremos facilmente isso pela amplitude do movimento de queda do ponteiro indicador, veja a figura 4.
Sabendo deste problema, muitos fabricantes de multímetros digitais incluíram em seus instrumentos uma escala analógica. Esta escala, mostrada na figura 5, pode ser muito útil neste tipo de medida em que variações de grande valor devem ser observadas.
No entanto, mesmo no uso desta escala deve ser verificada a prontidão do instrumento, ou seja, a velocidade com que ele consegue responder às variações da medida feita.
CONCLUSÃO
Tenha sempre na bancada os dois tipos de instrumentos. Na, medidas de grandezas fixas use o multímetro digital, mas quando for medir ou verificar variações de uma grandeza, nada melhor do que empregar o velho multímetro analógico. Ele ainda é melhor para isso.