O simples circuito que apresentamos pode ser usado na calibração de etapas de FI de pequenos rádios e, com pequenas modificações, também no ajuste das etapas de RF de receptores. Trata-se de aparelho de grande utilidade para os que pretende fazer reparações de aparelhos eletrônicos em geral.

Um gerador de alta frequência que produza um sinal na freqüência de 455 kHz, modulado em tom, pode ser de grande utilidade na reparação e ajuste de pequenos rádios transistorizados, receivers e outros aparelhos que recebem sinais na faixa de AM.

Estes aparelhos possuem uma freqüência intermediária de 455 kHz que precisa ser calibrada e isso, para maior precisão, exige o emprego de um gerador apropriado.

O gerador que descrevemos, em princípio, é ajustado para produzir esta frequência fixa, modulada em 455kHz, mas com o simples acréscimo de um capacitor variável, pode-se produzir outras frequências, servindo também para ajustes de etapas de RF (radiofreqüência)' de receptores, tais como a etapa de sintonia e a etapa osciladora.

O circuito é alimentado com quatro pilhas pequenas e apresenta um consumo de corrente muito baixo.

Sua utilização é bastante simples e a bobina, que é o componente mais crítico, pode ser adquirida pronta ou aproveitada de um rádio fora de uso.

 

COMO FUNCIONA

O aparelho tem duas etapas que exercem funções diferentes: a primeira consiste num oscilador de alta freqüência que tem por base o transistor Q2.

Neste circuito, o transformador de FI (T1) é responsável pela produção de um sinal de 455 kHz que corresponde justamente à freqüência intermediária dos rádios de AM, ou seja F.I.

A realimentação que mantém este oscilador em funcionamento vem do enrolamento secundário (pinos 5 e 4) que aplica o sinal à base do transistor.

Podemos usar praticamente qual- quer transformador de FI, se bem que os tipos preto e branco sejam os mais recomendados (cuidado para não confundir com a bobina vermelha dos radinhos que, na verdade, não são de FI, mas sim, osciladora e, portanto, não geram 455 kHz).

O sinal de alta freqüência é modulado por um áudio que é produzido pela outra etapa deste aparelho.

Esta etapa consiste num oscilador de relaxação com transistor unijunção onde C1 carrega-se através de P1 e R1 até o ponto de disparo quando então ocorre a descarga.

O resultado é a produção de pulsos numa razão que, dependendo do ajuste de P1, varia de 10 a 1 000 por segundo (10 a 10 000 Hz).

A freqüência de áudio deste sinal é aplicada ao emissor de Q2 de modo a produzir a modulação.

A alimentação do circuito é feita com 4 pilhas pequenas que proporcionam boa autonomia e uma intensidade suficiente para o sinal gerado.

 

MONTAGEM

Na figura 1 temos o diagrama completo do aparelho.

 

   Figura 1 – Diagrama do aparelho
Figura 1 – Diagrama do aparelho

 

Na figura 2 temos a disposição dos componentes numa placa universal de circuito impresso com padrão de matriz de contatos.

 

Figura 2 – montagem em matriz ou placa universal
Figura 2 – montagem em matriz ou placa universal

 

O transformador de FI é aproveitado de um rádio fora de uso podendo ser usado o da bobina branca ou preta.

Devemos soldar pedaços de fios descascados de 1 a 2 cm nos terminais da bobina de modo a facilitar seu encaixe nos furos da placa universal.

Os resistores são todos de 1/8 W ou ¼ W de tolerância normal (10 ou 20 %) e os capacitores podem ser de poliéster ou cerâmica. C3 e C4 preferivelmente devem ser cerâmicos.

O transistor Q2 pode ser qualquer NPN de silício de uso geral enquanto que Q1 deve ser obrigatoriamente um unijunção 2N2646.

O potenciômetro P1 pode ser linear ou Iog e seu valor não é crítico, influindo apenas na faixa de áudio dos sinais de modulação o que pode ser compensado pela alteração de valor de C1.

Para as pilhas deve ser usado suporte apropriado e para a saída de sinal, um par de bornes.

 

PROVA E USO

Basta ligar o gerador nas proximidades de um rádio AM comum, sintonizado em torno de 550 kHz (fora de estação).

Ajustando-se o núcleo da bobina devemos ter a captação de sinal.

Devemos ajustar o núcleo para um ponto em que aplicando-se o sinal da forma indicada na figura 3 tenhamos a captação em toda a extensão da faixa, pois este sinal não estará sendo sintonizado mas estará entrando pelas etapas de FI.

 

Figura 3 – Aplicando o sinal a um rádio AM
Figura 3 – Aplicando o sinal a um rádio AM

 

Outra forma é injetar este sinal no terminal de antena do rádio.

Para se obter uma freqüência variável para o gerador devemos ligar um capacitor variável entre os pinos 1 e 3 do transformador T1, conforme mostra a figura 4.

 

Figura 4 – Acrescentando um capacitor variável
Figura 4 – Acrescentando um capacitor variável

 

O núcleo da FI deve então ser ajustado para que tenhamos os 455kHz com o variável todo fechado.

Desta forma, com o variável todo aberto, teremos a cobertura de uma boa parte da faixa de ondas médias.

Em alguns transformadores de FI existe um capacitor interno em paralelo com o enrolamento primário.

Este transformador pode ser retirado para que o circuito alcance freqüências mais altas.

Para usar o aparelho, injete o sinal no receptor e ajuste os núcleos dos transformadores de FI para obter máximo volume de som no alto-falante.

Na figura 5 temos um circuito de rádio identificando-se os transformadores de FI.

 

   Figura 5 – Rádio AM transistorizado comum
Figura 5 – Rádio AM transistorizado comum

 

Para ajustar a bobina de antena e o transformador da osciladora e trimmers, devemos utilizar as freqüências da faixa de ondas médias, segundo procedimentos que podem ser encontrados em outro artigos deste site.

Q1 - 2N2646 - transistor unijunção

Q2 - BC548 - transistor NPN de uso geral

S1 - interruptor simples

B1 – 6 V - 4 pilhas pequenas

P1 – 100 k - potenciômetro

T1 - transformador de FI (ver texto)

R1 – 10 k - resistor (marrom, preto, laranja)

R2 – 470 Ω - resistor (amarelo, violeta, marrom)

R3 – 100 Ω - resistor (marrom, preto, marrom)

R4 – 22 k - resistor (vermelho, vermelho, laranja)

R5 - 6k8 - resistor (azul, cinza, vermelho)

R6 – 1 k - resistor (marrom, preto, vermelho)

C1, C4 – 47 nF (473 - 0,047) – capacitor

C2 – 22 nF (223 ou 0,022) - capacitores

C3, C5 -100 nF(104 ou 0,l) - capacitores

C6 – 10 nF (103 ou 0,01) - capacitor

Diversos: caixa para montagem, placa de circuito impresso, suporte de pilhas, botão para o potenciômetro, bornes de saída, fios, solda etc.