O transmissor experimental que apresentamos nesse artigo têm um alcance que depende da antena e da faixa de ondas escolhida, além da sensibilidade do receptor. Ele pode ser usado em situações de emergência ou ainda como base para um trabalho escolar, demonstrando um dos meios de comunicação mais usados em tempos passados. O transmissor pode operar em qualquer frequência entre 3 e 30 MHz.

Um simples oscilador de alta frequência ligado a uma boa antena consiste num transistor de ondas contínuas ou CW (Continuous Wave). Interrompendo e estabelecendo o sinal, com a ajuda de um manipulador, podemos codificar as emissões e assim transmitir mensagens completas.

Assim funciona o sistema de transmissão telegráfica por ondas de rádio, muito usado há anos atrás, quando processos mais modernos ainda não existiam.

Hoje, existem processos mais modernos, mas isso não significa que um transmissor desse tipo deva ser completamente descartado. Além do aspecto didático, ele pode servir para situações de emergência.

Nosso projeto é de um transmissor que se baseia nessa tecnologia: um transmissor telegráfico que usa um único transistor, sendo capaz de operar na faixa de ondas curtas de 3 a 30 MHz. A frequência exata vai depender do receptor que o leitor vai usar e dos componentes básicos do projeto.

 

O circuito já inclui uma fonte de alimentação, mas nada impede que seja usada uma pequena bateria de 12 V ou mesmo um conjunto de pilhas médias ou grandes com tensão de 6 a 9 V.

 

A montagem é simples, o que o torna ideal como base de um trabalho escolar. Também é possível usá-lo como um sistema de comunicações "secreto" entre casas próximas, ou apartamentos.

 

Características:

Tensão de alimentação da fonte: 110/220 V

Tensão contínua necessária: 6 a 15 V

Faixa de frequências de operação: 3 a 30 MHz

Potência de saída: 1 W (aprox.)

Tipo de emissão: CW (Onda Contínua)

Receptor: qualquer rádio de ondas curtas

 

 

COMO FUNCIONA

Um transistor de média potência, BD135, BD137 ou equivalentes, é usado como oscilador de alta frequência. Essa frequência é determinada por L2 e pelo ajuste de CV1.

R1 e R2 polarizam a base do transistor e M1 controla essa polarização, habilitando o circuito e codificando a emissão. C4 proporciona a realimentação que mantém o circuito em oscilação.

O acoplamento da antena é feito via L3 e CV2. Em CV2 podemos ajustar o casamento de impedâncias entre o transmissor e a antena obtendo assim o maior rendimento na emissão.

A fonte de alimentação é formada basicamente por um transformador, que abaixa a tensão da rede de energia para 12 V. Dois diodos retificadores transformam a tensão alternada do secundário do transformador em contínua e, dois capacitores de filtro, filtram a tensão de modo a torná-la uma tensão contínua pura.

A tensão que obtemos nessa fonte é maior que 15 V, em vista da carga do capacitor com sua tensão de pico de secundário.

No entanto, como o circuito funciona com tensões de 6 a 15 V, e até um pouco mais, sem problemas, podemos até usar pilhas e bateria como fonte de energia. Não recomendamos o uso de pilhas pequenas ou baterias de 9 V pois, o consumo elevado do circuito, as esgotaria rapidamente.

 

 

 

MONTAGEM

Na figura 1 temos o diagrama completo desse transmissor.

 


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A montagem pode ser feita numa placa de circuito impresso comum, numa ponte de terminais ou mesmo numa placa universal. Na figura 2 damos uma sugestão de montagem numa placa de circuito impresso comum.

 


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L2 depende da faixa de frequências que deve ser gerada, assim como L3. Damos a seguir uma tabela com as características dessas bobinas:

Frequências

L2

L3

3 a 7 MHz

40 espiras

10 espiras

7 a 15 MHz

20 espiras

6 espiras

15 a 30 MHz

12 espiras

4 espiras

 

O fio usado é o AWG 26 ou 28 e a forma é um bastão de ferrite de 1 cm de diâmetro e comprimento entre 10 e 20 cm. CV1 e CV2 são trimmers comuns com capacitâncias máximas entre 20 e 70 pF. Para a faixa de 3 a 7 MHz pode ser necessários ligar dois trimmers em paralelo para se obter maior gama de ajuste.

O transistor deverá ser montado num radiador de calor.

A bobina L1 é formada por 50 a 100 voltas de fio AWG 28 ou mais fino num bastão de ferrite de 1 cm de diâmetro e de 5 a 10 cm de comprimento. Os resistores são todos de 1/8 W, exceto R3 que deve ser de 1 W.

Os capacitores C1 e C2 são eletrolíticos para 25 V ou mais, enquanto que os demais capacitores devem ser cerâmicos. Os diodos são 1N4004 ou equivalentes e o transformador tem enrolamento primário de acordo com a rede de energia. O secundário é de 12 + 12 V com corrente entre 800 mA e 1,2 A.

 

 

 

PROVA E USO

Para provar o transmissor, basta ligar nas proximidades um receptor de ondas curtas sintonizado fora de estação, numa faixa de acordo com a bobina usada.

Apertando M1 ajusta-se inicialmente CV1 até que o sinal, uma espécie de "sopro" seja captado. Não será preciso usar antena nem no receptor nem no transmissor, para efeito de verificação de funcionamento.

Comprovado o funcionamento, basta ligar o transmissor a uma boa antena e a um fio terra. Se for externa, a antena pode ser ligada com cabo coaxial. AJusta-se então CV2 para máxima intensidade de sinal, o que pode ser comprovado afastando-se com o receptor.

Se o sinal "sumir logo" pode ser que a emissão captada seja uma harmônica, ou seja, um sinal de menor potência e frequência múltipla gerada pelo transmissor.

Nesse caso, o ajuste de CV1 deve ser refeito, ou o sinal mais forte deve ser procurado na sintonia do rádio.

Uma antena mais simples, de menor rendimento, pode ser do tipo telescópico.

Nesse caso, o ponto T deve ser ligado à terra.

O melhor rendimento para o transmissor é conseguido quando se faz uso de um medidor de intensidade de campo.

Para operar o aparelho, o leitor deve conhecer o código Morse. Nele um toque curto representa um ponto e um toque longo um traço. Combinando pontos e traços, obtemos letras, números e símbolos gráficos. Qualquer enciclopédia possui esse código.

 

 

LISTA DE MATERIAL

 

Semicondutores:

Q1 - BD135, BD137 ou equivalente - transistor NPN de média potência

D1, D2 - 1N4004 - diodos de silício

Resistores: (1/8W, 5%)

R1 - 10 k ohms - marrom, preto, laranja

R2 - 5,6 k ohms - verde, azul, vermelho

R3 - 100 ohms - marrom, preto, marrom

Capacitores:

C1, C2 - 1 000 uF x 25 V - eletrolíticos

C3 - 10 nF - cerâmico

C4 - 100 pF - cerâmico

CV1, CV2 - trimmers - ver texto

Diversos:

S1 - Interruptor simples

T1 - 12 + 12 V x 800 mA a 1,2 A - transformador com primário de acordo com a rede local de energia

L1, L2, L3 - Bobinas - ver texto

M1 - Manipulador telegráfico

Placa de circuito impresso ou ponte de terminais, cabo de força ou bateria, fios, antena, solda, etc.

 

 

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