Baterias ou acumuladores de chumbo-ácido sulfatados podem ser recuperados com um pequeno aparelho que fornece um ciclo de carga e descarga controlada. Veja neste artigo como montar este aparelho e recuperar acumuladores que ficaram muito tempo fora de uso.
As placas de um acumulador de chumbo-ácido sulfatam quando este fica sem uso por muito tempo e por isso é levado à descarga completa.
Nestas condições o acumulador não aceita mais a carga, e mesmo que ocorra uma pequena carga ela se perde em pouco tempo.
O processo mais usado para recuperar um acumulador que chegou a este ponto, consiste em se fazer cargas e descargas rápidas durante um certo tempo de modo que o processo de sulfatação se reverta e as placas voltem às condições normais de funcionamento.
No entanto, a carga e descarga em ciclos controlados deve ser feita com cuidado, pois um excesso de corrente pode causar um problema ainda maior que inutiliza por completo a bateria ou acumulador: as placas se deformam ou mesmo racham.
Com o aparelho que descrevemos neste artigo os ciclos de carga e descarga rápidas podem ser feitos de modo controlado e automaticamente permitindo assim a recuperação de acumuladores de chumbo-ácido usado em carros ou mesmo motos, com 12 V de tensão.
Pequenas alterações no circuito permitem trabalhar com acumuladores para outras tensões.
Características
Tensão de entrada: 110/220 V
Tensão de saída: 13 a 15 V
Corrente de carga: picos de 5 A
Corrente de descarga: 0,5 A
Duração do ciclo: 1/60 segundo
COMO FUNCIONA
Nosso circuito simples consiste numa fonte de alimentação em que temos um transformador de enrolamento secundário único, de aproximadamente 21 Volts rms.
A tensão do secundário deste transformador é retificada obtendo-se pulsos de aproximadamente 35 volts de pico que então são aplicados a uma etapa reguladora com dois transistores de potência na configuração Darlington.
A tensão de referência para este regulador é dada por um divisor formado por R1 e um diodo zener de 15 a 16 Volts que determinará a tensão máxima na bateria em recuperação.
P1 determina o ajuste que fixará a corrente na bateria em recuperação, e que é monitorada pelo amperímetro.
A bateria é ligada ao circuito de forma a ser carregada, mas recebe apenas os semiciclos positivos retificados por Dl, de modo que temos a aplicação de pulsos de curtas duração com picos que chegam aos 5 A no ajuste máximo, conforme mostra a fig. 1.
![Figura 1 – A tensão retificada
Figura 1 – A tensão retificada](/images/stories/artigos12/art2199_0001.jpg)
Entre os semiciclos aplicados na carga, o acumulador se descarrega através do resistor R3 que, em função de seu valor, determina a corrente de descarga.
Valores entre 22 Ω e 27 Ω podem ser usados, fixando a corrente assim em torno de 500 mA.
O tempo de recuperação de um acumulador depende de seu estado podendo ir de algumas horas até mesmo dias.
MONTAGEM
Na figura 2, apresentamos o diagrama completo do aparelho.
![Figura 2 – Diagrama do aparelho
Figura 2 – Diagrama do aparelho](/images/stories/artigos12/art2199_0002.jpg)
Na figura 3, temos a disposição dos componentes, observando-se que não foi preciso usar placa de circuito impresso, já que são poucos os componentes que poderiam ser instalados neste elemento, se fosse empregado.
![Figura 3 – Aspecto da montagem
Figura 3 – Aspecto da montagem](/images/stories/artigos12/art2199_0003.jpg)
Evidentemente, dadas as intensidades das correntes principais, o uso de fios grossos em lugar da placa é até preferível.
Os resistores R2 e R3 devem ser de fio com pelo menos 5 watts de dissipação, enquanto Z1 é um zener de 1 W com aproximadamente 15V de tensão (podem ser ligados dois zeners de 400 mw e 7, 5V em série.
O resistor R1 é de 1/2 watts e os dois transistores devem ser dotados de radiadores de calor apropriados.
O diodo D1 é de 5A x 50 V ou mais, e o potenciômetro é comum de carbono.
O amperímetro, para menor custo pode ser do tipo ferro móvel , se bem que tenha menos precisão, serve perfeitamente para a aplicação em questão.
O transformador deve ter um enrolamento primário de acordo com a rede local e para a conexão da bateria em recuperação sugerimos o uso de cabos polarizados contendo garras nas extremidades.
Estes cabos serão fixados na ponte de parafusos de saída.
PROVA EM USO
Ligando-se o aparelho e ajustando-se P1 devemos ter uma corrente indicada no instrumento de 500 mA dada a presença de R3. Com a ligação de um acumulador na saída, estando o mesmo descarregado, a corrente deve subir chegando a picos de 5 A.
A tensão na saída deve chegar a um máximo de 13 a 15 V medidos com o multímetro, sem carga ou mesmo mais.
Comprovada a presença de tensão na saída, basta ligar o acumulador sulfatado e deixar o equipamento em ação durante períodos de 6 a 24 horas.
Depois disso, colocas-se o acumulador num carregador normal para verificar se houve a recuperação.
Q1 - TIP41 - transistor NPN de potência
Q2 - 2N3055 - transistor NPN de potência
D1 – 5 A x 50 V - diodo retificador de silício
Z1 – 15 V - diodo zener de 1 W
A - amperímetro 0 - 10 A
S1 - Interruptor simples
F1 - 1A - fusível
T1 - Transformador com primário de acordo com a rede local e secundário de 21 V x 5A
P1 - 470 Ω - potenciômetro
R1 - 470 Ω x ½ W – resistor (verde, azul, marrom)
R2 - 10 Ω x 10 W - resistor de fio
R3 - 27 Ω x 10 W - resistor de fio
Diversos: radiadores de calor para os transistores, caixa para montagem, terminais para conexão da bateria, cabo de alimentação, botão para o potenciômetro, fios, solda, suporte para o fusível, etc.