A prova de isolamento, em que resistências de dezenas de megohms já podem significar uma situação a ser revelada, precisa de tensões muito altas. Somente com tensões da ordem de centenas de volts é que podemos ter uma corrente suficientemente intensa para que, com tais resistências, um indicador possa ser acionado. O teste de isolamento que apresentamos opera com pilhas, mas a tensão de teste supera os 500 V o que lhe garante um excelente desempenho.
A resistência de dezenas de megohms entre dois condutores, entre um componente e seu invólucro, ou ainda entre um circuito e a caixa metálica que o aloja pode significar problemas que precisam ser eliminados com procedimentos apropriados.
Um caso doméstico em que a resistência de isolamento, quando reduzida a valores relativamente baixos podem significar perigo é num ferro de passar roupa ou mesmo num ferro de soldar.
No primeiro caso temos o perigo de choques em quem tocar no ferro e no segundo caso a queima de componentes delicados como transistores CMOS ou circuitos integrados durante sua soldagem.
O aparelho que propomos é um sensível teste de isolamento que opera com uma tensão muito alta, mas uma corrente extremamente pequena que não afeta a maioria dos aparelhos em verificação.
Funcionando com pilhas, ele gera em tomo de 600 V para acender uma lâmpada neon mesmo quando uma resistência da ordem de 50 MΩ é intercalada e até mais (figura 1).
O isolamento de pequenos capacitores, ou mesmo seu estado podem ser verificados além do cabo de alimentação, circuitos integradores, controladores, conectores, etc.
CARACTERÍSTICAS
Tensão de alimentação: 6 V
Corrente de consumo das pilhas: 100 mA
Tensão de prova: 500 V (tip)
Resistência máxima medida: 50 MegΩ (tip)
COMO FUNCIONA
Para gerar a alta tensão de prova a partir de pilhas comuns usamos um oscilador com dois transistores em configuração bastante conhecida. A freqüencia de operação deste oscilador está em torno de 400 Hz, mas pode ser alterada com a escolha apropriada do capacitor C1 e do resistor R1.
O sinal deste oscilador, cuja forma de onda é dotada de picos bastante agudos, é aplicado ao enrolamento de baixa tensão de um pequeno transformador de alimentação com primário de 220 V.
O resultado é a indução de uma alta tensão, que pela forma de onda do sinal será bem maior que os 220 V especificados para o enrolamento.
Na figura 2 observamos que a forma de onda gerada não é simétrica e que podem ocorrer picos maiores num semiciclo de que em outro.
Assim, como retificamos esta tensão com um único diodo, pode ser necessário inverter um dos enrolamentos do transformador no sentido de se obter a tensão mais elevada possível.
A alta tensão retificada para carregar um capacitor de poliéster que funciona como um reservatório de energia.
Esta alta tensão armazenada serve para alimentar o circuito de prova em que temos dois resistores de 2,2 MΩ junto as pontas de prova e que limitam a corrente no circuito externo, caso sua resistência seja muito baixa.
Estes resistores evitam que ao toque acidental nas pontas de prova ocorra a descarga do capacitor através de alguém o que causaria um choque bastante desagradável.
A lâmpada neon indicadora é ligada em série com este circuito.
Como a corrente de prova é extremamente baixa, além do isolamento podemos fazer a prova de capacitores de baixo valor e que tenham tensões de trabalho acima de 450 V.
Encostando as pontas de prova nos terminais destes capacitores, com valores na faixa de 47 pF a 100 nF, a carga do capacitor provoca uma piscada visível da lâmpada indicando que ele se encontra bom.
A duração da piscada será tanto maior quanto maior for o capacitor.
Se a lâmpada permanecer acesa num teste de capacitor, e sinal que mesmo com a carga (ou sem ela) flui uma pequena corrente entre as armaduras do componente, ou seja, existe uma fuga.
MONTAGEM
Na figura 3 temos o diagrama completo do provador.
A placa para a montagem é mostrada na figura 4.
O transistor Q1 é um NPN BC547 que tem uma tensão Coletor-Emissor relativamente alta, o que é importante dada a comutação rápida do circuito que gera pulsos que podem aparecer sobre este componente.
Já o transistor Q2 é um PNP de média potência que eventualmente precisará de um pequeno radiador de calor.
O transformador usado deve ter um enrolamento de 220 V e outro de 6 + 6 ou 7,5 + 7,5 V com correntes de 100 a 250 mA.
O capacitor eletrolítico C3 deve ter uma tensão de trabalho de 12 V ou mais, e C1 pode ser de poliéster ou cerâmico com qualquer tensão de trabalho acima de 25 V. Já o capacitor C2 deve ser obrigatoriamente de poliéster com tensão de trabalho de pelo menos 600 V.
A lâmpada neon é comum e os resistores são todos de 1/8 ou 1/4 W.
Para as pilhas pequenas ou médias deve ser usado suporte apropriado e as pontas de prova devem ser de cores diferentes para diferenciação de polaridade. A vermelha (PP1) será positiva em relação à preta (PP2).
Todo o conjunto poderá ser instalado facilmente numa pequena caixa plástica, conforme mostra a figura 5.
PROVA E USO
Basta colocar as pilhas no suporte e acionar S1. Deve ocorrer um pequeno zumbido no transformador, indicando as oscilações do circuito. Encostando uma ponta de prova na outra a lâmpada neon deve acender.
Se as oscilações ocorrerem, mas a lâmpada neon não acender quando as pontas de prova forem unidas, inverta um dos elementos do transformador.
Se não houver oscilações, verifique o circuito transistorizado. Ligando em lugar do transformador um alto-falante de 8 Ω deve ser produzido um apito fone.
O circuito também pode ser alimentado com tensão maior, mas em alguns transformadores pode ocorrer o faiscamento entre as espiras do enrolamento de alta tensão, o que deve ser evitado.
Para usar o aparelho, basta encostar as pontas de prova nos pontos entre os quais se deseja verificar o isolamento.
Só use o aparelho em equipamentos que possam suportar tensões elevadas de teste. Nunca o use em equipamentos que possuem transistores de efeito de campo ou circuitos integrados MOS.
Q1 - BC547 ou equivalente - transistor NPN de uso geral
Q2 - BD 136 ou equivalente - transistor PNP de média potência
D1 - 1N4007 - diodos de silício
NE-1 - lâmpada neon comum
S1 - interruptor simples
B1 - 6 V - 4 pilhas pequenas ou médias
T1 - transformador com primário de 110/220 V e secundário de 6 + 6 com
100 a 250 mA.
PPI e PP2 - pontas de prova preta e vermelha
R1 - 47 k Ω x 1/8 W – resistor (amarelo, violeta, laranja)
R2 - 1 k Ω x 1/8 W - resistor (marrom, preto, vermelho
R3 e R4 - 2,2 M Ω x 1/8 W – resistores (vermelho, vermelho, verde)
C1 - 100 nF - capacitor cerâmico ou poliéster
C2 100 nF/600 V - capacitor de poliéster
C3 - 100 µF x 12 V – capacitor eletrolítico
Diversos: caixa para montagem, suporte de pilhas, placa de circuito impresso, fios, solda, etc.