O primeiro instrumento que qualquer praticante de eletrônica adquire é o multímetro. Aprenda neste artigo como usar o seu multímetro para provar e identificar transistores.

As junções dos transistores se comportam como diodos semicondutores, conduzindo a corrente num sentido e não em outro. Os transistores podem portanto ser comparados a dois diodos ligados em oposição, conforme mostra a figura 1.

 

Figura 1 – Circuito equivalente a um transistor
Figura 1 – Circuito equivalente a um transistor

 

Podemos dizer que temos duas disposições possíveis para os “diodos” conforme o transistor seja PNP ou NPN.

Ora, uma prova simples do estado de um diodo, pode ser feita avaliando-se sua resistência no sentido direto e no sentido inverso. Em suma, podemos saber se um diodo se encontra em bom estado, verificando de que modo a corrente circula através de sua junção.

Quando. o polarizamos no sentido direto, a resistência verificada deve ser baixa, já que a corrente deve circular com facilidade, enquanto que, quando o polarizamos no sentido inverso, a resistência deve ser alta, porque a corrente não circula com facilidade. (figura 2)

 

Figura 2 – Testando diodos
Figura 2 – Testando diodos

 

Na prova de diodos com o multímetro, a ligação das pontas de prova é direta quando se utiliza uma escala de resistência, pois, conforme se sabe, nessa escala, existe a bateria interna do instrumento conectada ao circuito externo que fornece a corrente necessária à prova.

Deve-se, entretanto, considerar que nem sempre a ponta vermelha do multímetro corresponde ao polo positivo da bateria existente internamente.

Existem casos, se bem que raros, em que a ponta de prova vermelha tem conectado o polo negativo da bateria interna.

Nas provas de transistores, o leitor deve verificar isto previamente, pelo diagrama do aparelho.

Para o caso mais comum, em que a ponta vermelha corresponde o polo positivo da bateria interna, a prova de diodos semicondutores nos leva aos seguintes resultados:

a) Ligando a ponta de prova vermelha ao anodo e a ponte preta ao catodo com o multímetro na escala de Ω, x10 ou x100 deve-se ler uma resistência baixa. (figura 3)

 

Figura 3 – A medida de baixa resistência
Figura 3 – A medida de baixa resistência

 

b) Ligando a ponta de prova vermelha ao catodo e a ponta de prova preta ao anodo, com o multímetro na escala de Ω x10 ou x100 deve-se ler uma resistência alta. (figura 4)

 

Figura 4 – Resistência alta
Figura 4 – Resistência alta

 

Se nas duas leituras for verificada uma resistência baixa, o diodo se encontra em curto estando, portanto, inutilizado. Se nas duas leituras for verificada uma resistência elevada, o diodo se encontra aberto.

Estendendo essas provas aos diodos interligados correspondentes aos transistores, podemos usar o multímetro na escala de Ω x10 ou x100 para provar e mesmo identificar esses componentes.

 

A prova dos transistores

Tomemos como exemplo a configuração de diodos da figura 5 que equivale a um transistor PNP.

 

Figura 5 – Configuração equivalente
Figura 5 – Configuração equivalente

 

Perceba o leitor que, entre a base e o coletor temos um diodo, e entre a base e o emissor temos outro diodo. Deste modo, se ligarmos a ponta de prova vermelha ao anodo de ambos os diodos, o que corresponde á base, colocando a ponta de prova preta quer no terminal de emissor, quer no terminal de coletor deveremos, ler uma resistência baixa.

Do mesmo modo, se no terminal de base, colocarmos a ponta de prova preta, e a outra ponta de prova no terminal de coletor ou emissor, devemos agora ler uma resistência muito alta. (figura 6)

 

Figura 6 – Medida de alta resistência
Figura 6 – Medida de alta resistência

 

Com relação à medida de resistência entre o emissor e o coletor, ocorre o seguinte: neste caso, entre o coletor e o emissor, temos dois diodos em oposição, o que quer dizer que, qualquer que seja a polarização entre esses dois eletrodos, um sempre estará ligado no sentido direto e o outro sempre no sentido inverso.

Assim, a resistência verificada será sempre elevada.

Temos então a seguinte situação que pode ser considerada para qualquer tipo de transistor:

a) Resistência entre base e emissor: numa posição das pontas de prova deve ser baixa e invertendo-se a posição das pontas de prova deve ser alta.

b) Resistência entre base e coletor: numa posição das pontas de prova deve ser baixa e invertendo-se a posição das pontas de prova deve ser alta.

e) Resistência entre emissor e coletor: em qualquer posição das pontas de prova deve ser alta.

Agora, supondo que o multímetro seja do tipo que tenha o polo positivo na ponta vermelha, podemos fazer tabelas específicas indicando a resistência para transistores PNP e NPN.

1) Transistor NPN (figura 7)

 

Figura 7 – teste para NPN
Figura 7 – teste para NPN

 

Indicações diferentes das tabeladas indicam um transistor defeituoso. Uma leitura de resistência baixa onde deveria ser alta indica um transistor “em curto” e uma leitura de resistência alta onde deveria ser baixa, indica um transistor “aberto”

 

2) Transistor PNP (figura 8)

 

Figura 8 – Prova de transistor PNP
Figura 8 – Prova de transistor PNP

 

Perceba o leitor, que uma vez identificados os terminais de emissor, coletor e base de um transistor, pode-se facilmente verificar de que tipo é este transistor (PNP ou NPN) simplesmente por medidas de resistência. Do mesmo modo, se o leitor souber de que tipo é o transistor (NPN ou PNP), poderá com facilidade, descobrir pelas medidas quais são os seus terminais de emissor, coletor e base.

(Publicado originalmente em 1977)