Os Diodos Controlados de Silício ou SCRS são encontrados numa infinidade de aplicações práticas, principalmente as que envolvem controles de potência. Como testar um SCR é algo que pode levar o leitor menos experientes a enfrentar dificuldades.
Os SCRs (Silicon Controlled Rectifiers) ou Diodos Controlados de Silício são componentes semicondutores da família dos Tiristores. Conforme mostra a figura 1 em que temos seu símbolo e estrutura, o SCR é formado por 4 camadas de materiais semicondutores, possuindo 3 eletrodos (comporta, anodo e catodo).
Um pulso positivo aplicado à comporta leva o dispositivo à condução, quando então correntes intensas entre o anodo e o catodo podem ser controladas.
O que testar
Para efeito de testes estáticos, com provadores de continuidade e multímetros, podemos considerar um SCR equivalente (em estrutura) a dois transistores ligados da forma indicada na figura 2.
Podemos então testar a continuidade de suas junções verificando se estão boas ou em curto.
No entanto, os melhores testes são feitos com circuitos apropriados inclusive usando o osciloscópio quando podemos visualizar sua curva característica.
Instrumentos Usados
* Provador de continuidade
* Lâmpada de prova
* Multímetro
* Circuito de teste
* Osciloscópio e circuitos associados
No uso da lâmpada de prova devemos apenas tomar cuidado para que a corrente aplicada não ultrapasse o máximo suportado pelo componente. Também é preciso verificar a tensão máxima do componente. Lembramos que para a série TIC o sufixo B indica uma tensão máxima de 200 V e o sufixo D uma tensão máxima de 400 V. Um SCR com sufixo B não deve ser testado numa lâmpada de prova alimentada por 220 V.
Os testes
Existem diversos testes comuns usados na comprovação de estados de SCRs de baixas e médias potências. A seguir descrevemos alguns desses testes.
1. Prova de Continuidade das Junções
O que se faz neste caso é verificar o estado das junções que podemos ter acesso e eventualmente descobrir se existe um curto geral entre o anodo e o catodo.
Partimos do circuito equivalente a dois transistores, observando que a única junção que pode ser provada diretamente com polarização nos dois sentidos é a existente entre a comporta (g) e o catodo (c) conforme mostra a figura 3.
Procedimento:
a) Coloque o multímetro numa escala intermediária de resistências (? x10 ou 0hms x100) e zere-o. Se for digital, use a escala de 2000 ? ou 20 000 ?. Para o provador de continuidade, basta colocá-lo em condições de uso.
b) Meça as resistência combinadas entre os terminais do SCR depois de fazer sua identificação. O SCR deve estar fora do circuito.
c) Compare as medidas obtidas com as mostradas na figura 5.127. Veja que apenas uma medida deve resultar em baixa resistência.
A figura 4 mostra os resultados das provas.
Interpretação dos Resultados
Se as medidas de resistências e continuidades forem as indicadas na figura 4, então o SCR provalvemente se encontra bom (esse teste não é definitivo). No entanto, se mais de uma resistência ou continuidade for baixa ou ainda todas as medidas forem de altas resistências então com certeza o SCR se encontra em curto ou aberto.
Observação
Observamos que para os SCRs de maiores potências, em princípio os testes também são válidos, mas a corrente de prova baixa dos multímetros pode falsear os resultados. Será interessante ter um SCR bom do mesmo tipo para fazer comparações.
A consulta à folha de características do componente pode ajudar neste caso.
2. Usando uma Lâmpada de Prova
O teste com uma lâmpada de prova simula o funcionamento do SCR, devendo o leitor contar com um resistor de 2k2 ?, um resistor de 22 k ? e um diodo 1N4004 para o caso de provas na rede de 110 V.
Só devem ser provados SCRs até 30 A com tensões de trabalho a partir de 200 V.
Para uma lâmpada ligada à rede de 220 V só devem ser provados SCRs com tensões de trabalho de 350 V ou mais e correntes na mesma faixa que no caso anterior.
A corrente de prova de diosparo será da ordem de 50 mA. Assim SCRs que precisarem de maior corrente de disparo não poderão ser testados com esse circuito.
O circuito de prova é mostrado na figura 5.
Procedimento
a) Inicialmente identifique os terminais do SCR ligando apenas a lâmpada e a alimentação. Deixe o terminal de comporta livre e conecte o circuito à rede de energia.
b) Depois, desligue por um instante a alimentação e conecte o diodo e o resistor de 470 ?.
c) Observe o que ocorre com a lâmpada.
Interpretação da Prova
Sem o diodo e o resistor de 470 ? no circuito, a lâmpada deve permanecer apagada. Conectando-se o resistor e o diodo a lâmpada deve acender com aproximadamente metade do brilho máximo (o SCR é um diodo e portanto um dispositivo de meia onda). Se isso ocorre, o SCR está bom.
Se ao colocar o SCR no circuito em o resistor e o diodo a lâmpada já acender com brilho máximo, o componente se encontra em curto. Se ao ligar o diodo e o resistor de 470 ? a lâmpada não acender, o SCR se encontra aberto.
Observação
Dependendo da corrente de disparo do SCR pode ser necessário reduzir o resistor para a realização dos testes. Se não houver o disparo com um resistor de 470 ?, tente um de 270 ? e até mesmo um de 150 ?.
3. Medida da corrente de disparo
Na figura 6 mostranos como implementar um simples circuito de teste para SCRs, principalmente os da série TIC e equivalentes até uns 30 A com correntes de disparo de até 20 mA para determinar sua corrente de disparo.
Procedimento
a) Identifique os terminais do SCR que vai ser testado, conectando depois o componente no circuito.
b) Coloque o potenciômetro na posição de mínimo. , Ligando o circuito, observe a lâmpada indicadora.
c) Depois, atue sobre P1 observando os indicadores e o momento em que a lâmpada acende..
Interpretação das Provas:
Para um SCR em boas condições, ao fazermos sua conexão ao circuito e ligarmos a alimentação, a lâmpada deve permanecer apagada. Se a lâmpada acender o SCR se encontra em curto. Alcançando a posição em que a lâmpara acende podemos ler no multímetro a corrente de disparo.
Os SCRs comuns têm correntes de disparo na faixa de 200 uA (série 106) até 20 ou 50 mA como outros da mesma série e de maior potência.
Observação
Neste caso podemos reduzir o resistor de comporta para testar um SCR que precise de maior corrente de disparo. Valores entre 150 ? e 330 ? podem ser experimentados.
4. Usando o Osciloscópio
Podemos usar o um circuito de teste para visualizar as condições de disparo de um SCR e assim também verificar o seu estado. O circuito para essa finalidade é mostrado na figura 7.
Nesse circuito simulamos no MultiSIm 9 um controle de potência convencional que o leitor pode montar na prática, sem precisar de um osciloscópio para SCRs com correntes de disparo até 50 mA e para a rede tanto de 110 V como 220 V.
Em série com o resistor pode ser ligado um potenciômetro de 100 k para controlar o brilho da lâmpada. Também pode-se substituir o Diac por uma lâmpada neon comum.
Para SCRs de menor tensão use uma fonte de corrente alternada apropriada. Nesse caso, o diac deve ser capaz de disparar com a tensão de teste
Procedimento:
a) Ajuste o osciloscópio para obervar sinais de 60 Hz com uma amplutude de aproximadamente 150 V.
b) Ligue o circuito da forma indicada de modo a ter as formas de onda mostradas na figura 8.
c) Alterando-se o valor de R1, deve-se obter a alteração do semiciclo do sinal conduzido.
Caso o SCR não se encontre em bom estado, essas formas de onda não serão obtidas. Algumas formas de onda indicando um SCR com problemas são mostradas na figura 8.
Observação
Esse circuito não se encontra isolado da rede de energia, por isso o máximo de cuidado deve ser tomado para que suas partes vivas não sejam tocadas ou entrem em contacto indevido com os equipamentos de teste.
Uma boa medida de precaução para se trabalhar com esse circuito de teste consiste no uso de um transformador de isolamento.
Conclusão
Existem muitas outras maneiras de se testar um SCR, dependendo de suas características.
Partindo do princípio de funcionamento desse componente não será difícil para o leitor imaginar testes apropriados e até mais completos.